quinta-feira, 28 de maio de 2009

Que livro é você?

Dica do blog da nossa amiga Carolina Duarte, o LUSCA-FUSCA: no site do projeto "Educar para crescer", do grupo Abril, há um teste daqueles bem divertidos, que podemos fazer justamente naquelas horas em que não há mais absolutamente nada que mereça a nossa atenção. Responda 10 questões simples sobre sobre sociedade, a sua personalidade e relações humanas e descubra que obra você seria se fosse um livro! Eu fiz - veja no que deu (um clássico!):

Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis

Ok, você não é exatamente uma pessoa fácil e otimista, mas muita gente te adora. É possível, aliás, que você marque a história de sua família, de seu bairro... Quem sabe até de sua cidade? Afinal, você consegue ser inteligente e perspicaz, mas nem por isso virar as costas para a popularidade - um talento raro. Claro que esse cinismo ácido que você teima em destilar afasta alguns, e os mais jovens nem sempre conseguem entendê-lo. Mas nada que seu carisma natural e dinamismo não compensem.

- Memórias póstumas de Brás Cubas (1881) é considerado o divisor de águas entre os movimentos Romântico e Realista. Uma das expressões da genialidade de Machado de Assis (e de sua refinada ironia), há décadas tem sido leitura obrigatória na maior parte das escolas e costuma agradar aos alunos adolescentes. Já inspirou filme e peças de teatro. É, portanto, um caso de clássico capaz de conquistar leitores variados. Proezas de Machado.


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É, como dá pra ver ainda sobra espaço até para dicas no maior estilo "horóscopo". Aliás, seria bem interessante realmente se, ao invés de sermos guiados pelos astros e por signos do zodíaco, tivéssesmos nosso destino traçado de acordo com referências literárias. Coitado de quem fosse um "Dom Casmurro"...


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terça-feira, 12 de maio de 2009

"Trote nas universidades, como usá-lo?", de Bruna Madsen Carvalho

Durante o mês de Abril estudantes de diversas cidades do Rio Grande do Sul mobilizaram-se em torno do Concurso RedAÇÃO ZH, um concurso cultural promovido em parceria entre o jornal Zero Hora e o curso pré-vestibular Unificado. Como o próprio nome coloca, trata-se de uma oportunidade de exercitar a prática da escrita de texto dissertativo voltada ao vestibular. Neste ano o tema foi "O Trote nas Universidades" e 300 estudantes foram selecionados para a segunda etapa que se realizará no próximo Sábado, 16 de Maio, que trará uma proposta de produção textual totalmente nova. Deixamos aqui, então, a discussão literária (ou sobre ensino & literatura tão pontuada ultimamente neste blog) para divulgar a todos um desses textos selecionados: trata-se de uma estudante da rede privada da grande Porto Alegre, Bruna Madsen Carvalho, aluna do segundo ano do Ensino Médio da Escola Martinho Lutero, de Cachoeirinha - que eu, Vinicius Rodrigues, colaborador do Devaneio Literário (e professor da autora), trago aqui como forma de parabenizá-la imensamente por esta conquista. Um texto enxuto e objetivo que traduz uma necessidade de compreender algo que poderia ser tão distante de uma estudante como ela, mas que é passível de reflexão e tentativa de entendimento. Desejemos sorte à jovem nesta segunda etapa que virá!

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Há alguns meses atrás (mais especificamente em Fevereiro de 2009), aconteceram vários trotes maldosos na Universidade Federal de São Paulo, onde uma caloura grávida acabou sendo ferida por uma veterana de Pedagogia que usou creolina no trote; houve também outro caso, no qual um calouro foi submetido a beber álcool até desmaiar para que outros se aproveitassem da situação para bater no mesmo.
Eu, particularmente, não sou contra os trotes, sabendo usá-los com sabedoria, criatividade e sem ter intenção de machucar, tudo se torna fácil e mais divertido.
As perguntas são: para que humilhar, pisar, debochar dos calouros? O que leva os veteranos a fazer isso? Às vezes as influências de fora mexem com as nossas cabeças, temos que saber dividir o errado do certo. Machucar nossos colegas, que no futuro poderão ser nossos amigos... Não faz sentido!
Com relação ao trote solidário, sou totalmente a favor. Ao invés de nos submetermos a humilhações lastimáveis, porque não ajudar alguém que realmente precise? Pedir dinheiro no semáforo pode não ser tão humilhante se for para realmente ajudar quem precisa.
O trote solidário poderia ajudar várias instituições de caridade, assim fazendo com que muitos que estão tristes voltem a sorrir. Passar um dia na semana, durante um mês, com alguém que precisa de carinho deixaria todos muito mais satisfeitos. Essas e outras atitudes que realmente valem a pena deixariam os envolvidos muito mais felizes.

Bruna Madsen Carvalho

domingo, 3 de maio de 2009

A pauta do mês!

Já que a discussão em pauta é educação, tanto em nível mais genérico quanto em seu ambiente mais específico (diretamente ligada ao ensino vinculado à língua e à literatura), que tal refletir mais um pouco?

Nas últimas duas postagens, discutiu-se muito o papel do educador. Propomos, então, continuar esse debate ainda a partir do cinema e pensarmos um pouco mais sobre o papel do professor e como sua imagem é construída na sétima arte. E já que o devaneio, aqui, é, a priori, literário, vamos então dar uma breve olhada em alguns exemplos que sugerem o primordial lugar da linguagem e do texto no ensino em abordagens que, infelizmente, não refletem a crueza e o realismo de Entre os Muros da Escola, de Laurent Cantet, mas que, por outro lado, mostram-se também, ao seu modo, pertinentes para uma possível reflexão, tanto para educadores quanto para alunos, ainda que lidem com personagens pasteurizados em visões, muitas vezes, demasiadamente edificantes.

Vão aí alguns exemplos e fica o tema de casa: assistam!

- Sociedade dos Poetas Mortos, de Peter Weir

Um clássico moderno. Quem não se lembra do “captain, my captain” dos versos do poeta norte-americano Walt Whitman, tantas vezes referido nesta obra, é porque nunca entrou em contato com o Prof. Keating, brilhantemente interpretado por Robin Willians no seu, talvez, melhor e mais sereno momento no cinema. Todo professor de Literatura gostaria de ser John Keating. Trata-se de uma obra que se pauta pelo papel da transgressão sadia, da busca pelo autoconhecimento, da necessidade da mudança de perspectiva que deve motivar qualquer jovem, um recado também àqueles que desejam promover uma educação que realmente “toque” seus alunos. Mais do que um filme que somente trata do ofício do professor, Sociedade dos Poetas Mortos contempla, também, a busca por fazer a diferença e acreditar nas suas próprias convicções – o que pode ser facilmente piegas, mas que, na verdade, ganha muita força na direção segura e sem exageros do grande Peter Weir (diretor de obras fantásticas, como O show de Truman, o show da vida, Gallipoli e A Testemunha).


- Escritores da Liberdade, de Richard LaGravenese

Baseado numa história real, Escritores da Liberdade lida com o velho clichê “professor-inexperiente-cheio-de-boas-intenções chega a uma escola de periferia para trazer a paixão pelo saber e entra em choque com uma realidade que não conhece”. A partir dessa premissa, desenrola-se uma trama que compreende outros velhos dramas dos filmes “de escola”, como a descoberta, as dificuldades de desvinculação do mestre para com seus discípulos e os reflexos dessa experiência na vida pessoal de ambos os envolvidos. O que há de realmente interessante nessa obra, além da ótima performance de Hilary Swank como a professora novata, está nas abordagens desenvolvidas pela educadora para tentar acessar a realidade de seus alunos que, por mais que estejam ligados a universos que transpiram a marginalidade e a miséria, podem muito bem refletir-se no (des)interesse de quaisquer alunos, de quaisquer esferas sociais, bem como na (des)consideração dos educandos para com aqueles mestres que só desejam fazer o melhor trabalho possível. Ambos os aspectos são tratados de maneira bastante tocante no filme e são discutidos a partir de uma palavra que deve nutrir as práticas educacionais, elemento esse tantas vezes negado pelos membros das comunidades escolares: o diálogo.
Mais alguma dica? Lembrou de algum filme deste quase subgênero (o “filme de escola”) que lide com professores da área de língua & literatura? Fora esses, lembra de algum que tenha marcado você? Enquanto isso, ficam as sugestões do Devaneio Literário!