domingo, 3 de maio de 2009

A pauta do mês!

Já que a discussão em pauta é educação, tanto em nível mais genérico quanto em seu ambiente mais específico (diretamente ligada ao ensino vinculado à língua e à literatura), que tal refletir mais um pouco?

Nas últimas duas postagens, discutiu-se muito o papel do educador. Propomos, então, continuar esse debate ainda a partir do cinema e pensarmos um pouco mais sobre o papel do professor e como sua imagem é construída na sétima arte. E já que o devaneio, aqui, é, a priori, literário, vamos então dar uma breve olhada em alguns exemplos que sugerem o primordial lugar da linguagem e do texto no ensino em abordagens que, infelizmente, não refletem a crueza e o realismo de Entre os Muros da Escola, de Laurent Cantet, mas que, por outro lado, mostram-se também, ao seu modo, pertinentes para uma possível reflexão, tanto para educadores quanto para alunos, ainda que lidem com personagens pasteurizados em visões, muitas vezes, demasiadamente edificantes.

Vão aí alguns exemplos e fica o tema de casa: assistam!

- Sociedade dos Poetas Mortos, de Peter Weir

Um clássico moderno. Quem não se lembra do “captain, my captain” dos versos do poeta norte-americano Walt Whitman, tantas vezes referido nesta obra, é porque nunca entrou em contato com o Prof. Keating, brilhantemente interpretado por Robin Willians no seu, talvez, melhor e mais sereno momento no cinema. Todo professor de Literatura gostaria de ser John Keating. Trata-se de uma obra que se pauta pelo papel da transgressão sadia, da busca pelo autoconhecimento, da necessidade da mudança de perspectiva que deve motivar qualquer jovem, um recado também àqueles que desejam promover uma educação que realmente “toque” seus alunos. Mais do que um filme que somente trata do ofício do professor, Sociedade dos Poetas Mortos contempla, também, a busca por fazer a diferença e acreditar nas suas próprias convicções – o que pode ser facilmente piegas, mas que, na verdade, ganha muita força na direção segura e sem exageros do grande Peter Weir (diretor de obras fantásticas, como O show de Truman, o show da vida, Gallipoli e A Testemunha).


- Escritores da Liberdade, de Richard LaGravenese

Baseado numa história real, Escritores da Liberdade lida com o velho clichê “professor-inexperiente-cheio-de-boas-intenções chega a uma escola de periferia para trazer a paixão pelo saber e entra em choque com uma realidade que não conhece”. A partir dessa premissa, desenrola-se uma trama que compreende outros velhos dramas dos filmes “de escola”, como a descoberta, as dificuldades de desvinculação do mestre para com seus discípulos e os reflexos dessa experiência na vida pessoal de ambos os envolvidos. O que há de realmente interessante nessa obra, além da ótima performance de Hilary Swank como a professora novata, está nas abordagens desenvolvidas pela educadora para tentar acessar a realidade de seus alunos que, por mais que estejam ligados a universos que transpiram a marginalidade e a miséria, podem muito bem refletir-se no (des)interesse de quaisquer alunos, de quaisquer esferas sociais, bem como na (des)consideração dos educandos para com aqueles mestres que só desejam fazer o melhor trabalho possível. Ambos os aspectos são tratados de maneira bastante tocante no filme e são discutidos a partir de uma palavra que deve nutrir as práticas educacionais, elemento esse tantas vezes negado pelos membros das comunidades escolares: o diálogo.
Mais alguma dica? Lembrou de algum filme deste quase subgênero (o “filme de escola”) que lide com professores da área de língua & literatura? Fora esses, lembra de algum que tenha marcado você? Enquanto isso, ficam as sugestões do Devaneio Literário!

Um comentário:

Luís Fernando disse...

Lembrei de dois filmes mais clichês, que são mais voltados para a diversão: "Coach Carter" e "Escola do Rock". Bom post!