segunda-feira, 12 de abril de 2010

FESTIPOA - evento literário em Porto Alegre

 
 





Dia 20, terça, na Palavraria:
17h: Abertura: Cíntia Moscovich e Jacob Klintowitz conversam com Sergio Faraco sobre produção de contos e tradução.



18h30: Minimaratona Literária da CLL/SMC: leitura de contos do livro Dançar tango em Porto Alegre, de Sergio Faraco.



19h: Edgar Vasques conversa sobre literatura adaptada para HQ com o artista plástico e designer gráfico Fabriano Rocha e o escritor e artista gráfico Leandro Dóro



Dia 20, terça, no Café da Oca:
Das 20h30 às 23h30: Mostra artística Cabaré do verbo: Diego Petrarca, Lorenzo Ribas, Karine Capiotti, Petit Poa-RS, Rádio Putzgrila, Rodolfo Ribas, Rocartê, Projeto Floco.

Dia 21, quarta, na Letras & Cia:
14h: Edição especial do Papo de artista com Marcelo Spalding, Nanni Rios e Paulo Tedesco: “As artes e a literatura na era digital”. Na ocasião será lançada a revista online Expressões Digitais, coordenada por Nanni Rios, editora de arte digital do portal Artistas Gaúchos.



15h30: Leituras com Everton Behenck e Rodrigo Rosp.



16h: Debate com Simone Campos, Alexandre Rodrigues e Antonio Xerxenesky. Mediação: Luciana Thomé. Lançamento do livro Amostragem complexa, de Simone Campos (ed. 7Letras) e sessão de autógrafos com a autora.



18h: Pocket show com Bianca Obino.



18h30: Luis Paulo Faccioli, Luis Dill e Lima Trindade conversam sobre o conto na literatura brasileira contemporânea.




Dia 21, quarta, no Pé Palito Bar:
20h Lançamento da coletânea O melhor da festa volume dois.



21h: Baile das Artes: Samba Grego, Nelson Coelho de Castro, Petit Poa-RS, Guto Leite, Everton Behenck

Dia 22, quinta, no Espaço Cultural Casa dos Bancários:



17h: João Gilberto Noll lê trechos do livro Acenos e afagos.



18h: Nei Lopes lança Mandingas da mulata velha na Cidade Nova. E conversa com o professor Jefferson Tenório.

Dia 22, quinta, na Letras & Cia:
19h30: Lançamento do Campeonato Gaúcho de Literatura

Dia 22, quinta, na Sala Álvaro Moreira:



20h: Olhar de Ana Mariano sobre o mundo, a memória, o sexo e o amor: espetáculo com a atriz Sofia Salvatori, com direção de Margarida Leoni Peixoto



Dia 23, sexta, na Palavraria:
16h30: Marco Cena, Samir Machado de Machado e Clô Barcelos falam sobre a criação de capas para livro.



18h: Pocket show com Felipe Azevedo.



18h30: Jorge Furtado, Pena Cabreira e Juarez Fonseca conversam sobre letras de canções na música popular brasileira.

Dia 23, sexta, no Espaço Cultural Casa dos Bancários:
16h: Oficina de pintura de capas de papelão e confecção de livros com Lúcia Rosa (coletivo Dulcineia Catadora)



18h: Leitura Contos da vida breve, com Henrique Schneider.



18h30: Carlos André Moreira e Alcy Cheuiche discutem o romance histórico.

Dia 23, sexta, na Sala Álvaro Moreira:
20h: Leitura da peça Diálogos Espectrais, de Ivo Bender, com Luiz Paulo Vasconcellos, Júlio Conte, Giselle Cecchini e Diones Camargo

Dia 23, sexta, no Zelig:
20h30: Festa Sexta básica – dia do livro e do autor: Cristina Moreira, Leila Teixeira, Lima Trindade, Wladimir Cazé, Guilherme Darisbo, Duo HoffParú e Antonio Falcão e banda.

Dia 24, sábado, na Letras & Cia:
09h30: Grupo Nos Lemos (Manuel Estivalet, Bruno Brum Paiva, Janaína Quiroga, Nelson São Bento e Tina Gonçalves).



10h: Bárbara Lia, Wladimir Cazé e Laís Chaffe conversam sobre suas produções poéticas. Lançamento e sessão de autógrafo dos livros A última chuva, de Bárbara Lia e Macromundo, de Wladimir Cazé.

Dia 24, sábado, no Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano:
11h: Projeto Bate Boca Bom: Linhas de fuga e transmigrações da poesia de língua portuguesa: painel com Luis Serguilha e Ronald Augusto. Mediação: Liana Timm. Lançamento e sessão de autógrafo do livro Korso, com Luis Serguilha.



14h: Lúcia Rosa fala sobre o coletivo Dulcinéia Catadora. Lançamento e sessão de autógrafos dos livros Quatro quartos, de Monique Revillion e Duas palavras, de Altair Martins.



16h: Exibição de minimetragens do projeto Cidade Poema e leitura de poemas com autores convidados do projeto coordenado por Laís Chaffe.



16h30: A poética do mar: da poesia de Castro Alves à canção de Dorival Caymmi, poesia e música com Marlon de Almeida e Moisés Dornelles.



18h30: Vida e obra de Oliveira Silveira, com Jorge Fróes e recital de poesia com Vera Lopes e Grupo. Lançamento de antologia de poemas de Oliveira Silveira.

Dia 24, sábado, na Palavraria:
16h: Riobaldo e eu, a roça imigrante e o sertão mineiro: Luis Augusto Fischer conversa com José Hildebrando Dacanal.



17h30: Leitura Desacordo ortográfico, com Reginaldo Pujol Filho.



18h: Debate com Xico Sá, Cardoso e Cláudia Tajes. Lançamento e sessão de autógrafo de Chabadabadá – aventuras e desventuras do macho perdido e da fêmea que se acha, com Xico Sá

Dia 25, domingo, na Palavraria:
14h: Painel: Conto, imagem e construção do invisível, com Flávio Wild e Cássio Pantaleoni. Lançamento e sessão de autógrafo de Histórias para quem gosta de contar histórias, com Cássio Pantaleoni.



17h: Altair Martins conversa com Amilcar Bettega e Marcelino Freire.

Dia 25, domingo, no Ox/Ocidente:
20h: Festa de encerramento: Marcelino Freire, Altar Martins, Monique Revillion, bandas Bumblebee, Fapo e os humanóides e Suco Elétrico

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Contos Machadianos

Pessoal, aqui estão os três contos de Machado de Assis que são leitura obrigatória da UFRGS para 2011. É só clicar no link e baixar o texto.

Pai Contra Mãe
Capítulo dos Chapéus
Caso da Vara

Boa leitura.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Como falar? Como escrever?

É muito comum os alunos iniciarem o ano letivo - mais precisamento os alunos de cursos preparatórios para o vestibular - um pouco ansiosos. A gramática, normalmente, assusta a todos e eles gritam, sempre que possível: "Não sei nada de português". Descontruir essa ideia é muito difícil, mas necessário. Felizmente, a noção acerca dos conteúdos da disciplina "português" tem mudado e, possivelmente, os alunos, daqui a pouco, saberão que nem sempre dominar nomenclaturas gramaticais é sinônimo de "boa escrita".
Desde de cedo, vamos à escola e nos entopem de regras - ao menos foi assim comigo até o Ensino Médio, quando uma professora passou a priorizar a escrita, o desenvolvimento de ideias e de argumentos, bem como a expressividade artística-literária. Impossível? Acho que não. Ao menos deslocando a "ordem" do ensino de português, podemos criar mudanças. Se nas duas primeiras semanas de aula ditarmos regras e mais regras, os alunos odiarão ler e escrever. Acredito muito no ensino da grmática apartir do texto, a chamada linguística textual. Assim, parece-me, o educando fica mais seguro e tem oportunidade de ler e de criar sentidos.
Pois bem, deixando meus "achismos" de lado, dou voz a quem. de fato, tem autorização para falar: Marcos Bagno. O linguísta tem uma coluna na revista Caros Amigos e disponibiliza os textos no seu site - vale a pena!
Aí vai uma boa leitura:

A MALDIÇÃO DA NORMA CULTA
Marcos Bagno - Agosto de 2008
[A norma curta] não passa de uma súmula grosseira e rasteira de preceitos normativos saídos, em geral, do purismo exacerbado que, infelizmente, se alastrou entre nós desde o século XIX. A nomra curta é a miséria da gramática" - Carlos Alberto Faraco

Impossível calcular o estrago que o termo norma culta vem causando nos meios educacionais e, em geral, na cultura brasileira. Enquanto ele não for definitivamente jogado no lixo e incinerado, vai ser difícil examinar as relações entre linguagem e sociedade sob uma ótica serena e bem fundamentada. Por quanto tempo ainda teremos de viver sob a maldição da norma culta?
Embora alguns lingüistas usem esse termo com outros sentidos, a retumbante maioria das pessoas se refere à norma culta como um modelo idealizado de língua "certa", "bonita" e "elegante", que elas mesmas não sabem dizer onde, quando nem por quem foi estabelecido, mas que, apesar disso, merece toda a reverência do mundo, como se fosse uma doutrina sagrada, ditada pelo próprio Deus a seus profetas. Numa época em que se questiona tudo, em que se protesta contra toda forma de discriminação, contra qualquer prescrição no que diz respeito às relações sexuais, às crenças religiosas, aos modos de se vestir, de viver, de comer, de criar os filhos etc., em que a palavra diversidade impera, assim como a exigência de que ela seja respeitada e valorizada, é espantoso que só o uso da língua permaneça sujeito a uma regulação restritiva e tacanha. O dogma da infalibilidade papal virou piada, mas quase ninguém zomba dos dogmas gramaticais (mais velhos que a religião cristã). Por que os rótulos de "certo" e "errado" são abandonados, e até ridicularizados, em outras esferas da vida social, mas permanecem vivos e ativos quando o assunto é língua? Por que ninguém se dá conta de que a nebulosa norma culta é um produto humano e, portanto, imperfeito, falho e suscetível de contestação e reformulação? Impera na cultura ocidental uma concepção de língua tosca e burra, fixada trezentos anos antes de Cristo. Impregnados dos preconceitos da época, os primeiros gramáticos repudiaram todo e qualquer uso de língua que não fosse, primeiro, escrito (a fala, para eles, era um caos completo) e, não bastasse, escrito por meia dúzia de "grandes autores", todos mortos. Essa doença torpe se propagou nos últimos dois milênios e meio, a ponto de se tornar invisível para quase todo mundo. É com base nesse critério estúpido - a língua escrita dos "clássicos" - que se fixou, nas diversas nações, o modelo de "língua certa" que, no Brasil, atende pelo nome infeliz de norma culta. No caso brasileiro, a coisa é ainda mais cruel porque, fruto de processo colonial, nosso padrão idiomático se inspira numa língua escrita do outro lado do Atlântico, em outro hemisfério, em meados do século XIX. Por isso, não podemos começar frase com pronome oblíquo, nem usar "ele" como objeto direto ("eu vi ele"), nem dizer "prefiro mais X do que Y", nem "o filme que eu gosto", embora tudo isso constitua a gramática de uma língua autônoma, o português brasileiro, com mais de 500 anos de idade e 200 milhões de falantes (a terceira mais falada no Ocidente)! Até quando, meu pai Oxóssi?

quarta-feira, 24 de março de 2010

O Leitor

Seguindo as discussões da postagem anterior - o que é literatura -, podemos indagar: o que é o leitor? Quem é o leitor? Sabemos (ao menos eu acredito nisso!) que o texto só existe, realmente, se for lido. Sendo assim, esqueça as "redações" escolares, aquelas que iam do caderno para a gaveta do professor e tuinham seu fim no lixo! O texto precisa ser lido! Um salve, portanto, aos blogs, que disponibilizam, no mundo internet, inúmeros textos - os quais, talvez, não serão lidos, quem sabe como este que enuncio.

Importante, ainda, diferenciar o leitor literário do leitor prosaico, isto é, o leitor de revistas e jornais do leitor de romances, contos e poesias. Quais construções de sentido estão em jogo? O imaginário, o conhecimento de mundo, a mudança do olhar...

Para continuar a reflexão, convido Luis Antônio de Assis Brasil, um mestre, para dar sua opinião:


O LEITOR

Luis Antônio de Assis Brasil


Antes, falava-se em “leitores”. Nesse contexto cultural, Stendhal, em Do Amor, afirmou que escrevia para 100 leitores. Machado de Assis também falava em seus “leitores”, e de maneira bem explícita. O que era designado sempre no plural passou, a partir de certo momento da cultura, a ser tratado como único (o Leitor). Com isso, a palavra ganhou conotações enormes. Já não tratávamos de entes identificáveis, mas de uma personalização: o Leitor é esse ente humano (pois se comporta como tal), porém de existência abstrata, que carrega a espada da justiça a decretar se um livro é bom ou mau. E é para o Leitor que os escritores escrevem, embora muitos possam dizer que o fazem para si mesmos.
O assunto conduz diretamente à ideia do Leitor Ideal, que é diferente do Leitor sem quaisquer adjetivos. O Leitor Ideal é mimoseado com atributos positivos: inteligente, culto, honrado, informado sobre ciências ocultas e sobre o pensamento iluminista. Em especial, ele entende tudo o que o escritor quis dizer, o que é um salvo-conduto em meio ao campo conflagrado das letras.
Já o Leitor Comum é um ente das qualidades mais modestas, mais pálidas; é um pouco inseguro, um pouco desinformado, um pouco difícil de entender as coisas. Muitos escrevem apenas para esse Leitor Comum e, de concessão em concessão, trivializam seus textos com platitudes inomináveis, mas asseguradoras de boas vendas. Não sei o que pensarão naquele último minuto da existência, quando a vida toda passa como um filme de cinema mudo.
Seja Leitor Comum ou Ideal, o fato é que o escritor depende deles. São para eles que o escritor escreve, por eles o escritor dá sua vida, o melhor de seu tempo, sua paixão mais verdadeira, sua saúde e sua paz. Se o Leitor soubesse o calafrio que provoca nos escritores, seria bem mais compassivo e generoso do que já é.
Ao abrirmos um livro, pensemos muito antes de saltar suas páginas ou jogá-lo ao pó do fundo da estante: pois se há vários Leitores, o escritor sempre será um só, sempre concreto, sempre feito de sensibilidade, sangue, músculos e nervos.

--> Para aqueles que querem conhecer um pouco mais sobre o autor, indico uma entrevista, realizada pelo pessoal do jornal Rascunho, e o site oficial.

Pequeno trecho da entrevistas:

Incentivo à leitura
Eu acho que há um elemento absolutamente fundamental: o nível de vida das pessoas. No momento em que houver uma distribuição maior de renda vai se ler mais. Isso é natural. Todo país rico lê muito. A leitura ensina. Então isso tudo é um processo que deriva da condição de vida das pessoas. Claro, aqui no Paraná, no Rio Grande, em Santa Catarina, temos uma distribuição razoável de renda, temos a maior classe média do país, a que lê. Então me parece que esse dado é muito relevante. Mas há os atalhos. Eu acho que o caso do Rascunho é um exemplo típico do que forma o leitor. Isso claramente. Suplementos literários em jornais, tudo isso é muito importante. E nesse sentido as oficinas literárias constituem um dos mecanismos a mais na formação do leitor. Em 21 anos, passaram pela minha oficina 680 alunos. Eu fiz uma pesquisa, mas uma pesquisa realmente científica, tinha dois auxiliares de pesquisa. Dos alunos, 17% continuam escrevendo depois da oficina. Mesmo que não publiquem. E se a gente pensar que eu tenho, digamos, um número em torno de 60, 70, de ex-alunos que já publicaram livros, então são 10% que publicaram livros. Então a gente pensa assim: Bom, eu acho que é razoável. Acho bom, um nível muito bom. E os outros 90% se tornaram muito bons leitores. Então me parece que essas experiências de oficina de criação literária têm essa dupla face. Por um lado, podem formar escritores, mas sem dúvida, todos eles saem melhores leitores.

Boa leitura!

segunda-feira, 22 de março de 2010

O que é LITERATURA?

Calma, caro leitor, não pretendo, em uma simples postagem, resolver essa indagação que atormenta teóricos e preenche capítulos. Quero, apenas, socializar algumas reflexões e citar alguns trechos que podem auxiliar aqueles que se preocupam com essa discussão.
Uma das primeiras respostas refere-se ao USO da LINGUAGEM. A linguagem literária seria uma “violência organizada”, como disse um crítico, ou seja, prioriza o desvio do uso prosaico, cotidiano, para chegarmos ao estranhamento do leitor, isto é, o leitor é, inevitavelmente, levado a observar a linguagem disposta diante de seus olhos. A isso podemos das o nome de LITERARIEDADE.
Outro teórico afirmou que devemos modificar a pergunta: ao invés de “o que é literatura?”, poderíamos preencher “quando é literatura”, pois, assim, segundo ele, fugiríamos dos binarismos. De um jeito ou de outro, fato é que a literatura é uma disciplina curricular e que, infelizmente, muitas vezes, é apenas na escola que a conhecemos.
Quando a trajetória é essa, apresentam-nos, jovens adolescentes do Ensino Médio, a autores canônicos, os famosos nomes da HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA (modo que organizamos os períodos literários ao longo da linha histórica). Isso seria um problema? Muitas vezes, sim, visto que ler “Os Lusíadas” não é, de modo algum, uma tarefa fácil. Sendo assim, muitos futuros leitores sentem-se assustados e passam a odiar literatura – mesmo que ainda não a conheçam.
Literatura, portanto, não é apenas historiografia literária, conjunto de características somados ao período histórico; é, quem sabe acima de tudo, a experenciação da leitura, a FRUIÇÃO. É claro que para realizarmos esse ato de fruição, principalmente no âmbito escolar, é importante, sim, conhecermos estruturas de gênero (os gêneros literários) e constituições historiográficas. É pensando nessa realidade que um teórico afirmou: “literatura é aquilo que se ensina na escola”. No fim, a resposta à indagação inicial, o que é literatura, é quase esta – a escola determina o objeto literário.
Bom, a pretensão era iniciar reflexões e criar provocações. Nada de respostas! Para encerrar, cito dois trechos de Antonio Candido.

“Chamarei de literatura, de maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático, em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos folclore, lenda, até as formas mais complexas e difíceis das grandes civilizações. Vista desse modo, a Literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem encontrar em contato com alguma espécie de fabulação”.
Excerto do texto O Direito à Literatura, de Antonio Candido.

“A literatura tem uma função humanizadora, isto é, tem a capacidade de confirmar a humanidade do homem. (...) Um certo tipo de função psicológica é talvez a primeira coisa que nos ocorre quando pensamos no papel da literatura. A produção e fruição desta se baseiam numa espécie de necessidade universal de ficção e de fantasia, que decerto é coextensiva ao homem, pois aparece invariavelmente em sua vida, como indivíduo e como grupo, ao lado da satisfação das necessidades mais elementares. (...) Ela (a literatura) não corrompe nem edifica portanto; mas trazendo livremente em si o que chamamos o bem e o que chamamos o mal, humaniza em sentido profundo, porque faz viver”.
Excerto do texto A Literatura e a Formação do Homem, de Antonio Candido.
E pra ti, leitor, o que é literatura?

Leituras Obrigatórias UFRGS 2011

Neste ano a UFRGS liberou bem cedo a lista de leituras obrigatórias para o vestibular 2011. Pois bem, vamos à leitura! Minha sugestão é começarmos pelos autores contemporâneos - e deixarmos por último o Guimarães Rosa, pois é uma leitura de maior fôlego.
Sei que os alunos ainda não terão sido apresentados a toda a historiografia literária, mas não tem problema. Se começarmos com livros contemporâneos, leremos obras que possuem uma linguagem que dialoga conosco com maior facilidade.

OBRAS:

1. Basílio da Gama - O Uraguai;
2. José de Alencar - Lucíola;
3. Poemas de Álvaro de Campos, de Fernando Pessoa
( 1. Mestre, Meu Mestre Querido!, 2. Ao Volante do Chevrolet pela Estrada de Sintra , 3. Grandes S ão os Desertos, e Tudo é Deserto, 4. Lisboa com suas Casas, 5. Todas as Cartas de Amor São, 6. Ode Triunfal, 7. Lisbon Revisited (1923), 8. Tabacaria, 9. Aniversário, 10. Poema em linha reta );
4. Machado de Assis - Memórias Póstumas de Brás Cubas;
5. Contos de Machado de Assis - O Caso da Vara, Pai contra Mãe, Capítulo dos Chapéus;
6. Eça de Queirós - O primo Basílio;
7. Manuel Bandeira - Estrela da vida inteira;
8. Cyro Martins - Porteira Fechada;
9. Guimarães Rosa - Manuelzão e Miguilim (Campo Geral e Uma estória de amor);
10. Dias Gomes - O Pagador de Promessas;
11. Rubens Fonseca - Feliz Ano Novo;
12. Cristóvão Tezza - O Filho Eterno.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

"Leitura, evento ou processo formador de leitores", de Walmor Santos

O escritor e editor Walmor Santos traz abaixo uma reflexão que pode soar até repetitiva, entretanto, temos a obrigação, como cidadãos, de exercermos nosso olhar crítico sobre eventos que, em princípio, incitam à leitura como processo transformador, mas que, em muitos casos, são apenas mais uma desculpa para promoções mercadológicas que tornam o livro apenas mais um objeto de consumo, constituindo, assim, por assim dizer, eventos; sim, eventos de fato - não "de letramento", porém eventos sociais, literalmente -, ou seja mais voltados à ideia de aglomeração e festa do que propriamente um estimulante à prática de leitura. Além disso, há sempre essa dura realidade do analfabetismo funcional no Brasil que deve ser seriamente combatida, ainda que esse discurso soe repetitivo.

*

A crise na Educação passa pela leitura. Por quê?

Inegável, concordam todos, a leitura é ferramenta auxiliar para todas as matérias por trabalhar com a leitura, a interpretação e a escrita. E afirmam Prefeitos, Secretários de Educação e professores: é fundamental ensinar a ler.

Igualmente inegáveis são os péssimos índices de avaliação da qualidade da leitura nas escolas, como também os das avaliações diversas efetuadas pelos governos federal e estaduais.

Mas outra pergunta se impõe: Quando a Educação esteve melhor? O que ocorre, então, que justifique os índices deficientes?

Os saudosistas continuam afirmando que o passado, em relação ao presente, era muito melhor. Agarram-se em axiomas que não resistem ao mínimo argumento. E justificam com exceções de leitores ou de professores daquela época... Esquecem a terrível verdade que a boa educação no passado estava nas mãos de uma minoria. Da elite, claro.

Hoje, como nunca antes, os professores dispõem de ferramentas que antes jamais tiveram. Da Informática às oportunidades de qualificação propiciada por secretarias municipais, estaduais e pelo governo federal, presenciais ou à distância.

Mas que crise, então, existe? É exatamente essa qualificação proporcionada aos envolvidos com a Educação que dá novos parâmetros.

A crise está, pois, em se querer mais qualidade e acreditar que isso é possível. Porém, um dos calcanhares de Aquiles para uma Educação ideal passa pela leitura, ainda considerada como evento por grande parte do sistema educacional.

Eventos... muitos ainda realizam feiras e encontros literários como atividade circense, de pouco resultado na formação do leitor. Gasta-se muito com shows para atrair público à feira, mas que não faz compradores de livros e menos ainda leitores. Porém, verba para adquirir livros e os distribuir para a comunidade leitora inexiste (com exceções, é claro!).

E os autores se apresentam em eventos como ETs. Já que não foram lidos ninguém tem interesse em questioná-los ou em ouvi-los.

Leitura é processo. Ler é muito mais do que uma atividade esporádica, mais do que uma atividade festiva, sazonal.

Ler deve ser processo contínuo e permanente, que não dependa da vontade de poucos e heróicos professores, ou da caneta do prefeito. Ler é processo que exige o compromisso e o envolvimento de secretarias, direções, professores, pais e alunos.

Ler, ainda que ler seja processo prazeroso de transformação social, é atividade recriativa, não recreativa; com leitura e interpretação livre, embora inspirada pelo bom professor; Leitura e recriação em outras artes, pois a falta de criatividade é característica da maioria dos alunos egressos do Ensino Médio e que não conseguem contextualizar: o leitor, o livro, a família, a sociedade e as diferentes mídias; ler é formar cidadãos críticos...

Assim venceremos a realidade: este é um país com 3 analfabetos funcionais em cada 4 adultos... Muitos saíram da escola há pouco tempo.