tag:blogger.com,1999:blog-39934421861476349592024-03-05T19:54:04.468-08:00DEVANEIO LITERÁRIOCaroline Valada Beckerhttp://www.blogger.com/profile/09443038235437520651noreply@blogger.comBlogger65125tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-78971323543070327162013-07-30T12:08:00.004-07:002013-07-30T12:08:32.779-07:00Fernando Pessoa, heterônimos e "O Guardador de Rebanhos".<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">FERNANDO
PESSOA (1888-1935) </span></b><span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">é
um autor português do Modernismo, portanto, do início do século XX. Sua poética
está, pois, vinculada aos "<i>ismos</i>"<i> </i>vanguardistas.
Sua obra, no entanto, diferencia-se de todas as outras, pois forja os HETERÔNIMOS. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10.0pt;">Primeiramente, façamos um traçado da vida do autor: perdeu o pai e o irmão
muito cedo, a mãe casou-se novamente e mudaram-se para a África quando Fernando
tinha apenas 2 anos. Formado distante de seu país, iniciado e desenvolvido em
outra língua, o inglês, Pessoa aprende a natureza de sentir-se à margem do
mundo, sentimento que lhe infere a alma corrosivamente a ponto de não encontrar
sintonia na sociedade. Egressa para Inglaterra a fim de inserir-se na
universidade, mas não o aceitam e, de volta a Portugal, tentou cursar Letras,
mas desistiu. Engajou em duas revistas <i>A
Águia</i>, 1910, onde se revelou um ensaísta polêmico e <i>Orpheu</i>, 1915, criando o Orphismo, um movimento que desejava criar
uma arte cosmopolita, fortemente intelectualizada e que pudesse acumular dentro
de si todas as partes do mundo para tornar-se tipicamente moderna. As duas
produções não tiveram fôlego, pois, foi, individualmente, que o poeta se
projetou.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;">Em Pessoa, ele mesmo, sempre se sugestionou um grande </span><b style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;">descontentamento</b><span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;"> intimamente</span><span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;"> ligado à sua </span><b style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;">percepção de mundo — desencantada</b><span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;">.
Este </span><b style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;">tom melancólico</b><span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;"> o autor fez questão de guardar para si próprio na
figura literária que atendia pelo nome “Fernando Pessoa”, talvez por tratar de
temas que confrontavam o </span><i style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;">mundo real</i><span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;">.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;">Fernando Pessoa foi
um sujeito extremamente descontextualizado do mundo. Sentia-se assim e vivia
assim. Logo, criar outros de si próprio era uma forma de fugir do mundo para
encontrar-se, um processo doloroso de autoconhecimento que desafiava os limites
da esquizofrenia. É nesse processo criativo que se revela o </span><b style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;">eu-empírico</b><span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;">, o sujeito ideológico, do
cotidiano, que vive suas experiências mais mundanas, o oeta em si, o que cria e
dá vida ao </span><b style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;">eu-lírico</b><span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;">, o eu do poema,
o outro eu de si próprio. Por isso dividimos Fernando Pessoa em muitos: ele é
ele mesmo, o </span><b style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;">ORTÔNIMO</b><span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;"> (eu-empírico),
é suas personalidades literárias e, por fim, seus </span><b style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;">HETERÔNIMOS</b><span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;"> (eu-lírico) – Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de
Campos. Ser um heterônimo significa ser outra pessoa, ou seja, são construções
poéticas que existem como pessoas porque possuem biografia, profissão, nome
próprio e, o mais importante, estilo próprio, ou seja, cada um tem uma
percepção do viver, uma personalidade e, assim, uma estética, um fazer
literário só seu, uma digital artística. Então, vale lembrar que heterônimo não
é o mesmo que </span><b style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;">pseudônimo</b><span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; text-indent: 35.4pt;">, pois, este
último, possui apenas nome próprio, sem estilo e biografia próprios.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt;">Pessoa
se entende como um "poeta dramático" e considera seus heterônimos
como equivalentes a personagens teatrais. "</span><i style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt;">O ponto central da minha
personalidade como artista é que sou um poeta dramático; tenho, continuamente,
em tudo quanto escrevo, a exaltação íntima do poeta e a despersonalização do
dramaturgo. Vôo outro - eis tudo</i><span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt;">".</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt;">A
heteronímia é um ato de despersonalização, de tornar-se um outro, construindo,
assim, plenamente, a alteridade (processo cultural que nos identifica quanto
sujeitos no mundo). Como disse Pessoa, </span><i style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt;">Cada
grupo de estados de alma mais aproximados insensivelmente se tornará uma
personagem, com estilo próprio, com sentimentos porventura diferentes, até
opostos aos típicos do poeta na sua pessoa viva</i><span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt;">.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt;">Nos links abaixo, você encontrará slides com um breve resumo da obra de Fernando Pessoa, feitos pelo <b>professor Vinicius Rodrigues</b> e o texto integral de <b>"O GUARDADOR DE REBANHOS", DE ALBERTO CAEIRO</b>, considerado o mestre entre os heterônimos pessoanos:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt;">- </span><a href="http://www.4shared.com/office/qt-M041u/AULA_Fernando_Pessoa_RESUMO.html">http://www.4shared.com/office/qt-M041u/AULA_Fernando_Pessoa_RESUMO.html</a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt;">- </span><a href="http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/pe000001.pdf">http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/pe000001.pdf</a> </div>
Vinicius Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/10129842624675311469noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-77838058193678503952013-05-08T19:37:00.001-07:002013-05-08T19:37:49.655-07:00Aula sobre intertextualidadeAcesse o link para conferir o material elaborado pelo professor Vinicius Rodrigues sobre o conceito de intertextualidade - ao final, há também exercícios:<br />
<br />
<a href="http://www.4shared.com/office/aOEW1aWx/Intertextualidade.htm">http://www.4shared.com/office/aOEW1aWx/Intertextualidade.htm</a>Caroline Valada Beckerhttp://www.blogger.com/profile/09443038235437520651noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-83460595050666228162013-05-08T19:29:00.006-07:002013-05-11T14:04:27.495-07:00Pré-modernismoAcesse o link abaixo para fazer o download dos slides sobre o Pré-modernismo - com destaque para alguns dos autores regionalistas do período:<br />
<br />
http://www.4shared.com/office/cQMW5gW4/Pr-Modernismo.html<br />
<br />
Aproveite para ver uma antiga postagem aqui do DEVANEIO LITERÁRIO feita pela Caroline Becker sobre Jeca Tatu, o icônico personagem de Monteiro Lobato que se tornou figura marcante do imaginário nacional e que surgiu, igualmente, no período pré-modernista:<br />
<br />
<a href="http://www.devaneioliterario.blogspot.com.br/2008/09/monteio-lobato-foi-uma-personalidade.html">http://www.devaneioliterario.blogspot.com.br/2008/09/monteio-lobato-foi-uma-personalidade.html</a><br />
<br />Caroline Valada Beckerhttp://www.blogger.com/profile/09443038235437520651noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-60675206436630822912013-04-04T12:05:00.002-07:002013-04-04T12:05:31.571-07:00Aula sobre Vanguardas EuropeiasAos alunos dos professores Vinicius Rodrigues e Caroline Becker, segue um material que sintetiza as ideias das aulas sobre Vanguardas Modernistas na Europa - elaborado a partir de material produzido pelo artista plástico Lucas Strey, nosso parceiro. É só clicar no link para fazer o download do arquivo:<br />
<br />
<a href="http://www.4shared.com/office/kknlo8Rp/AULA_Vanguardas_europeias.html">http://www.4shared.com/office/kknlo8Rp/AULA_Vanguardas_europeias.html</a><br />
<br />
*Aproveite para conhecer os projetos, obras e propostas do <a href="http://atelierstrey.com.br/" target="_blank">Atelier Strey</a> e do <a href="http://realizeartecoworking.com.br/" target="_blank">Realize artecoworking</a>, do nosso amigo Lucas Strey.<br />
<br />
Vinicius Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/10129842624675311469noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-33120673780320924092013-04-04T11:58:00.002-07:002013-04-04T11:58:22.860-07:00Às margens da arte, muito perto das massas. <div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;">De Andy
Warhol a Jean-Michel Basquiat</span></b><span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;">, parece haver um caminho natural da <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">pop
art</i> dos anos 1960</b> à arte urbana que se manifesta contemporaneamente.
Junto disso, os próprios processos artísticos parecem igualar-se na forma como
conclamam por sua liberdade de estilo: se <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">latas
de sopa e imagens de ícones do cinema serigrafados com múltiplas paletas de
cores renovaram a arte moderna</b>, colocando em voga uma possível aproximação
com a cultura de massa, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">o grafite</b> que
se expressa nos muros das cidades de hoje manifesta, sem qualquer pudor,
influências que vão dos desenhos animados às <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">histórias em quadrinhos</b> de humor e os mangás.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;">Roy Lichtenstein</span></b><span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;">, um dos pais da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pop art</i>, já anunciava a atenção à comunicabilidade expressiva da
arte sequencial (outro nome dado às HQs) e seu conteúdo gráfico, expresso nas
explosões de cores e na hibridização de sua linguagem. Através de uma visão
crítica e irônica para com a arte sequencial, Lichtenstein antecipou o diálogo
entre a plasticidade das imagens dos quadrinhos com as artes plásticas. Hoje,
no entanto, tornou-se até comum ir a uma livraria com acervo de reconhecida
qualidade e enxergar belos encadernados luxuosos, com preços tão exorbitantes
quanto belas reproduções de quadros de pintores famosos; nesses espaços, os
quadrinhos flertam com “alta cultura”, com a “boa literatura” e ganham novos
públicos, na mesma medida em que recebem certa “permissão” para circular,
deixando de lado velhos tabus e preconceitos. Da mesma forma, muitos
grafiteiros deixaram a marginalidade e os guetos, saíram dos subúrbios das
metrópoles para invadir os museus e as grandes galerias do mundo todo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFqi12qb9NcxTvmK3foqyvUZ6QpBjvUTzsv3KMrKusXtrreWjeJoh7YzXBOyc1EkoWBQ63S2X8qD0ZEUtfn8TGspEDZ2kobDLOStVTE0cZOB_vXW7cwZRXJWo-1B1Et3ASryEwaXmAfAo/s1600/andy-warhol-marilyn11.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFqi12qb9NcxTvmK3foqyvUZ6QpBjvUTzsv3KMrKusXtrreWjeJoh7YzXBOyc1EkoWBQ63S2X8qD0ZEUtfn8TGspEDZ2kobDLOStVTE0cZOB_vXW7cwZRXJWo-1B1Et3ASryEwaXmAfAo/s320/andy-warhol-marilyn11.jpg" width="318" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Serigrafias de Andy Warhol (1967)</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtd15TZRiDfPP7wMs2VY1oC1WMoEPySByq7BcLGHj3CVl94Q0Noe0DoGQxQvxkleJHZJP69i_eKBcFGX17aefIE0SuDnqwyF-JTZidKOaDtTLyT7QbHXllcsO3ov6rYsAA6MidxSy3vuo/s1600/2006103000_lichtenstein1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="198" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtd15TZRiDfPP7wMs2VY1oC1WMoEPySByq7BcLGHj3CVl94Q0Noe0DoGQxQvxkleJHZJP69i_eKBcFGX17aefIE0SuDnqwyF-JTZidKOaDtTLyT7QbHXllcsO3ov6rYsAA6MidxSy3vuo/s200/2006103000_lichtenstein1.jpg" width="200" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSAOXqnTW4GF4ykqQpTJzHTqjJ7WnhU7mzwErLIgZVOGTY3owsraflSk3l5A847A9xK6HEMsdwmAGMuFEtLX6M2f4X1ZLzbywh4q78c2Z1KHPxWVE8uH4-3mp4MvNQtknGKcQMPqhQgAE/s1600/Basquiat+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSAOXqnTW4GF4ykqQpTJzHTqjJ7WnhU7mzwErLIgZVOGTY3owsraflSk3l5A847A9xK6HEMsdwmAGMuFEtLX6M2f4X1ZLzbywh4q78c2Z1KHPxWVE8uH4-3mp4MvNQtknGKcQMPqhQgAE/s200/Basquiat+2.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
"M-Maybe", Roy Lichtenstein (esq.) e obra de Jean-Michel Basquiat (dir.)</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;"></span><span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;">Como nos dizeres de
Nestor Canclini, grafite e quadrinhos são gêneros artísticos “constitucionalmente
híbridos”, tanto estruturalmente quanto à forma de recepção e circulação. E a
hibridização de métodos e processos artísticos é uma das máximas da arte
contemporânea. Nessa hibridização, fundem-se posturas e conceitos, diluem-se
noções antes estabelecidas que agora tornam-se <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fluidas</i> nos <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">diálogos
pós-modernos</b> – por isso, a permanente dificuldade de estabelecer as
tendências estéticas contemporâneas para além de discursos genéricos acerca da
fragmentação, da instabilidade, da <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">liquidez</i> dos tempos atuais</b>. Nesses
dois exemplos – grafite e HQs –, o movimento contemporâneo que os retira da
marginalidade (em comparação com outras manifestações já estabelecidas a partir
de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">noções de valor</b>), ao mesmo tempo,
estabelece um novo cânone, logo, novos valores para <i style="mso-bidi-font-style: normal;">determinadas </i>obras e autores dessas linguagens; a permissividade se
estabelece a partir de condições, portanto, arbitrárias, com isso, diluem-se
outras relações: por exemplo, se os quadrinhos estão atrelados à comunicação
massiva (pois surgem na <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">cultura de massa</b>),
hoje tal noção é colocada em xeque, pois tudo pode ser massivo, na mesma medida
em que pequenos públicos podem se formar em torno de artistas menores –
garantindo a sobrevivência profissional destes, sem a necessidade da
mecanização industrial; nas HQs, a relação de valor estético que se estabelece
entre determinados autores e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">graphic
novels</i> (rótulo editorial “da moda” que auxilia nesse processo de valoração),
segmenta os públicos a ponto de não os tornar, todos, objetos de grande
circulação, logo, a noção de cultura de massa, neste caso, desfaz-se.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;"></span><span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;">Se a ideia de cultura
de massa vem, também, historicamente, para diferenciar as <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">acepções acerca do que é “popular” (pois nem todo “popular” é o que é
consumível comercialmente, bem como nem tudo que é popular pertence somente ao
folclore ou à tradição)</b>, o grafite, no contexto do <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">hip hop</i></b> como movimento
cultural das zonas urbanas, bagunça isso ainda mais. Hoje ainda encarados com
preconceito por boa parte da população, os grafiteiros ocuparam a cidade e
também o mercado da arte contemporânea, sendo reconhecidos por sua
inventividade e gestos de profunda liberdade artística. Esse grafismo urbano
tem, também, algumas raízes históricas que ajudam a entendê-lo no momento em
que Jean-Michel Basquiat torna-se um artista realmente conhecido a partir dos anos
1980: há um gesto quase simbólico no momento em que Andy Warhol conhece Basquiat
e passa a ter sua amizade; é como se as artes houvessem trilhado um caminho
natural até chegar nesse ponto – das vanguardas à arte <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pop</i>, da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pop art</i> à <i style="mso-bidi-font-style: normal;">street art </i>(de Warhol a Basquiat).</span></div>
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgF4C4TM75KN6lrYuZeM51LzYULpsSXnXg2PhE7eRamZIBcMoGezsJr2Z1_4BiUXFwqKpAz5tAHKdAam8WRK6XSSTc5116SjR5CeSNWuum5jpZ59BQPMzsYT7kozDRmPWN2YNHfmLRzX4s/s1600/basquiat+grafiti.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="251" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgF4C4TM75KN6lrYuZeM51LzYULpsSXnXg2PhE7eRamZIBcMoGezsJr2Z1_4BiUXFwqKpAz5tAHKdAam8WRK6XSSTc5116SjR5CeSNWuum5jpZ59BQPMzsYT7kozDRmPWN2YNHfmLRzX4s/s320/basquiat+grafiti.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Grafite de Basquiat</div>
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;"></span><br />
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;"></span><span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;">É preciso notar,
contudo, que o grafite – para além de Basquiat – tem, ainda, um forte vínculo
com a cultura <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hip hop</i>, é um de seus “elementos.
O grafite e o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hip hop</i> “bagunçam” a
dicotomia do “popular” por não serem vinculados diretamente às noções
pré-estabelecidas no campo da arte com relação à massa ou à tradição; são, no
entanto, vinculados a elas de alguma forma: o grafite, por exemplo, é, a
princípio, uma intervenção urbana – em meio à multidão da metrópole, encontra a
massa, portanto; também, por outro lado, é igualmente vinculado a uma espécie
de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">tradição pictórica que vem desde as
pinturas das cavernas, passando pelas composições nas paredes de Igrejas, nos
vitrais, nas tapeçarias, chegando aos muralistas do século XX, como o mexicano
Diego Rivera</b>; ao mesmo tempo, seu <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">caráter
intervencionista</b> traz outro apelo frequente da arte moderna – um dos mais
prestigiados artistas contemporâneos, por exemplo, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Banksy</b>, usa e abusa desse conceito, usando tanto o pincel quanto o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">spray</i> nas ruas de Nova Iorque. O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hip hop</i> é a cultura que vem “da rua”,
“do gueto”, do subúrbio, enfim, para se manifestar nos grandes centros
metropolitanos e ser absorvida por todos; o que não impede que seus elementos
sofram movimentos constantes de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">“pasteurização”
</b>até chegarem à massa – ou de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">“intelectualização”</b>
para que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>sejam aceitos pela crítica e
nas altas esferas eruditas – consequências de sua absorção ou “exigências” para
tanto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihmbuiBV8kn-3OhiZwMEb_PzhTYmR-zl9xZP43nt9LZkBYgbmfAY1Ktn2er0TMQT71GHQKrkQiMPXayR3W4ELSPVNf9A3yd66FvsaZ01aYmMAHkW6Ue6M2rMwzZ4ImCB3kd2t9XsIe-zM/s1600/banksy_hiroshima.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="224" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihmbuiBV8kn-3OhiZwMEb_PzhTYmR-zl9xZP43nt9LZkBYgbmfAY1Ktn2er0TMQT71GHQKrkQiMPXayR3W4ELSPVNf9A3yd66FvsaZ01aYmMAHkW6Ue6M2rMwzZ4ImCB3kd2t9XsIe-zM/s320/banksy_hiroshima.jpeg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Obra de Banksy</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJsYvWAv1mfukhEZ4WzMET0oDznG6ctEQgI3DRGZEfey0yTL5t_BXWGpKFoFYiSoi2GYhruszbLAbHowvST5O-0uQJIh7X7SKeaKN57dtRvM9ZFeOJIdWDDT13ecEByUuthC7zLJbcamM/s1600/MURO.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJsYvWAv1mfukhEZ4WzMET0oDznG6ctEQgI3DRGZEfey0yTL5t_BXWGpKFoFYiSoi2GYhruszbLAbHowvST5O-0uQJIh7X7SKeaKN57dtRvM9ZFeOJIdWDDT13ecEByUuthC7zLJbcamM/s320/MURO.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Grafite d'Osgemeos.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwezPhYcwZMSGkc8A6PsPiwgqlQWPVQtPZTaK0rRnsTpcwI80dMWRkAxUwYIAEmxeOSNpWChFdEDscf6fXXpSYEI0Fe-jwqjloy1XHr7X4yA_ZmPU-O24fsmjC6VWDWvph37qn6C-JdoE/s1600/gemeos.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="343" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwezPhYcwZMSGkc8A6PsPiwgqlQWPVQtPZTaK0rRnsTpcwI80dMWRkAxUwYIAEmxeOSNpWChFdEDscf6fXXpSYEI0Fe-jwqjloy1XHr7X4yA_ZmPU-O24fsmjC6VWDWvph37qn6C-JdoE/s400/gemeos.png" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Grafite d'Osgemeos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 9pt;">Assim,
mais uma vez, como qualquer fenômeno artístico, as artes se transformam, na
medida em que seus públicos também se diversificam. Manifestações periféricas,
tidas como marginais, ou ainda outras, tratadas durante décadas como “cultura
menor” ou mero entretenimento devido a sua relação com a cultura de massa,
repentinamente, passam a ser “aceitas”, “permitidas”. As consequências disso
são importantes para a evolução dos fenômenos artísticos, para a formação de um
público que possa, enfim, sustentar, literalmente, os autores para que estes
continuem investindo na criação. O preço a se pagar por isso é, de fato – sem
querer ser redundante, mas já o sendo –, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">preço</i>:
a noção de valor que vem acompanhada disso, seja ela estética ou de mercado.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: center;">
</div>
Vinicius Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/10129842624675311469noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-74897737003339763812012-07-31T05:48:00.000-07:002012-07-31T05:48:50.728-07:00Arte, lixo e grana: um diálogo subversivo.<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">Você já viu o filme <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lixo
Extraordinário</i></b>? O imperdível documentário dirigido a seis mãos por Lucy
Walker, João Jardim e Karen Harley une vários discursos diferentes acerca da
arte. Em comum, tais discursos guardam como característica primordial a
capacidade de se articularem historicamente com as muitas transformações que a
arte e a recepção artística tiveram ao longo de centenas de anos e, ainda, o
caráter inconstante de suas perguntas que, ao invés de nos levarem a respostas
concisas, só nos encaminham para novos questionamentos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Isto
porque <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">arte, conceitualmente falando, é
expressão, é linguagem</b>, e – como sabemos –, não há instrumento identitário
mais poderoso do que a língua e a capacidade de articulação que o indivíduo tem
dentro dela. Metaforicamente, o artista expressa-se sempre com uma espécie de
“língua” própria, que denominamos estilo. Para o desenhista e para o pintor, o
traço representa a sua “identidade visual”; para o autor literário, sua
capacidade de articular temas e linguagem de uma forma que o identifique
textualmente representa seu estilo como escritor – como a ironia machadiana ou
a estrutura do texto de José Saramago, por exemplo. Trata-se de uma relação de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">“empoderamento”</b>: ser fluente e ter acesso
a essa “língua” é uma espécie de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">aquisição
de “capital simbólico”</b> (como diria o sociólogo Pierre Bourdieu), algo
perceptível também em outras áreas da vida, como na relação de um indivíduo com
o seu trabalho (na medida em que se reconhece como profissional de uma
determinada área) ou, ainda, na forma como mantém seu círculo de relações. Na
verdade, se bem observarmos, ao tematizar o trabalho dos catadores de lixo do
aterro sanitário do bairro Jardim Gramacho, na cidade de Duque de Caxias, no
Rio de Janeiro, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lixo Extraordinário</i></b> contempla, igualmente, essas duas relações
de empoderamento: o reconhecimento do próprio ser frente ao seu ofício (e de
que maneira tal ocupação relaciona-se com os interesses de sua comunidade) e o
poder de transformação que a arte tem para quem acessa ela, principalmente
quando a mesma parece tão distante para certas pessoas.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">Basicamente, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lixo
Extraordinário</i></b> trata dessas discussões ao lidar com dois temas, em
princípio, opostos, que são, neste caso, complementares: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">lixo e arte</b>, subvertendo o valor dado a tais conceitos na medida em
que os inverte constantemente de posição até o ponto em que se confundem
justamente por essa medida, o valor. Neste quesito, o critério de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">valor estético</b> poderia ser uma temática
a ser debatida mais profundamente no filme não fosse outra noção de valoração
que se nele se sobrepõe: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">o valor
financeiro</b>. O documentário chega a esse ponto da discussão ao mostrar a
jornada do mundialmente famoso artista plástico Vik Muniz em meio ao Jardim
Gramacho, recrutando catadores para servirem de modelos e assistentes de um
projeto que traz o lixo como matéria prima de um <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">processo de releitura de obras clássicas da pintura</b>; seu produto
final, as fotografias das reproduções dos quadros originais (feitas em larga
escala com materiais recicláveis extraídos do Lixão de Duque de Caxias), ao
serem leiloados com toda a pompa dos grandes leilões de obras artísticas,
tornam esses simples catadores reconhecedores de sua origem na medida em que
também se reconhecem como artistas em potencial. Neste momento, essas duas
formas de acúmulo de capital se encontram: o capital financeiro, tão importante
para a associação de catadores do Jardim Gramacho, não se torna maior ou menor
do que aquele denominado “simbólico”, mas sim equivalente – neste caso, essencial
para indivíduos que precisam enriquecer, igualmente, sua autoestima. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">No plano da arte
propriamente dita, Vik Muniz e seu projeto parecem ser, neste processo
registrado no documentário, catalisadores de inúmeras reflexões sobre o objeto
artístico que surgem na tela. Em primeiro plano, a noção de valor estético,
associada à confluência entre lixo e arte, parece ser a mais latente: o valor
que se dá ao lixo e o valor que uma obra artística pode adquirir. Outra relação
é com o processo de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">autoria</b>: o autor
do <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">conceito estético</b> é tão autor
quanto aqueles que manipulam os materiais ou participam da obra de alguma
forma? Em outro plano, no entanto, está a relação com a originalidade no
específico processo de releitura ao qual se propõe o artista: o lixo como
material para a <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">reprodução de obras
consolidadas no “cânone” das artes visuais</b> permite sua aceitação e
circulação irrestrita no meio artístico, nos grandes museus e galerias.
Naturalmente que associado a isso está o nome de Vik, que tem seu talento reconhecido
no mundo todo, todavia, seu trabalho (ou seu conceito) leva a uma questão
fundamental no campo das arte contemporânea, qual seja a de que, muitas vezes,
o que mais importa, atualmente, é a arte como processo, a submissão da forma
frente à riqueza da função, ou melhor, da intenção. Logo, um retrato nunca é um
mero retrato se, para pintar, o material utilizado é tão incomum quanto geleia
ou pasta de amendoim (para citar alguns experimentos do próprio Vik). No caso
de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lixo
Extraordinário</i></b>, o <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">processo de
composição</b> das reproduções dos quadros interage com seus participantes,
sábios conhecedores da matéria prima a ser utilizada (o lixo reciclável), que
acabam sendo protagonistas de algo que, de fato, ajudaram a criar. Assim como
na série </span><i><span lang="PT" style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; mso-ansi-language: PT;">Sugar Children</span></i><span lang="PT" style="font-family: "Tahoma","sans-serif"; mso-ansi-language: PT;">, onde o artista foi para uma
plantação de açúcar em St. Kitts para fotografar filhos de operários que lá
trabalhavam, fazendo após as reproduções das fotos com açucar sobre papel
preto, o conceito estético coloca-se em primeiro plano na medida em que há uma
imbricação de temas e processos; contudo, o produto final é também resultado de
um <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">processo criativo</b>, mesmo no caso
das obras vistas em </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">Lixo
Extraordinário</span></i></b><span style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">. <o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif";"><o:p> </o:p></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dzcMKnt1I2Y_3g9utHVkpubNq9qkafEoJVQGB04bic2dKPWUUcJVhAQRFcAl3_Vz3x7YGYnCNAWq3yG6RE' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">Etimologicamente, a
palavra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">arte</i>, em uma das muitas
acepções que teve ao longo da história, tem a ver com <i style="mso-bidi-font-style: normal;">técnica</i>; neste caso, o termo acabava designando o conjunto de
regras capaz de dirigir qualquer atividade humana. Tanto como na relação com a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">beleza</i>, percebe-se que há um pressuposto
de interação objetiva com o espectador: técnica apurada resulta em beleza,
tomando como parâmetro o que é “agradável aos olhos e ao espírito”.
Contrariando essas duas ideias canônicas sobre o objeto artístico, as
vanguardas europeias do final do século XIX (Impressionismo, Simbolismo) e
início do século XX (Futurismo, Surrealismo e, principalmente, Dadaísmo)
trouxeram uma grande contribuição para o campo da estética, qual seja a de que <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">a arte também representa a desacomodação e
o estranhamento</b>; somada a isso está a <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">reflexão
sobre a arte</b> – seus significados simbólicos e sua conceituação – a partir
do próprio objeto artístico (processo este que podemos associar à ideia de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">metalinguagem</b>). Com isso, até mesmo do
ponto de vista material, a arte se modificou e, com o tempo, apenas ampliou <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">o gesto provocativo de Duchamp ao colocar
um urinol numa exposição e lançar o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">read
made</i> </b>(o deslocamento conceitual de um objeto de seu contexto original,
transformado em arte a partir de uma intencionalidade artística). Vik Muniz,
por sua vez, está em uma outra “ponta” do processo, irrompendo a relação de
submissão da arte contemporânea ao ideal dadaísta de chocar e provocar sempre,
investindo em<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>processos artísticos
originais, atrelados, também, à reprodução figurativa e uma percepção mais
clara da mensagem. Vik, desta maneira, compõe a partir de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">processos híbridos</b> - outra constante no mundo contemporâneo das
artes. </span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif";"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">Contudo, o que parece
mais latente no trabalho de Muniz observado em <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lixo Extraordinário</i></b> se dá
na relação do artista com o mercado, um tabu constante para os artistas em
geral, que parecem, por um lado, ainda depender constantemente de práticas de
mecenato para sobreviver e, por outro lado, negar a importância de se inserir
num mercado consumidor (um comportamento que tem a ver, também, com o início
das vanguardas e sua relação conflituosa ao longo do século XX com o fenômeno
da cultura de massa). A postura subversiva de Muniz, neste sentido, está em
dialogar naturalmente com essa questão, reconhecendo, também, que não bastaria
apenas “invadir” e intervir no espaço daqueles indivíduos mimetizados em meio a
toneladas de lixo e fedor de chorume; por reconhecimento e consideração, eles
deveriam ser agentes da transformação do próprio objeto com o qual lidam,
traduzido em arte; deveriam, da mesma maneira, perceber o quanto a arte
transforma o ser na medida em que ele é participante ativo da mesma, quando ele
é capaz de, primeiramente, ser “falante” dessa “língua” tão especial e, enfim,
ser reconhecido por isso inclusive financeiramente, na medida em que circula
num meio que parecia ser tão distante. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">
</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">Fica a dica! Até porque,
o lixo “está na moda” – e é bem melhor ver esta pérola de documentário do que a
telenovela da Globo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">
</span></div>Vinicius Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/10129842624675311469noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-12562661074177035862012-04-06T07:38:00.008-07:002012-04-08T17:21:40.549-07:00O Poe nosso de cada dia<div align="justify">Resgatar antigas preferências é um hábito que gosto de preservar. Uma nostalgia quase romântica invade meu ser quando revejo, praticamente em todos os anos, por exemplo, a trilogia <em>De Volta para o Futuro</em>, que só fica mais genial com o passar do tempo; <em>Conta comigo</em>, outro "clássico" dos anos 80, ainda é um filme que também me emociona; outro dia desses também revi <em>O Clube dos Cinco</em>, do John Hughes e, exceto por uma sequência musical, trata-se de uma obra que, igualmente, ainda não é datada, pois fala de questões universais - uma prova disso é que teve uma <a href="http://oclubedoscinco.tumblr.com/">montagem para o teatro </a>recentemente, adaptando questões tão somente pontuais. Apesar das citações, apenas nasci nos anos 1980. Acabei, contudo, criando-me com referências como essas, tanto musicais quanto fílmicas, recheadas de penteados esquisitos e moda <em>new wave</em> - acho que tem a ver com o meu irmão mais velho e com a programação da "Sessão da Tarde" até a primeira metade dos anos 90. </div><div align="justify"> </div><div align="justify">Em casos diferentes dessa carinhosa nostalgia que sentimos, surgem outras formas de resgate, que demonstram a importância de preservar as sensações e lembranças do passado (e <em>no</em> passado) mesmo; nessas situações, a questão é que é melhor evitar resgatar para não estragar as boas memórias. Uma leitura que te emocionou na infância ou na adolescência, por exemplo, pode se mostrar frustrante anos depois, seja em questões técnicas, seja em seu conteúdo subjetivo - que pode acabar perdendo considerável força. Isso nunca aconteceu comigo quando o assunto foi <strong><span style="color: rgb(255, 102, 0);">Edgar Allan Poe</span></strong>. E tenho certeza que todos que se tornaram seus leitores devem ter a mesma sensação.</div><div align="justify"> </div><div align="justify">Acontece que recentemente houve uma convergência de necessidades: precisei eu ler Poe para uma cadeira do mestrado, justamente no mesmo momento em que trabalhava "Os Crimes da Rua Morgue" com meus alunos e produzia um artigo sobre a HQ <em>A Liga Extraordinária</em>, de Alan Moore e Kevin O'Neill, que cita o mesmo conto em sua narrativa povoada por outras intertextualidades; uma das leituras pra a cadeira consistia em "A Carta Roubada", outra história protagonizada pelo detetive Auguste Dupin de "Os Crimes da Rua Morgue", uma feliz coincidência que auxiliou no debate com a gurizada e na produção do artigo. A última vez que tinha lido Poe com atenção fora em 2009, na ocasião também devido à seleção de leitura para uma turma do primeiro ano do Ensino Médio. Fato é que 4 situações distintas se relacionam às minhas leituras mais ávidas de Poe: a primeira, aos 12 anos, quando ganhei do meu pai uma coletânea feita pela Ática, da coleção "Eu leio"; a segunda já na faculdade de Letras, no segundo semestre; na terceira ocasião, já era professor; a quarta é esta, em 2012, com 25 anos, onde convergem todas essas experiências: acadêmicas, profissionais e da "leitura por ela mesma", visto que ler o autor é sempre um convite que não vem limitado a somente um ou outro texto, pois Poe parece ser permanente (e necessário!).</div><div align="justify"> </div><div align="justify">Reler "A Carta Roubada" me fez querer, logo, retomar a leitura de "...Rua Morgue" antes mesmo do trabalho com os alunos, o que me fez reler outros contos, entre eles "O Poço e o Pêndulo", um dos meus preferidos. Engraçado que, na medida em que nossa maturidade como leitor cresce, crescem, igualmente, nossas expectativas e, sem dúvida, nos tornamos leitores mais chatos. Abri este conto na primeira página e pensei: "e se eu não achar ele tão bom?", afinal, há coisas no campo do fantástico, do terror e do suspense que podem soar tão ridículas, tão sem graça anos depois... E não é que ele ainda é ótimo! Que sensação agradável a de dizer que um escritor que fez muito sentido há tantos anos pode, ainda, suscitar a surpresa, bem como a constatação de sua genialidade e a felicidade por ter vivido uma experiência artística de imenso prazer.</div><div align="justify"> </div><div align="justify">E aí vêm aquelas outras constatações: apesar da frustração do (atenção:<em> spoiler</em>!) orangotango assassino de "Os Crimes da Rua Morgue", como é interessante notar que alunos de 14/15 anos têm capacidade de articular comentários tão perspicazes sobre um autor tão notavelmente genial e academicamente prestigiado. E as referências que eles próprios trazem tornam o autor ainda maior, mostram que ele foi capaz de introduzir elementos ainda recorrentes nas narrativas de terror, suspense e nas histórias policiais (foi só citar "O Poço e o Pêndulo" para alguém falar de <em>Jogos Mortais</em>, por exemplo - tudo a ver!). Isso mostra o quanto subestimamos, muitas vezes, essa gurizada; e mostra também a qualidade inquestionável de Poe! Edgar Allan Poe é eterno! É perene! E se ainda faz sentido, não só para mim, mas para outros que o experimentam agora pela primera vez, é porque suas criações têm algo além do normal, o que certamente o autor não deixaria passar: apontaria como uma "maldição", uma força sobrenatural - a humanidade está fadada a adorá-lo para o resto de sua existência, ou enquanto ainda existirem leitores; os que o leem, para sempre o lerão e para sempre se sentirão satisfeitos com suas ideias macabras, sinistras, teríveis, doentias, conflitando-se moralmente com tal prazer (o prazer sádico de "O Poço e o Pêndulo", por exemplo); ao lê-lo, você será, eternamente, seu seguidor e jamais conseguirá considerá-lo limitado, ultrapassado, medíocre, pois ler Poe significa nunca ficar indiferente.</div><div align="justify"> </div><div align="justify">Todo esse resgate de Edgar Allan Poe fez com que eu lembrasse de uma antiga adaptação de "O Coração Delator", um belíssimo curta metragem de 1953. Acredito que seja uma das melhores das muitas versões cinematográficas de suas obras - porém, uma das menos conhecidas. Trata-se de uma animação muito bem produzida, adaptada de um conto que traz situações exemplares das narrativas do autor - que, claro, eu não vou contar quais são (estamos falando de uma história de suspense, ora essa!), veja você mesmo, vale muito a pena (atenção: há um erro grotesco na tradução da legenda logo no início, pois afirma-se que se trata de uma "história real"; na verdade, o que se quer dizer é que a animação é baseada numa história originalmente escrita por Poe):</div><div align="justify"> </div><br /><br /><p align="center"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='445' height='284' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dwW6syPA94Ly7mzXaFQUd8pFa8GW_YzCMcjhHU6nuyRNGg96xvqJ2vLQT4ZTEUItyGpmnwhjeJSN_lhVpVuoA' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></p><p align="center"> </p><p align="justify"> *Neste ano, estreará nos cinemas o filme O Corvo, com John Cusack, que<br />traz Edgar Allan Poe às telas com uma proposta que lembra Os Irmãos<br />Grimm, de Terry Gilliam: o autor é agora personagem, dentro de uma história<br />que lembra muito suas próprias criações, principalmente as do campo policial;<br />Poe é o contista que conhecemos, auxiliando a polícia na investigação dos crimes<br />de um assassino que mata utilizando referências de suas histórias. O filme<br />apresenta o escritor a um nova geração, o que se espera que crie, também, novos<br />leitores. (Confira o trailer: <a href="http://www.youtube.com/watch?v=RYgthg-SR2M">http://www.youtube.com/watch?v=RYgthg-SR2M</a></p>Vinicius Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/10129842624675311469noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-64531632245719116572012-04-03T13:47:00.008-07:002012-04-03T14:09:04.959-07:00PastoreiosOlha só que legal!<br /><div align="justify"> </div><div align="justify">Um artigo escrito por mim, Vinicius Rodrigues, para a cadeira de Teoria e Crítica da Literatura Brasileira, do professor Luís Augusto Fischer, no Mestrado em Literatura Brasileira, acabou sendo publicado pelos <em>Cadernos do Insituto de Letras da UFRGS,</em> um dos periódicos acadêmicos de lá. Além da feliz publicação, Rodrigo dMart, um dos autores da obra analisada no artigo - a <em>graphic novel Um Outro Pastoreio</em> - tratou de repercutir o assunto no seu blog: </div><div align="justify"> </div><div align="justify"><a href="http://imaginaconteudo.wordpress.com/2012/03/16/graphic-novel-um-outro-pastoreio-chega-a-academia-de-letras-2/">http://imaginaconteudo.wordpress.com/2012/03/16/graphic-novel-um-outro-pastoreio-chega-a-academia-de-letras-2/</a></div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify">O artigo, intitulado<strong><span style="color: rgb(204, 51, 204);"> ""Não conto... Reconto!' <em>Um Outro Pastoreio</em> e o Sincretismo Narrativo",</span></strong> se propõe a discutir esta obra híbrida a partir das noções de tradição, recontagem e a herança carregada das referências de Simões Lopes Neto e da cultura afro-brasileira. A proposta estética do livro de Rodrigo dMart e Indio San possibilita uma leitura ampla de sua estrutura, o que o artigo acaba analisando como algo "sincrético". O trabalho de análise, bem como a própria obra, servem muito bem àqueles que curtem quadrinhos, narrativas gráficas, fábulas, enfim: boas histórias, em suma, bem contadas e, principalmente, ousadas. Segue o link do artigo:</div><div align="justify"> </div><div align="justify"><a href="http://seer.ufrgs.br/cadernosdoil/article/view/25316">http://seer.ufrgs.br/cadernosdoil/article/view/25316</a></div>Vinicius Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/10129842624675311469noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-35608300932118225292012-03-26T10:31:00.004-07:002012-03-26T11:29:08.723-07:00"Sobrevivente", de Yuri Flores Machado<div align="justify">Posto aqui um texto do amigo Yuri Flores Machado, vencedor da categoria conto no 6º Concurso Habitasul de Revelação Literária da Feira do Livro de Porto Alegre, em 2005. Trata-se de um texto literário recheado de metalinguagem, na medida em que usa a biblioteca como espaço para sua ação e traz referências à própria literatura - algumas explícitas, outras não. Leia e descubra!</div><div align="justify"><img class="gl_align_full" border="0" alt="Justificar" src="http://www.blogger.com/img/blank.gif" /></div><div align="justify"> </div><div align="center"> </div><div align="center">***</div><div align="justify"> </div><div align="center"> </div><div align="center">O Sobrevivente<br /><br /></div><div align="justify">Exerço o cargo de diretor da biblioteca central. Neste local conheci um homem que já trabalhava entre os livros há pelo menos vinte anos. Santelmo era um bibliotecário singular, com seus óculos de aros retangulares e lentes muito grossas que intensificavam o negrume dos seus olhos e também alongavam suas pálpebras. Estas pareciam duas espessas colchas sobre as órbitas oculares. Logo acima, duas sobrancelhas assemelhavam-se a duas baratas inertes. Completava o conjunto grotesco a cabeleira oleosa em revolta desde a primeira hora da manhã.<br /></div><div align="justify">Contudo, eu não podia reclamar de seu trabalho, à sua maneira ele resolvia os constantes problemas de uma grande biblioteca. Avesso a atalhos, os gestos de Santelmo eram excessivamente tortuosos, porém, permeados pela eficácia e sempre coroados com o êxito. Santelmo, logo eu descobri, era um amante dos livros e da humanidade que podemos extrair deles.<br /></div><div align="justify">Certo dia, sobre o mezanino da biblioteca, eu e o proprietário de uma empresa especializada no controle de pragas, observávamos os homens trabalhando no extermínio desses pequenos e indesejáveis inquilinos das bibliotecas, os insetos. Calados, supervisionávamos os movimentos dos exterminadores. Procurei com os olhos e mais uma vez enxerguei Santelmo agindo de modo extravagante. Nervoso e olhando para os lados, ele retirou um livro de uma estante e como se seu objetivo fosse furtá-lo, enfiou-o no bolso de seu sobretudo. A sua expressão era de triunfo, como se tivesse posto a salvo a civilização. Há bastante tempo eu me acostumara com as suas esquisitices e naquele instante não estranhei mais um dos esquetes de Santelmo e, com um sinal, solicitei que subisse até o mezanino. Apresentei Santelmo ao homem da empresa e este entendeu que era sua obrigação profissional entreter a mim e a Santelmo com uma palestra. Com um tom de voz acima do tolerável, o homem iniciou o seu discurso:<br /></div><div align="justify">- Pesticidas e venenos fazem parte do passado. Com esta nova técnica revolucionária de extermínio desses detestáveis seres de seis patas, os funcionários e usuários de bibliotecas não correm mais o risco de alergias e intoxicações. É um progresso sem precedentes no controle de pragas e infestações em ambientes fechados, e como todas as grandes invenções, o princípio é simples: com uma lona lacramos hermeticamente a estante e com uma bomba de sucção retiramos o oxigênio do seu interior, substituindo este precioso gás, imprescindível a todos os seres que respiram, por hidrogênio. Resultado: Todos os insetos mortos!<br /></div><div align="justify">Eufórico, o homem emitiu uma sonora gargalhada. Eu sorri complacente e até deixei escapar alguns risinhos cúmplices, afinal, realmente a técnica era eficiente e limpa. Santelmo soltou um suspiro, num misto de impaciência e irritação. Durante a explanação, verifiquei que o bibliotecário apresentava sintomas iguais ao de um vulcão na iminência de entrar em atividade, o que não tardou em acontecer:<br /></div><div align="justify">- Tecnólatras e suas técnicas revolucionárias. Criam necessidades artificiais para escravizar incautos. Foram algumas destas técnicas inovadoras que deram fim à vida de milhões de seres, inclusive seres humanos. Mas não... é o maravilhoso século XX, o século do progresso e da ciência. O senhor sabia que é este seu tecnicismo galopante que está transformando a Terra em uma imensa fornalha!?<br /></div><div align="justify">O dono da empresa ainda sorria com a boca levemente aberta e olhou atônito em minha direção, como que implorando que eu traduzisse as palavras de meu funcionário. Pedi licença ao homem e convidei Santelmo para um café em minha sala. Com diplomacia falei:<br /></div><div align="justify">- Santelmo, eu verifiquei a tua pasta e constatei férias vencidas. Ninguém aguenta ficar tanto tempo sem descansar. Não diga nada hoje. Segunda... Segunda-feira nós voltamos a conversar.<br /></div><div align="justify">- Férias? Não preciso de férias. Eu tenho muito trabalho. As pessoas vêm à biblioteca para utilizar microcomputadores, ler os jornais diários ou passar os olhos sobre essas revistas cheias de fotografias. Insisto que leiam algo que transcenda as suas vidas cotidianas e elas não me dão ouvidos. Estão embotadas. Este livro é um exemplo, permanece anos sem ser retirado.<br /></div><div align="justify">Foi então que Santelmo retirou o livro do bolso de seu sobretudo e mostrou-me, mas tal qual um ilusionista recolocou-o rapidamente em outro bolso, de modo que não identifiquei o título da obra. Ele prosseguia com suas lamentações: </div><div align="justify"> </div><div align="justify">- Sabe diretor, certos leitores me dizem que este livro não passa de pura fantasia. Como se isto fosse ruim! Como se a fantasia não tivesse mais lugar neste mundo. Mas eu não desisto, depois que esses exterminadores de insetos voltarem para as suas casas, ele retornará são e salvo para a prateleira.<br /></div><div align="justify">O bibliotecário virou as costas e desceu a escada caracol que liga o mezanino ao térreo. Os funcionários terminaram o extermínio e juntamente com o espirituoso antagonista de Santelmo despediram-se e foram embora. Ao final do expediente, noite fechada, avistei Santelmo da janela de minha sala. Ele provocava os motoristas, pedalando sua bicicleta em ziguezague entre os automóveis e era alvo de furiosos xingamentos.<br /></div><div align="justify">A biblioteca encontrava-se às escuras e a claridade disponível consistia apenas no brilho da iluminação pública que penetrava pelas vidraças e clarabóias. Havia uma espécie de penumbra fabulosa nos corredores da biblioteca central e pensei, então, na inabalável solidão que habita os livros, naqueles extemporâneos gabinetes de leitura, nos bustos dos escritores que jaziam pelos cantos da biblioteca e assim caminhei até o local onde repousava o misterioso livro. Espremido num claro-escuro da prateleira, lá estava ele, como que querendo se ocultar. Abri-o aleatoriamente em um capítulo.<br /></div><div align="justify">Tratava-se de uma célebre novela alemã e naquele instante, confesso, não compreendi o porquê da obsessão de Santelmo com o livro. Somente quando eu já esticava o braço para recolocá-lo na estante é que um inseto, com suas rápidas perninhas, percorreu-o de ponta a ponta, cruzou sobre o título da obra - A Metamorfose - e escondeu-se entre a orelha e a desgastada capa. Afobado, segurei o livro pela lombada e energicamente sacudi as páginas com o objetivo de desalojar o sobrevivente, mas ele escapou das minhas investidas, desaparecendo para sempre.<br /></div><div align="justify">Alguns meses após esse acontecimento, perdi meu funcionário mais competente, “aposentado por motivos de saúde”. Mesmo com as inúmeras petições enviadas à junta médica, infelizmente, não consegui reverter decisão tão injusta.<br /></div><div align="justify">Depois da partida de Santelmo, nos dias de desinsetização na biblioteca central, Gregor Samsa passou a encontrar refúgio no bolso interno do meu casaco.<br /></div><div align="center"> </div><div align="center">***</div><div align="center"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify">*Aproveitando o momento, quem aí já leu <em>A Metamorfose</em>? E outros escritos de Kafka? Comentem a respeito!</div>Vinicius Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/10129842624675311469noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-75517303134736530862012-03-20T10:09:00.002-07:002012-03-20T10:19:14.863-07:00Beats na tela grande e o filme que o cinema esqueceu - parte II<div align="justify">Hoje fui surpreendido por uma notícia muito legal: há outro filme sobre a geração <em>beatnik</em> sendo gestado! Será protagonizado por Daniel Radcliffe, o que certamente garantirá uma ótima visibilidade (e a quase certa exibição nos cinemas brasileiros). Muito legal mesmo! Mas ainda fica a imensa vontade de ver <em>Howl</em> - citado na <a href="http://devaneioliterario.blogspot.com.br/2012/03/beats-na-tela-grande-e-o-filme-que-o.html"><span style="color:#3333ff;">postagem anterior</span></a> -, visto que os filmes tratam de momentos diferentes: este da grande divulgação do movimento via Allen Gisnberg e seu poema-chave "O Uivo" e aquele dos momentos que antecederam a explosão criativa <em>beat</em>. Para todos os efeitos, o importante mesmo é retomar essa galera! (Seja com o Harry Potter, seja com a mina do <em>Crepúsculo</em> - hehehehe...)</div><div align="justify"> </div><div align="justify">*Segue aí a notícia na íntegra sobre <em>Kill Your Darlings</em>, o filme onde Radcliffe interpreta Ginsberg:</div><a href="http://omelete.uol.com.br/cinema/kill-your-darlings-veja-daniel-radcliffe-como-o-poeta-allen-ginsberg-nas-primeiras-imagens-do-filme/"><span style="color:#3333ff;">http://omelete.uol.com.br/cinema/kill-your-darlings-veja-daniel-radcliffe-como-o-poeta-allen-ginsberg-nas-primeiras-imagens-do-filme/</span></a>Vinicius Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/10129842624675311469noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-17052353732843491932012-03-19T10:57:00.002-07:002012-03-19T11:41:16.848-07:00Beats na tela grande e o filme que o cinema esqueceu.<div align="justify">Aproveitando a <a href="http://devaneioliterario.blogspot.com.br/2012/03/14-de-marco-dia-nacional-da-poesia-e-eu.html"><span style="color:#3333ff;">postagem anterior</span></a>...</div><div align="justify"> </div><div align="justify">Está para chegar aos cinemas - mas não sem antes circular pelos principais festivais do mundo - a aguardadíssima adaptação do romance de Jack Kerouac <em>On the road</em>. A grande obra da geração <em>beatnik</em> já vem celebrada antes mesmo de seu lançamento: com direção do grande cineasta brasileiro Walter Salles e um elenco fantástico (entre os quais Viggo Mortensen, o que eu mais quero ver, na pele do alter-ego do escritor William Burroughs). </div><div align="justify"> </div><p align="center"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dzz_LS93zOtf1Zi_j0MAB3Gy98OcP-ju5Y7sH2EU71qu3ed9Sld3bKv-Ktq7saETjWtjbFBljSTHWrnWa09tA' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></p><div align="justify"> </div><div align="justify">Em função do recente <em>hype</em> em torno da obra, visto que a "geração-<em>Crepúsculo</em>" já vai atrás loucamente em função da presença de sua musa, Kristen Stewart, no filme de Walter Salles, andam aparecendo novas publicações de Kerouac por aí: a L&PM continua soltando seu acervo, enquanto <a href="http://omelete.uol.com.br/quadrinhos/kerouac-hq-brasileira-retrata-vida-do-escritor-beat/"><span style="color:#3333ff;">a Devir lança uma biografia em quadrinhos do autor</span></a>. Dessa leva recente, a L&PM já publicou há algum tempo o "manuscrito original" de <em>On the road</em>, livre das supressões de nomes e uso de pseudônimos que o autor acabou usando em seu livro, afinal, <em>On the road</em> é um testemunho de uma geração e, de certa maneira, parte da própria história da cultura e da literatura <em>beat. </em>O romance de Kerouac, entretanto, para todos efeitos, é literatura - e da melhor qualidade; é ficção - pelo menos a princípio; é contrução de personagem - mesmo que seja fato que os escritores <em>beats</em> sabiam ser, realmente, ótimos personagens na vida real, por assim dizer (Kerouak sabia e fez disso o livro de uma geração, de várias gerações).</div><div align="justify"> </div><div align="justify">Mas a questão é que se <em>On the road </em>não é uma biografia, contudo (ainda que saibamos que tenha conteúdo autobiográfico), e sua adaptação certamente ocasionará uma retomada de sua leitura, outra obra recente do cinema também joga luzes sobre a geração <em>beatnik</em>, só que esta, porém, está inédita no Brasil - para nosso desespero: <em>Howl</em> conta a história da grande polêmica em torno do lançamento do poema "O Uivo", do outro grande "pai" da cultura <em>beat</em>, Allen Ginsberg - e que, na verdade, é quem realmente manteve o legado dessa geração durante os anos posteriores (servindo de grande referência para Bob Dylan, por exemplo). No final das contas, fiz esta postagem só para chegar aqui: tomara que <em>On the road</em> proporcione, também, a boa vontade de alguma distribuidora para lançar <em>Howl</em> no Brasil. Este não tem Kristen Stewart, mas tem James Franco, que parece estar ótimo como o jovem Ginsberg. </div><div align="justify"> </div><p align="center"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dxJtfh0VwrQXLrIn3_1KaYm8rOEgYlLVxzmmaAZ0X778cdrRto__tKK-ZrNL15HjUez6P-iojlZN7hvK-YF9g' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe><div align="left"> </div><p></p>Vinicius Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/10129842624675311469noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-10199526843038028452012-03-15T11:48:00.006-07:002012-03-15T13:53:56.434-07:0014 de Março, Dia Nacional da Poesia - e eu nem sabia...<div align="justify">Que relapso que eu sou! Nem sabia que ontem, dia 14 de Março, era Dia Nacional da Poesia. Bacana isso (não eu não saber, é claro). O mais bacana, entretanto, é a motivação da data. </div><div align="right"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify">Se foi por meio da postagem via Facebook da grande dama do Instituto de Letras da UFRGS Jane Tutikian que eu fiquei sabendo desta data solene (que não é tão solenemente celebrada como deveria ser), foi através de outra grande figura, o colega de trabalho e das Letras Yuri Flores Machado que pude conhecer a origem do negócio: deve-se ao dia do nascimento de Castro Alves, "o poeta dos escravos". Uma baita homenagem, sem dúvida, para um baita poeta, o melhor entre os românticos brasileiros, na minha opinião, que, mesmo que fosse só em função de "O Navio Negreiro", já mereceria todo o reconhecimento do mundo. Que grande texto! Que obra-prima! Alguém aí já ouviu a versão da Maria Bethânia (onde ela também canta "Um Índio", de Caetano Veloso)? Certamente que sim, por isso resolvi colocar uma outra leitura do poema, onde Bethânia, em parceria com Caetano, mais uma vez recita o poema; não tem o mesmo drama, mas o videozinho do Youtube traz várias imagens bacanas - muitas são pinturas e desenhos de época, inclusive com a presença de ilustrações de Debret, o pintor francês que andou pelo Brasil no início do século XIX e reproduziu muitas das cenas da vida cotidiana colonial:</div><div align="right"> </div><p align="center"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dy7tVTN1SQD6im178h1eUcn9Yt8Oh0huv4DTGEi_ZxsOu8wdHUlxZjHnBRLyWbWq8tD7fEuvqvKYt4uEa7hdQ' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe><div align="justify"> </div><p></p><div align="right"> </div><div align="justify">Mas o que eu queria dizer mesmo não era isso. Ao pensar sobre esse dia, fiquei tentando descobrir a partir de que momento a poesia teve presença mais especial na minha vida, afinal, para quem lida com a literatura - no nível acadêmico, como professor, escritor ou mesmo para quem somente aprecia, mas de forma realmente significativa -, essas coisas sempre têm uma motivação especial; parece que, em geral, o gosto não se forma espontaneamente, é preciso aquele momento de transcendência, aquela epifania louca onde o livro se abre e parece revelar todos os segredos do mundo; na prosa, sem dúvida, isso aconteceu comigo quando eu li o Bukowski pela primeira vez. Hoje eu nem acho o "dirty old man" tão bom quanto achava antes (eu tinha 15 anos - qualquer coisa cheia de palavrões me agradaria) e andei repensando isso justamente em outra data simbólica: na semana passada, quando do aniversário da morte do escritor, na Sexta, em pleno bar da Cidade Baixa que o homenageia. Porém, foi a leitura de Bukowski e quase toda a sua obra em prosa que havia disponível na época que me levou a John Fante, um dos grandes marginais da literatura norte-americana e dono de um estilo muito humano, verdadeiro e sutil. A partir disso, lembro que comecei a ficar obcecado com escritores que transpirassem esse tipo de "verdade" em sua literatura e que, de alguma forma, tivessem um comportamento tão politicamente incorreto quando Charles Bukowski...</div><div align="right"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify">...E eis que cheguei a Jack Kerouak; e esse que é um dos pais da literatura/cultura beatnik me levou a Allen Ginsberg, um dos outros pais; e, para a minha surpresa e absoluta igonorância juvenil, outro pai, o meu mesmo, tinha o grande clássico deste escritor na estante: "O Uivo" (uma edição da L&PM dos anos de 1980 que vinha acompanhado do poema "Kadish" e outros). Acho que a coisa começou a se desenvolver mais ou menos a partir daí... E de todos os poemas do livro - muitos totalmente lisérgicos, doidos - um ainda me emociona bastante:</div><div align="right"> </div><div align="right"> </div><div align="right"> </div><div align="right">"O peso do mundo</div><div align="right">é o amor.</div><div align="right">Sob o fardo </div><div align="right">da solidão,</div><div align="right">sob o fardo </div><div align="right">da insatisfação</div><div align="right"> </div><div align="right">o peso</div><div align="right">o peso que carregamos</div><div align="right">é o amor.</div><div align="right"> </div><div align="right">Quem poderia negá-lo?</div><div align="right">Em sonhos</div><div align="right">nos toca o corpo,</div><div align="right">em pensamentos </div><div align="right">constrói </div><div align="right">um milagre, </div><div align="right">na imaginação</div><div align="right">aflige-se</div><div align="right">até tornar-se</div><div align="right">humano - </div><div align="right"> </div><div align="right">sai para fora do coração</div><div align="right">ardendo de pureza - </div><div align="right">pois o fardo da vida</div><div align="right">é o amor,</div><div align="right"> </div><div align="right">mas nós carregamos o peso</div><div align="right">cansados</div><div align="right">e assim temos que descansar</div><div align="right">nos braços do amor</div><div align="right">finalmente </div><div align="right">temos que descansar nos braços</div><div align="right">do amor.</div><div align="right"> </div><div align="right">Nenhum descanso</div><div align="right">sem amor, </div><div align="right">nenhum sono</div><div align="right">sem sonhos</div><div align="right">de amor - </div><div align="right">quer esteja eu louco ou frio, </div><div align="right">obcecado por anjos</div><div align="right">ou por máquinas, </div><div align="right">o último desejo</div><div align="right">é o amor</div><div align="right">- não pode ser amargo</div><div align="right">não pode ser negado</div><div align="right">não pode ser contido </div><div align="right">quando negado:</div><div align="right"> </div><div align="right">o peso é demasiado</div><div align="right">- deve dar-se</div><div align="right">sem nada de volta</div><div align="right">assim como o pensamento</div><div align="right">é dado</div><div align="right">na solidão</div><div align="right">em toda a excelência</div><div align="right">do seu excesso.</div><div align="right">(...)"</div><div align="right"> </div><div align="right"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify">Lembro, também, que, como sempre foi de costume na minha vida, isso gerou outra obsessão meio nerd naquele momento: assim como acontecera com o Bukowski, resolvi ir atrás de outros poetas de estilo semelhante ao de Ginsberg; cheguei ao velho Walt Whitman, que na verdade era totalmente diferente. Todavia - de novo - via ali algo tão verdadeiro, tão sincero, que nem a metáfora mais brilhante conseguiria substituir...</div><div align="right"> </div><div align="right"> </div><div align="right"> </div><div align="right">"Vivas àqueles que levaram a pior!</div><div align="right">E àqueles cujos navios de guerra </div><div align="right">afundaram no mar!</div><div align="right">E a todos os generais</div><div align="right">das estratégia perdidas, </div><div align="right">que foram todos heróis!</div><div align="right">E ao sem-número dos heróis desconhecidos,</div><div align="right">equivalentes aos heróis maiores</div><div align="right">que se conhecem!"</div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify">Mas se a questão é falar sobre o Dia NACIONAL da Poesia, o que isso tudo significa? Bom, o que eu sei é que meu comportamento adolescente "pseudoliberal" daquela época me deixara muito preso a referências estrangeiras, principalmente as norte-americanas. Ok, eu era "do rock", usava camiseta de banda (ainda uso), tinha um cabelo comprido ridículo, horroroso (esse eu não uso mais, ainda bem); era normal esse vínculo. E como eu sempre tive uma certa tendência nerd, um conservadorismo disfarçado (como é particular a muitos jovens) não me fez ir muito além - até com relação ao Bukowski, demorei muito para constatar que sua grande obra estava mesmo era na poesia, não na prosa (pelo menos hoje eu acho isso). Mas lá pelas tantas eu cheguei ao Paulo Leminski - e aí sim é que a coisa ficou intensa. </div><div align="justify"> </div><div align="justify">Hoje, um dia após o Dia Nacional da Poesia, minha lembrança mais carinhosa sobre meu contato com a poesia está ligada a ele, o poeta curitibano que citava muitas das minhas referências como leitor aqui mencionadas em suas obras; e mesmo hoje, diferentemente de outros, este é o meu poeta preferido. Seja no ramo da poesia concreta, seja no poema-piada, seja no constante jogo de metalinguagem, enfim, por algum motivo este foi o poeta que eu escolhi... Há questões que vão muito além do <em>valor estético</em> e te tocam por dentro. A poesia de Leminski sempre fez isso comigo, sempre me trouxe uma sensação boa, mesmo que nunca precisasse ser transcendente - pra isso nós temos a Cecília Meireles:</div><div align="center"><br /> </div><div align="center">Motivo<br /><br />Eu canto porque o instante existe<br />e a minha vida está completa.<br />Não sou alegre nem sou triste:<br />sou poeta.<br />Irmão das coisas fugidias,<br />não sinto gozo nem tormento.<br />Atravesso noites e dias<br />no vento.<br />Se desmorono ou se edifico,<br />se permaneço ou me desfaço,<br />- não sei, não sei. Não sei se fico<br />ou passo.<br />Sei que canto. E a canção é tudo.<br />Tem sangue eterno a asa ritmada.<br />E um dia sei que estarei mudo:<br />- mais nada.<br /></div><div align="justify"> </div><div align="justify">Por outro lado, a visão bem mais sintética de Leminski também é legal:</div><div align="center"><br /> </div><div align="center">Razão de ser<br /><br />Escrevo. E pronto.<br />Escrevo porque preciso<br />preciso porque estou tonto.<br />Ninguém tem nada com isso.<br />Escrevo porque amanhece.<br />E as estrelas lá no céu<br />Lembram letras no papel,<br />Quando o poema me anoitece.<br />A aranha tece teias.<br />O peixe beija e morde o que vê.<br />Eu escrevo apenas.<br />Tem que ter por quê?<br /></div><div align="center"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify">No final das contas, acho que poucos conseguem mostrar de forma tão clara a questão da criação quanto ele mesmo:</div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="right"> </div><div align="right">“Seria demais, certamente, supor que eu não precise mais da realidade. Seria de menos, todavia, suspeitar sequer que a realidade, essa velha senhora, possa ser a verdadeira mãe destes dizeres tão calares”</div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify">Também em função de Leminski, comecei a abrir meus horizontes. Hoje, como leitor de poesia, não diversifico tanto o cardápio, mas muita coisa, de fato, entrou nele: Vinicius de Moraes, Quintana, Drummond, Pessoa. E é por essas e outras que Paulo Leminski é o meu homenageado de hoje e de sempre, mas principalmente de hoje, no pós-Dia Nacional da Poesia.</div><div align="justify"> </div><div align="justify">(E o teu, quem é? Qual é o teu poema ou poeta preferido? Quais são os versos que tu mais gosta? Escreve aí, dos meu!)</div><div align="justify"> </div>Vinicius Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/10129842624675311469noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-60808549049372950302012-02-12T16:09:00.002-08:002012-02-15T15:23:51.836-08:00"O Artista" e a metalinguagem<div align="justify"><em>O Artista</em> é um filme genial – e simplesmente imperdível! Fazia muito tempo que não me surpreendia tanto com um filme, e o mais interessante é que ele não tem quase nada que deva surpreender de fato. Explico: o filme de Michel Hazanavicius, basicamente, usa da referência (e da reverência) para contar a história de George Valentin, um astro do cinema mudo que testemunha o avanço da indústria cinematográfica com o advento do som, não conseguindo se adaptar a essa evolução. Num jogo frequente de metalinguagem, o diretor aposta em todos os códigos disponíveis para buscar uma identificação plena de seu filme com tal época. Neste sentido, o filme de Hazanavicius é, em grande parte, um culto àquele modelo industrial hollywoodiano que tomava corpo de forma significativa na década de 1920: desde os créditos iniciais aos movimentos de câmera, passando pelos cortes e pelo trabalho de expressão corporal dos atores (especialmente na forma de pronunciar as palavras), tudo faz parte de um universo facilmente identificável que certamente mereceu boa dose de observação por parte de seu diretor.<br /><br />Marcado pelo aspecto iconográfico da história do cinema, portanto, <em>O Artista</em> reforça uma tendência contemporânea nas artes que está ligada ao exercício frequente da metalinguagem. Ao contar tal história, a obra dá ao público a possibilidade de confrontar a mudança que serve de base ao roteiro, visto que o próprio filme é mudo. Naquela que talvez seja a grande sequência de <em>O Artista</em> (na minha opinião, genial), o protagonista “descobre”, por assim dizer, estarrecido, o som, e percebemos e compartilhamos, igualmente, o ponto de vista do artista que agora se vê deslocado e ultrapassado; a primeira cena também merece destaque: em um dos “filmes dentro do filme”, o personagem de George Valentin (vivido brilhantemente pelo ator francês Jean Dujardin, que reforça nas caretas de ator canastrão de cinema mudo), é torturado por um algoz que apenas pede para ele que fale. </div><div align="justify"> </div><div align="justify">A “imersão” proposta por Hazanavicius não é nova, nem mesmo em seu temática, mas sugere uma outra leitura para este que foi um momento tão delicado do <em>show business</em>, onde muitas celebridades, técnicos, diretores e roteiristas perderam seus empregos ao não conseguirem se adaptar a uma ruptura tão significativa, que de forma abrupta praticamente sepultou os filmes mudos em cerca de dois anos – o que acabou sendo agravado, também, pelo <em>crack</em> da bolsa em 1929 e pela consequente depressão norte-americana. <em>Crepúsculo dos Deuses</em>, de Billy Wilder, outra obra genial, também trata do tema, mas de forma muito mais soturna e realista; usa de uma estrutura narrativa moderna, ligada ao seu tempo, ao contrário de <em>O Artista</em>, que faz o oposto (a história do filme de Wilder, inclusive, usa de um artifício à época já conhecido dos leitores brasileiros: o narrador defunto); ao inserir sua narrativa num momento onde os filmes sonoros já estavam mais do que consolidados, Billy Wilder exercita sua metalinguagem também de forma diferenciada, escalando a atriz Gloria Swanson como sua “diva caída”, ideia dotada de uma brutalidade impressionante, visto que a própria atriz vivenciara o mesmo em sua trajetória (não tendo, porém, uma derrocada tão grande quanto sua personagem). Além disso, outras figuras relacionadas a esse período de transição povoam a história de <em>Crepúsculo dos Deuses</em>, como os diretores Erich von Stroheim e Cecil B. de Mille (este no papel dele mesmo), além de pequenas pontas de outras antigas personalidades do cinema mudo.<br /><br />Ainda que tão marcado pelo excessivo grau de metalinguagem, <em>O Artista</em> se sustenta pela qualidade de seu personagem central e, principalmente, pelo envolvimento do mesmo com a personagem vivida pela atriz Bérénice Bejo. Naturalmente, não se trata de uma obra totalmente autônoma em função disso, pois sua forte ligação com as referências da estética cinematográfica são grande parte de sua estrutura. Esse tipo de jogo metalinguístico está muito presente nas artes na contemporaneidade, não só na narrativa cinematográfica, mas também nos quadrinhos e, em grande parte, na literatura. Neste último caso, trata-se de uma tendência que pode estar ligada a, no mínimo, três aspectos distintos: 1) uma certa “crise” na narrativa contemporânea, que parece não se interessar mais pelas “grandes” histórias – pelas grandes sagas que povoavam a literatura do passado (nenhum juízo de valor aqui); 2) uma forte tendência à narrativa autobiográfica, que frequentemente se utiliza dos personagens-escritores; e 3) o interesse mais do que presente (e, aparentemente, necessário para certos autores) de colocar em primeiro plano a manipulação dos limites da linguagem no seu próprio campo artístico, além de discuti-la.<br /><br />Para além – ou aquém – de arroubos de criatividade de enredo, histórias mirabolantes e cheias de “trunfos” em sua narrativa, o uso da metalinguagem, em verdade, diverte. Arrisco até dizer que isso faz parte do forte grau de interação que todas as mídias e produtos artísticos parecem ter que carregar atualmente para terem destaque, onde, neste caso, interagir não está associado apenas ao conteúdo emocional e subjetivo. Propostas semelhantes ao filme de Michel Hazanavicius (que pode soar extremamente inovador para muita gente quando na verdade não o é) podem ser vistas em muitas outras obras de diferentes épocas e formatos, como o romance de Paulo Leminski <em>Agora é que são elas</em>, que li apenas recentemente, mesmo tanto tempo depois de conhecer bem a poesia deste autor que julgo brilhante. Uma espécie de “compêndio” de elementos da teoria da literatura tratados de forma paródica em uma narrativa um tanto caótica, o livro é uma diversão hilariante para quem domina certos elementos da área. Nisso, contudo, está sua limitação. Por outro lado, a proposta de um exercício de metalinguagem parece ser essencialmente esta: divertir e entreter iniciados, na medida em que também propõe algum grau de reflexão sobre o objeto artístico em discussão. Pode soar até pedante dizer isso: "iniciados", mas esta é a grande verdade nesses casos, onde quem não está familiarizado simplesmente não vê a mínima graça. Nesse sentido, para mim não há nada mais genial do que a obra do roteirista de histórias em quadrinhos Alan Moore: é visível em boa parte de seus livros o esforço por compreender os elementos estruturantes dos quadrinhos, principalmente no que tange a sua narratividade, seja no revisionismo do herói e do super-herói proposto em <em>Watchmen</em>, seja ao contemplar a tradição literária na série <em>A Liga Extraordinária</em>, uma vez que percebe nesta tradição, também, aquilo que, por sua vez, construiu o personagem de ficção nas HQs. O cinema de Quentin Tarantino e os filmes de Brian de Palma, por exemplo, são outras manifestações claras de que, paradoxalmente, a originalidade e a criatividade encontram-se na forma de juntar as peças de um mosaico de referências. Em grande parte, esta postura estética é, também, uma necessidade de entender o veículo com o qual se está lidando e os aspectos que envolvem a criação - e este, parece-me, é o ponto central de <em>O Artista.</em><br /><br />Acredito que o que mais interessa nesse tipo de tendência é a forma como tais obras parecem transpirar paixão por aquilo que discutem através de suas ligações internas e externas. E talvez seja isso que realmente importa: seja em tom de homenagem ou até mesmo a fim de desconstruir, há que se ressaltar que o exercício da metalinguagem exige um entendimento mínimo da mídia sobre a qual o objeto se sustenta; quando no primeiro caso - a homenagem -, entretanto, temos obras como <em>O Artista</em>, que está carregado de algo que falta a muitas histórias mirabolantes, virtuosísticas tecnicamente ou mesmo pretensiosas (esteticamente ou intelectualmente falando): é um filme com alma – e talvez só por isso mereça ser visto e revisto.</div>Vinicius Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/10129842624675311469noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-19996974277037441652012-01-19T11:07:00.000-08:002012-01-19T11:51:54.275-08:00"O Apanhador no Campo de Centeio": meu livro, minha narrativa de formação em todos os sentidos.<!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> <w:trackformatting/> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:donotpromoteqf/> <w:lidthemeother>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:lidthemeasian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:lidthemecomplexscript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> <w:splitpgbreakandparamark/> <w:dontvertaligncellwithsp/> <w:dontbreakconstrainedforcedtables/> <w:dontvertalignintxbx/> <w:word11kerningpairs/> <w:cachedcolbalance/> </w:Compatibility> <m:mathpr> <m:mathfont val="Cambria Math"> <m:brkbin val="before"> <m:brkbinsub val="--"> <m:smallfrac val="off"> <m:dispdef/> <m:lmargin val="0"> <m:rmargin val="0"> <m:defjc val="centerGroup"> <m:wrapindent val="1440"> <m:intlim val="subSup"> <m:narylim val="undOvr"> </m:mathPr></w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" defunhidewhenused="true" defsemihidden="true" defqformat="false" defpriority="99" latentstylecount="267"> <w:lsdexception locked="false" priority="0" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Normal"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="heading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="35" qformat="true" name="caption"> <w:lsdexception locked="false" priority="10" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" name="Default Paragraph Font"> <w:lsdexception locked="false" priority="11" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtitle"> <w:lsdexception locked="false" priority="22" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Strong"> <w:lsdexception locked="false" priority="20" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="59" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Table Grid"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Placeholder Text"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="No Spacing"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Revision"> <w:lsdexception locked="false" priority="34" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="List Paragraph"> <w:lsdexception locked="false" priority="29" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="30" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="19" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="21" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="31" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="32" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="33" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Book Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="37" name="Bibliography"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" qformat="true" name="TOC Heading"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-priority:99; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin-top:0cm; mso-para-margin-right:0cm; mso-para-margin-bottom:10.0pt; mso-para-margin-left:0cm; line-height:115%; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:"Calibri","sans-serif"; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-theme-font:minor-fareast; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin;} </style> <![endif]--> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;tab-stops:0cm"><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif";mso-bidi-font-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" >Se me perguntam qual é o “livro da minha vida”, digo sem pestanejar que são pelo menos três: <i style="mso-bidi-font-style:normal">Hollywood</i>, de Charles Bukowski e <i style="mso-bidi-font-style:normal">On The Road</i>, de Jack Kerouak, que direcionaram minhas principais preferências estéticas, e aquele que mais me mexeu com as minhas emoções: <i style="font-weight: bold;">O Apanhador no Campo de Centeio</i><span style="font-weight: bold;">, de J. D. Salinger</span>. O livro de Salinger é tido por muitos como a obra que “inventou a adolescência” no mundo moderno, transformado pelas modificações do pós-guerra. Salinger e sua obra cristalizaram uma tipologia do romance (que se estende para outras formas narrativas) classificada como <span style="font-weight: bold;">narrativa de formação</span>. É característica marcante das histórias de formação a presença de personagens jovens mal tocados ainda pelo mundo adulto, influenciados permanentemente por rituais de passagem que marcam suas vidas a cada segundo; momentos de “iniciação” variados que vão desde a primeira festa, o primeiro beijo, a experiência de maturação sexual até o primeiro emprego, a saída de casa e o rompimento simbólico com as figuras materna e paterna.</span></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;tab-stops:0cm"><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif";mso-bidi-font-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" ><br /></span></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;tab-stops:0cm"><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif";mso-bidi-font-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" ><span style="font-weight: bold;">Holden Coulfield, o protagonista de </span><i style="font-weight: bold;">O Apanhador no Campo de Centeio</i>, é a síntese da passagem do tempo, mas de um período muito específico da vida, que se situa, geralmente, entre os dezessete e dezoito anos de idade, passagem essa que, ritualisticamente, estabelecemos como a virada de uma vivência adolescente para o chamado mundo adulto. Na verdade, o início de uma nova vida, de fato. Essa “vida nova”, cheia de novas e maduras responsabilidades, assusta Holden. Diferentemente da grande maioria dos romances de formação de caráter juvenil, não há uma perspectiva entusiasta e eloquente acerca da novidade e da liberdade que a maturidade pode trazer no vislumbre de um “mundo novo” que estava obscuro para o personagem. As responsabilidades tão amedrontadoras que chegam para Holden não têm, necessariamente, a ver com trabalho, mas sim com uma sentida quebra de ingenuidade de um ser às portas do universo dos “grandes”; portas que ele deverá irromper, obrigatória e inevitavelmente. Nesse sentido, podemos lembrar oportunamente da <a style="color: rgb(51, 102, 255);" href="http://www.youtube.com/watch?v=x-GdKwYXUY0"><span style="font-weight: bold;">canção da banda Engenheiros do Hawaii “Somos quem podemos ser” (composta por Humberto Gessinger)</span>.<br /></a></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;tab-stops:0cm"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> <w:trackformatting/> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:donotpromoteqf/> <w:lidthemeother>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:lidthemeasian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:lidthemecomplexscript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> <w:splitpgbreakandparamark/> <w:dontvertaligncellwithsp/> <w:dontbreakconstrainedforcedtables/> <w:dontvertalignintxbx/> <w:word11kerningpairs/> <w:cachedcolbalance/> </w:Compatibility> <m:mathpr> <m:mathfont val="Cambria Math"> <m:brkbin val="before"> <m:brkbinsub val="--"> <m:smallfrac val="off"> <m:dispdef/> <m:lmargin val="0"> <m:rmargin val="0"> <m:defjc val="centerGroup"> <m:wrapindent val="1440"> <m:intlim val="subSup"> <m:narylim val="undOvr"> </m:mathPr></w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" defunhidewhenused="true" defsemihidden="true" defqformat="false" defpriority="99" latentstylecount="267"> <w:lsdexception locked="false" priority="0" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Normal"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="heading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="35" qformat="true" name="caption"> <w:lsdexception locked="false" priority="10" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" name="Default Paragraph Font"> <w:lsdexception locked="false" priority="11" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtitle"> <w:lsdexception locked="false" priority="22" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Strong"> <w:lsdexception locked="false" priority="20" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="59" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Table Grid"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Placeholder Text"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="No Spacing"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Revision"> <w:lsdexception locked="false" priority="34" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="List Paragraph"> <w:lsdexception locked="false" priority="29" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="30" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="19" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="21" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="31" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="32" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="33" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Book Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="37" name="Bibliography"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" qformat="true" name="TOC Heading"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-priority:99; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin-top:0cm; mso-para-margin-right:0cm; mso-para-margin-bottom:10.0pt; mso-para-margin-left:0cm; line-height:115%; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:"Calibri","sans-serif"; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-theme-font:minor-fareast; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin;} </style> <![endif]--> </p><div style="text-align: justify;"><span style=" Trebuchet MS","sans-serif";font-family:";font-size:10pt;" lang="PT" >Na canção de Gessinger, as metáforas, apesar de ocultas no corpo do texto, completam-se ao longo dos versos: a juventude dá o presente de pensar com a fantasia e de, deliberadamente, ser o que se quiser ser, a qualquer momento, mesmo rodeado de contradições (tão particulares ao universo adolescente);<span style="mso-spacerun:yes"> </span>o que cria uma sensação de liberdade apenas sentida com a presença das responsabilidades do mundo adulto quando, então, talvez já seja tarde demais para dar-se conta. Uma canção emblemática, de fato, mas de conteúdo recorrente na tradição poética, pois, se bem lembrarmos, essa é também uma tendência evasiva muito forte na poesia romântica da chamada matriz “egótica”, voltada à melancolia e à tristeza, onde a saudade da infância é comparada, tragicamente, com o mundo adulto. Como clássico exemplo, tem-se <a style="color: rgb(51, 102, 255); font-weight: bold;" href="http://www.jornaldepoesia.jor.br/casi.html#meus">o poema de Casimiro de Abreu "Meus Oito Anos"</a><span style="color: rgb(51, 102, 255); font-weight: bold;">.</span></span></div><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style=" Trebuchet MS","sans-serif";font-family:";font-size:10pt;" lang="PT" ><br /></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;tab-stops:0cm"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> <w:trackformatting/> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:donotpromoteqf/> <w:lidthemeother>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:lidthemeasian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:lidthemecomplexscript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> <w:splitpgbreakandparamark/> <w:dontvertaligncellwithsp/> <w:dontbreakconstrainedforcedtables/> <w:dontvertalignintxbx/> <w:word11kerningpairs/> <w:cachedcolbalance/> </w:Compatibility> <m:mathpr> <m:mathfont val="Cambria Math"> <m:brkbin val="before"> <m:brkbinsub val="--"> <m:smallfrac val="off"> <m:dispdef/> <m:lmargin val="0"> <m:rmargin val="0"> <m:defjc val="centerGroup"> <m:wrapindent val="1440"> <m:intlim val="subSup"> <m:narylim val="undOvr"> </m:mathPr></w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" defunhidewhenused="true" defsemihidden="true" defqformat="false" defpriority="99" latentstylecount="267"> <w:lsdexception locked="false" priority="0" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Normal"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="heading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="9" qformat="true" name="heading 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 7"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 8"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" name="toc 9"> <w:lsdexception locked="false" priority="35" qformat="true" name="caption"> <w:lsdexception locked="false" priority="10" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" name="Default Paragraph Font"> <w:lsdexception locked="false" priority="11" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtitle"> <w:lsdexception locked="false" priority="22" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Strong"> <w:lsdexception locked="false" priority="20" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="59" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Table Grid"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Placeholder Text"> <w:lsdexception locked="false" priority="1" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="No Spacing"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" unhidewhenused="false" name="Revision"> <w:lsdexception locked="false" priority="34" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="List Paragraph"> <w:lsdexception locked="false" priority="29" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="30" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Quote"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 1"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 2"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 3"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 4"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 5"> <w:lsdexception locked="false" priority="60" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="61" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="62" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Light Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="63" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="64" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Shading 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="65" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="66" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium List 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="67" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 1 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="68" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 2 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="69" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Medium Grid 3 Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="70" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Dark List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="71" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Shading Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="72" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful List Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="73" semihidden="false" unhidewhenused="false" name="Colorful Grid Accent 6"> <w:lsdexception locked="false" priority="19" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="21" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Emphasis"> <w:lsdexception locked="false" priority="31" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Subtle Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="32" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Intense Reference"> <w:lsdexception locked="false" priority="33" semihidden="false" unhidewhenused="false" qformat="true" name="Book Title"> <w:lsdexception locked="false" priority="37" name="Bibliography"> <w:lsdexception locked="false" priority="39" qformat="true" name="TOC Heading"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-priority:99; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin-top:0cm; mso-para-margin-right:0cm; mso-para-margin-bottom:10.0pt; mso-para-margin-left:0cm; line-height:115%; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:"Calibri","sans-serif"; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-theme-font:minor-fareast; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin;} </style> <![endif]--> </p><span style=" font-family:"Trebuchet MS","sans-serif";mso-bidi-font-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" ></span><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif"; mso-bidi-mso-ansi-language:PTfont-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" lang="PT" ></span> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;tab-stops:0cm"><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif";mso-bidi-mso-ansi-language:PTfont-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" lang="PT" >Inicialmente, Holden, o personagem de Salinger, parece distanciar-se do seu presente, negar seus amigos e seu passado mais recente. Ao longo de sua trajetória de volta para o lar, lembranças cruzam seu caminho, algumas com as quais ele não gostaria de cruzar; outras fazem-no rever seus próprios conceitos, pois mostram-se incongruentes para com sua personalidade naquele momento presente; em outros casos, as experiências que Holden retoma são, simplesmente, inevitáveis e, muitas vezes, inusitadas. Tudo isso justifica a sua jornada em busca de lembranças ainda mais remotas, por fim chegando, portanto, à irmã caçula, Phoebe, talvez um símbolo de uma ingenuidade que ele nunca mais terá. A interpretação sobre essa grande metáfora que percorre o livro o tempo inteiro é muito bem vista no esclarecedor trecho em que, inclusive, podemos entender um pouco melhor o título quase intraduzível da obra:</span></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;tab-stops:0cm"><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif";mso-bidi-mso-ansi-language:PTfont-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" lang="PT" ><br /></span></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; font-style: italic;"><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif";mso-bidi-font-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" >“(...) fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos e ninguém por perto – quer dizer, ninguém grande – a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o que eu tenho que fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas é a única coisa que eu queria fazer. Sei que é maluquice.” (P. 168). </span></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;tab-stops:0cm"><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif";mso-bidi-mso-ansi-language:PTfont-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" lang="PT" > </span></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;tab-stops:0cm"><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif";mso-bidi-mso-ansi-language:PTfont-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" lang="PT" >Em <i style="mso-bidi-font-style:normal">O Apanhador no Campo de Centeio</i>, a jornada de amadurecimento (ou de negação desse processo) se dá na perspecitva de sua própria figura central, uma vez que o livro é narrado em primeira pessoa. Dessa forma, </span><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif";mso-bidi-font-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" >a experiência do protagonista se dá de forma extremamente subjetiva, até mesmo em seu profundo grau de melancolia, que pode ser visto, naturalmente, como algo enfadonho<a name="_GoBack"></a> – afinal de contas, Salinger criou um personagem que não deveria ser muito simpático ao leitor. Assim, não se chegam aos arroubos impressionistas de figuras como o Sérgio de <i style="font-weight: bold;">O Ateneu</i><span style="font-weight: bold;">, de Raul Pompeia</span>, ou da intensidade dos traumas da juventude vistos em obras recentes da literatura brasileira como <i style="font-weight: bold;">Mãos de Cavalo</i><span style="font-weight: bold;">, de Daniel Galera, e </span><i style="font-weight: bold;">O Diário da Queda</i><span style="font-weight: bold;">, de Michel Laub</span>, exemplos interessantes de diálogo com isto que se define como narrativa de formação.</span></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;tab-stops:0cm"><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif";mso-bidi-font-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" ><br /></span></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;tab-stops:0cm"><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif";mso-bidi-font-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" >Q</span><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif"; mso-bidi-mso-ansi-language:PTfont-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" lang="PT" >uando penso em J. D. Salinger, lembro de um livro que ajudou muito em minha trajetória para que eu mesmo compreendesse quem, de fato, eu era. Ok, talvez não tenha sido tudo isso, mas sem dúvida foi uma obra que me tocou muito, e foi talvez uma das primeiras vezes em que pude sentir o que acontece quando a arte consegue dialogar verdadeiramente com o espectador, sem necessariamente facilitar esse caminho, ser simplista ou algo do gênero. Enfim, sou muito suspeito para falar. Li <i style="mso-bidi-font-style:normal">O Apanhador no Campo de Centeio</i> pela primeira vez aos dezessete anos e, naquela época, acho que me parecia um pouco com Holden Caulfield. Talvez fosse apenas a idade, talvez o fato de ter saído recentemente da escola onde, apenas poucos meses antes, encontrava-me no Ensino Médio e tive que cair “de cabeça” na universidade, ainda em pleno desenvolvimento da minha personalidade. </span></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;tab-stops:0cm"><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif";mso-bidi-mso-ansi-language:PTfont-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" lang="PT" ><br /></span></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;tab-stops:0cm"><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif";mso-bidi-mso-ansi-language:PTfont-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" lang="PT" >Acredito que se veem muitos “Caulfields” por aí. Vemos muitos que, como ele, insistem em, imaturamente, buscar refúgio nas lembranças e demoram a encarar os fatos. Mas não vou mentir, tenho que dizer também que ser estupidamente nostálgico dá um certo prazer; ser um pouco “sonso”, um tanto amargo e ainda querer manter um pedaço de ingenuidade na nossa constituição que recorre tanto à racionalidade é um pouco saudável. Afinal, quem disse que a racionalidade não é também uma grande fuga?! O que espanta em Caulfield é sua espontaneidade em ser desta forma; acho que isso é o que o torna, pelo menos para mim, tão apaixonante – assim como é admirável e fascinante a fase da adolescência. O que é curioso é que a maioria dos leitores repudia Holden – e com razão: sua imaturidade, sua postura um tanto arrogante e questionadora de tudo tornam seu mundo algo muito sem graça, o grande paradoxo com o “mito da adolescência”: a fase das grandes experiências e descobertas. Aí está o grande mérito de Salinger ao fazer com que sua obra adquira uma vivacidade rara, o que nesse caso desconfio ser uma negação involuntária daquilo que fomos ou, muitas vezes, ainda somos. </span></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;tab-stops:0cm"><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif";mso-bidi-mso-ansi-language:PTfont-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" lang="PT" ><br /></span></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;tab-stops:0cm"><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif";mso-bidi-mso-ansi-language:PTfont-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" lang="PT" >Como todo fã, obviamente fico chateado quando alguém demonstra antipatia por Caulfield (com Salinger não, mas com seu personagem, certamente). Aí está o maior traço de espontaneidade e naturalidade dessa figura emblemática da literatura mundial: um personagem que consegue falar por si, quase que uma instituição dentro da arte literária, atemporal, mas que fala sobre um tempo que marca a todos e que deixa impressões sempre indeléveis. Não nos culpemos: nos traímos lendo o romance de J. D. Salinger, mas somente porque ele e Holden nos seduzem. Sim, Holden, muitas vezes, é um chato, entretanto, somos facilmente atraídos por sua esquisitisse e sua sensibilidade confusa, de forma tão contraditoriamente espontânea quanto o próprio protagonista de <i style="mso-bidi-font-style:normal">O Apanhador no Campo de Centeio</i> se deixaria levar. Um exemplo prático: como professor, já trabalhei com <i style="mso-bidi-font-style:normal">O Apanhador no Campo de Centeio</i> várias vezes; em geral, os alunos são unânimes em afirmar que a obra é ótima, mas o protagonista irrita-os profundamente; ao questioná-los sobre certas ações, chega-se quase sempre à óbvia conclusão, qual seja a de que, apesar de figurar em uma obra dos anos de 1950, Holden Caulfield está ainda muito próximo deles, daquilo que eles são. Afinal, o que essa reação em relação ao personagem tão frequente entre alunos que têm entre 16 e 18 quer dizer? Eu tenho minhas teorias, mas o fato é que o tempo de Salinger nas minhas aulas já passou, pelo menos por ora. Assim como ele me ajudou a crescer como pessoa, acho que faz parte de minha própria jornada de amadurecimento desvencilhar-me dele e procurar outras formas de ler a passagem do tempo através dos meus alunos. </span></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;tab-stops:0cm"><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif";mso-bidi-mso-ansi-language:PTfont-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" lang="PT" ><br /></span></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;tab-stops:0cm"><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif";mso-bidi-mso-ansi-language:PTfont-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" lang="PT" >Na vida de um professor, passamos por transformações constantes na medida em que nossa postura como educador modifica-se, afinal, ser educador, no sentido pleno da palavra, vai além de “professar” o saber: é lidar com os sentimentos, as ligações afetivas que se estabelecem com os alunos, e não há nada mais orgânico do que lidar com as emoções. Percebi isso apenas recentemente e não sei se o que estou escrevendo está claro... No último Dezembro, vendo uma turma de alunos que acompanhei durante três anos do Ensino Médio se formar, senti uma profunda tristeza e um certo vazio tomarem conta de mim, e talvez não fosse apenas pela turma em si... Foi aquele momento epifânico em que se sabe que algo mudou. Ao que tudo indica, havia algo simbolizado naquela turma também... Não sei, mas sei que com o velho Holden Caulfield aprendi de fato que na vida existem sempre momentos de mudança e eles são, muitas vezes, imperceptíveis, pois não surgem de forma objetiva. Aprendi isso quando tinha dezessete anos. Tendo <i style="mso-bidi-font-style: normal">O Apanhador</i> em perspectiva, foi aparentemente fácil racionalizar sobre aquele momento, pois sempre fui uma pessoa que gosta de marcar as mudanças a partir de rituais de passagem. Naquela vez também parecia faltar algo e, na verdade, as lacunas estavam apenas sendo preenchidas por novas experiências. Reaprendo o mesmo agora. </span></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;tab-stops:0cm"><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif";mso-bidi-mso-ansi-language:PTfont-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" lang="PT" ><br /></span></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;tab-stops:0cm"><span style="font-family:"Trebuchet MS","sans-serif";mso-bidi-mso-ansi-language:PTfont-family:Tahoma;font-size:10.0pt;" lang="PT" >Na vida de um educador, sua personalidade está contantemente vinculada ao seu ofício e não há como dizer que certas mudanças fazem parte tão somente do mundo do trabalho... Os mundos se confudem. E enquanto tento entender melhor as minhas próprias mudanças – emocionais, de perspectiva, etc. –, dessa vez farei o caminho contrário: vou me despedindo de Salinger como que para marcar mais uma passagem. Ele sairá das minhas aulas, como já disse, e assim minha leitura d’<i style="mso-bidi-font-style:normal">O Apanhador </i>repousará nas antigas sensações. Pelo menos por ora. Pelo menos até o próximo desencontro.</span></p>Vinicius Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/10129842624675311469noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-61140962860866655652011-12-08T05:32:00.000-08:002011-12-13T08:48:57.710-08:00Leituras mais que obrigatórias<div><div style="text-align: justify;">No mês de Novembro, nos dias 12 e 13, rolou o seminário "Leituras mais que obrigatórias", rodadas de palestras em que as leituras obrigatórias do vestibular UFRGS 2012 puderam ser debatidas por vários professores - pessoal que "entende do assunto", como anunciava o slogan do evento. E eu, Vinicius Rodrigues, tive o prazer de estar lá também.</div><div></div><div><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5683746716122337378" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1EXj4AnchAY0FrNWWyyCJ58RJuphwDUH5_ChI5XFZvGtHCQliLPLThKTgs43B9wNk3qeDIBiGl4X7D45BUB1RPRZDNG6lKTN0KxTWT8t3-FN2cIz-QbJ_eLarGt2V82NosjOWRg-VTlE/s320/DSC_1082.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 214px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></div><div></div><div><div style="text-align: justify;">Paralela à Feira do Livro de Porto Alegre, a ocasião foi um sucesso: dois dias de auditório Bruno Kiefer (da Casa de Cultura Mário Quintana) lotados - em pleno Sábado e Domingo. As 12 leituras - entre romances, contos e poesia - foram comentados por 11 palestrantes. Sob minha responsabilidade, estava "O Centauro no Jardim", de Moacyr Scliar.</div></div><div><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5683747202014744034" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZzETxHJowgvUcumgCsNdkO92Zr5paspnnQP4T92AQfJEu3rfbpleNUH4QUAM_21h5PWINE0mShlMvMz6kEK6V_uIOdYrQ3LabGSfl4LXrL77m8HLK3FZT8d4WEJsa4ReL3Q7z5rWCrUM/s320/DSC_1123.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 214px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></div><div></div><div style="text-align: justify;">Junto à proposta do evento, foi cobrado como ingresso simbólico 1kg de alimento não perecível de cada vestibulando lá presente. A coleta foi encaminhada pelo professor Alessandro Castro, organizador do "Leituras mais que obrigatórias", para o instituto Pão dos Pobres.</div></div>Vinicius Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/10129842624675311469noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-73013874097363393632011-11-01T12:53:00.000-07:002011-11-01T12:53:18.999-07:00Com o pé na porta!<div><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwdu3kbjFqbXSBQULwHA604h2-HLWnpS6hTsflU5LQAekxs2l5HaCb8skDYu2eCFNHgk2G2bWEpi-yl1kI20UCCEkHzYMmOpfCjekT-X9sPQBpGiOVyVwQpR950EOOgAHLjGv_TPPBjGc/s1600/5.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5670115450502877826" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwdu3kbjFqbXSBQULwHA604h2-HLWnpS6hTsflU5LQAekxs2l5HaCb8skDYu2eCFNHgk2G2bWEpi-yl1kI20UCCEkHzYMmOpfCjekT-X9sPQBpGiOVyVwQpR950EOOgAHLjGv_TPPBjGc/s400/5.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 370px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 317px;" /></a>Olá, leitor! <br />
<br />
Estamos retomando com tudo as atividades aqui no Devaneio Literário. Em breve, postaremos comentários, textos, materiais didáticos, dicas, inquietações, besteiras, porcarias e tudo mais. Sempre com a literatura em foco... Ou não... Ou quase.</div><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0dJk-PbmKOE40QU6ob3sWe6cZAtmx-HCPKshUNuufxgpTm56eyWu2r6hlxcc5YbXjM_cdg4qxISsU4eWgep9f5BJoy3ZTTiDvlFAb-Ph7B8swd7dEBch6mzh2bhmUlOBeZQVWdq5ycfc/s1600/5.jpg"></a><br />
<div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFQ_b7BoaZY7Cloqf0cPc-AgckyKdLXXb0X52Zcec4OE9qfeguy3_-tZ544ZcM30k2dRKJifoT5MTuozrtFN4N6AY84B53pnbI18ZTVLc5Uid1mW-E3xXhk0913o6kgi6ekopWCZZsp40/s1600/spirit2.jpg"></a><br />
<div></div></div></div></div>Vinicius Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/10129842624675311469noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-580801461469738932010-04-12T08:21:00.000-07:002010-04-12T08:22:33.899-07:00FESTIPOA - evento literário em Porto Alegre<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: center;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgheAtomw_MDlAEqFI66jZmzG96_KRwCb9p_cDknlytzmLvr2vP8BU9Ca3kYnMs-a162DucrdFEB5Gj_QM5KtPxXigHHPg_vTE7WPh-f_ZcfUPSmorHY8LTjyoYWzjIKw7q5uJIYh56vJs/s1600/topo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; cssfloat: right; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgheAtomw_MDlAEqFI66jZmzG96_KRwCb9p_cDknlytzmLvr2vP8BU9Ca3kYnMs-a162DucrdFEB5Gj_QM5KtPxXigHHPg_vTE7WPh-f_ZcfUPSmorHY8LTjyoYWzjIKw7q5uJIYh56vJs/s320/topo.jpg" wt="true" /></a></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: center;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"></span> </div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: center;"><span style="font-family: Trebuchet MS;"></span> </div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: large;"><strong>Dia 20, terça, na Palavraria:</strong></span></div></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>17h: Abertura: </strong>Cíntia Moscovich e Jacob Klintowitz conversam com Sergio Faraco sobre produção de contos e tradução.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>18h30:</strong> Minimaratona Literária da CLL/SMC: leitura de contos do livro Dançar tango em Porto Alegre, de Sergio Faraco.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>19h:</strong> Edgar Vasques conversa sobre literatura adaptada para HQ com o artista plástico e designer gráfico Fabriano Rocha e o escritor e artista gráfico Leandro Dóro</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: large;"><strong>Dia 20, terça, no Café da Oca:</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Das 20h30 às 23h30: Mostra artística Cabaré do verbo: Diego Petrarca, Lorenzo Ribas, Karine Capiotti, Petit Poa-RS, Rádio Putzgrila, Rodolfo Ribas, Rocartê, Projeto Floco.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: large;"><strong>Dia 21, quarta, na Letras & Cia:</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>14h:</strong> Edição especial do Papo de artista com Marcelo Spalding, Nanni Rios e Paulo Tedesco: “As artes e a literatura na era digital”. Na ocasião será lançada a revista online Expressões Digitais, coordenada por Nanni Rios, editora de arte digital do portal Artistas Gaúchos.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">15h30: Leituras com Everton Behenck e Rodrigo Rosp.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">16h: Debate com Simone Campos, Alexandre Rodrigues e Antonio Xerxenesky. Mediação: Luciana Thomé. Lançamento do livro Amostragem complexa, de Simone Campos (ed. 7Letras) e sessão de autógrafos com a autora.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">18h: Pocket show com Bianca Obino.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">18h30: Luis Paulo Faccioli, Luis Dill e Lima Trindade conversam sobre o conto na literatura brasileira contemporânea.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: large;"><strong>Dia 21, quarta, no Pé Palito Bar:</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">20h Lançamento da coletânea O melhor da festa volume dois.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">21h: Baile das Artes: Samba Grego, Nelson Coelho de Castro, Petit Poa-RS, Guto Leite, Everton Behenck</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Dia 22, quinta, no Espaço Cultural Casa dos Bancários:</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">17h: João Gilberto Noll lê trechos do livro Acenos e afagos.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">18h: Nei Lopes lança Mandingas da mulata velha na Cidade Nova. E conversa com o professor Jefferson Tenório.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: large;"><strong>Dia 22, quinta, na Letras & Cia:</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">19h30: Lançamento do Campeonato Gaúcho de Literatura</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Dia 22, quinta, na Sala Álvaro Moreira:</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">20h: Olhar de Ana Mariano sobre o mundo, a memória, o sexo e o amor: espetáculo com a atriz Sofia Salvatori, com direção de Margarida Leoni Peixoto</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: large;"><strong>Dia 23, sexta, na Palavraria:</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">16h30: Marco Cena, Samir Machado de Machado e Clô Barcelos falam sobre a criação de capas para livro.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">18h: Pocket show com Felipe Azevedo.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">18h30: Jorge Furtado, Pena Cabreira e Juarez Fonseca conversam sobre letras de canções na música popular brasileira.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: large;"><strong>Dia 23, sexta, no Espaço Cultural Casa dos Bancários:</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">16h: Oficina de pintura de capas de papelão e confecção de livros com Lúcia Rosa (coletivo Dulcineia Catadora)</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">18h: Leitura Contos da vida breve, com Henrique Schneider.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">18h30: Carlos André Moreira e Alcy Cheuiche discutem o romance histórico.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: large;"><strong>Dia 23, sexta, na Sala Álvaro Moreira:</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">20h: Leitura da peça Diálogos Espectrais, de Ivo Bender, com Luiz Paulo Vasconcellos, Júlio Conte, Giselle Cecchini e Diones Camargo</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: large;"><strong>Dia 23, sexta, no Zelig:</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">20h30: Festa Sexta básica – dia do livro e do autor: Cristina Moreira, Leila Teixeira, Lima Trindade, Wladimir Cazé, Guilherme Darisbo, Duo HoffParú e Antonio Falcão e banda.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: large;"><strong>Dia 24, sábado, na Letras & Cia:</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">09h30: Grupo Nos Lemos (Manuel Estivalet, Bruno Brum Paiva, Janaína Quiroga, Nelson São Bento e Tina Gonçalves).</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">10h: Bárbara Lia, Wladimir Cazé e Laís Chaffe conversam sobre suas produções poéticas. Lançamento e sessão de autógrafo dos livros A última chuva, de Bárbara Lia e Macromundo, de Wladimir Cazé.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: large;"><strong>Dia 24, sábado, no Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano:</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">11h: Projeto Bate Boca Bom: Linhas de fuga e transmigrações da poesia de língua portuguesa: painel com Luis Serguilha e Ronald Augusto. Mediação: Liana Timm. Lançamento e sessão de autógrafo do livro Korso, com Luis Serguilha.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">14h: Lúcia Rosa fala sobre o coletivo Dulcinéia Catadora. Lançamento e sessão de autógrafos dos livros Quatro quartos, de Monique Revillion e Duas palavras, de Altair Martins.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">16h: Exibição de minimetragens do projeto Cidade Poema e leitura de poemas com autores convidados do projeto coordenado por Laís Chaffe.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">16h30: A poética do mar: da poesia de Castro Alves à canção de Dorival Caymmi, poesia e música com Marlon de Almeida e Moisés Dornelles.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">18h30: Vida e obra de Oliveira Silveira, com Jorge Fróes e recital de poesia com Vera Lopes e Grupo. Lançamento de antologia de poemas de Oliveira Silveira.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: large;"><strong>Dia 24, sábado, na Palavraria:</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">16h: Riobaldo e eu, a roça imigrante e o sertão mineiro: Luis Augusto Fischer conversa com José Hildebrando Dacanal.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">17h30: Leitura Desacordo ortográfico, com Reginaldo Pujol Filho.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">18h: Debate com Xico Sá, Cardoso e Cláudia Tajes. Lançamento e sessão de autógrafo de Chabadabadá – aventuras e desventuras do macho perdido e da fêmea que se acha, com Xico Sá</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: large;"><strong>Dia 25, domingo, na Palavraria:</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">14h: Painel: Conto, imagem e construção do invisível, com Flávio Wild e Cássio Pantaleoni. Lançamento e sessão de autógrafo de Histórias para quem gosta de contar histórias, com Cássio Pantaleoni.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">17h: Altair Martins conversa com Amilcar Bettega e Marcelino Freire.</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: large;"><strong>Dia 25, domingo, no Ox/Ocidente:</strong></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">20h: Festa de encerramento: Marcelino Freire, Altar Martins, Monique Revillion, bandas Bumblebee, Fapo e os humanóides e Suco Elétrico</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div>Caroline Valada Beckerhttp://www.blogger.com/profile/09443038235437520651noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-64305945101719236672010-04-07T11:00:00.000-07:002010-04-07T11:04:26.921-07:00Contos MachadianosPessoal, aqui estão os três contos de Machado de Assis que são leitura obrigatória da UFRGS para 2011. É só clicar no link e baixar o texto.<br /><br /><a href="http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1951">Pai Contra Mãe </a><br /><a href="http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1912">Capítulo dos Chapéus </a><br /><a href="http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1927">Caso da Vara<br /></a><br />Boa leitura.Caroline Valada Beckerhttp://www.blogger.com/profile/09443038235437520651noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-9281937657873977842010-04-05T10:28:00.000-07:002010-04-05T10:40:23.197-07:00Como falar? Como escrever?<div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">É muito comum os alunos iniciarem o ano letivo - mais precisamento os alunos de cursos preparatórios para o vestibular - um pouco ansiosos. A gramática, normalmente, assusta a todos e eles gritam, sempre que possível: "Não sei nada de português". Descontruir essa ideia é muito difícil, mas necessário. Felizmente, a noção acerca dos conteúdos da disciplina "português" tem mudado e, possivelmente, os alunos, daqui a pouco, saberão que nem sempre dominar nomenclaturas gramaticais é sinônimo de "boa escrita". </span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Desde de cedo, vamos à escola e nos entopem de regras - ao menos foi assim comigo até o Ensino Médio, quando uma professora passou a priorizar a escrita, o desenvolvimento de ideias e de argumentos, bem como a expressividade artística-literária. Impossível? Acho que não. Ao menos deslocando a "ordem" do ensino de português, podemos criar mudanças. Se nas duas primeiras semanas de aula ditarmos regras e mais regras, os alunos odiarão ler e escrever. Acredito muito no ensino da grmática apartir do texto, a chamada linguística textual. Assim, parece-me, o educando fica mais seguro e tem oportunidade de ler e de criar sentidos.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Pois bem, deixando meus "achismos" de lado, dou voz a quem. de fato, tem autorização para falar: Marcos Bagno. O linguísta tem uma coluna na revista <em>Caros Amigos </em>e disponibiliza os textos no seu </span><a href="http://www.blogger.com/www.marcosbagno.com.br"><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:130%;">site</span></a><span style="font-family:trebuchet ms;"> - vale a pena!</span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span> </div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;">Aí vai uma boa leitura:<br></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span></div><div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#ffffff;"><strong><br />A MALDIÇÃO DA NORMA CULTA</strong></span></div><div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#ffffff;">Marcos Bagno - Agosto de 2008</span></div><div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#ffffff;"></span></div><div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#ffffff;">[A norma curta] não passa de uma súmula grosseira e rasteira de preceitos normativos saídos, em geral, do purismo exacerbado que, infelizmente, se alastrou entre nós desde o século XIX. A nomra curta é a miséria da gramática" - Carlos Alberto Faraco<br><br /></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#ffffff;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#ffffff;">Impossível calcular o estrago que o termo norma culta vem causando nos meios educacionais e, em geral, na cultura brasileira. Enquanto ele não for definitivamente jogado no lixo e incinerado, vai ser difícil examinar as relações entre linguagem e sociedade sob uma ótica serena e bem fundamentada. Por quanto tempo ainda teremos de viver sob a maldição da norma culta? </span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#ffffff;">Embora alguns lingüistas usem esse termo com outros sentidos, a retumbante maioria das pessoas se refere à norma culta como um modelo idealizado de língua "certa", "bonita" e "elegante", que elas mesmas não sabem dizer onde, quando nem por quem foi estabelecido, mas que, apesar disso, merece toda a reverência do mundo, como se fosse uma doutrina sagrada, ditada pelo próprio Deus a seus profetas. Numa época em que se questiona tudo, em que se protesta contra toda forma de discriminação, contra qualquer prescrição no que diz respeito às relações sexuais, às crenças religiosas, aos modos de se vestir, de viver, de comer, de criar os filhos etc., em que a palavra diversidade impera, assim como a exigência de que ela seja respeitada e valorizada, é espantoso que só o uso da língua permaneça sujeito a uma regulação restritiva e tacanha. O dogma da infalibilidade papal virou piada, mas quase ninguém zomba dos dogmas gramaticais (mais velhos que a religião cristã). Por que os rótulos de "certo" e "errado" são abandonados, e até ridicularizados, em outras esferas da vida social, mas permanecem vivos e ativos quando o assunto é língua? Por que ninguém se dá conta de que a nebulosa norma culta é um produto humano e, portanto, imperfeito, falho e suscetível de contestação e reformulação? Impera na cultura ocidental uma concepção de língua tosca e burra, fixada trezentos anos antes de Cristo. Impregnados dos preconceitos da época, os primeiros gramáticos repudiaram todo e qualquer uso de língua que não fosse, primeiro, escrito (a fala, para eles, era um caos completo) e, não bastasse, escrito por meia dúzia de "grandes autores", todos mortos. Essa doença torpe se propagou nos últimos dois milênios e meio, a ponto de se tornar invisível para quase todo mundo. É com base nesse critério estúpido - a língua escrita dos "clássicos" - que se fixou, nas diversas nações, o modelo de "língua certa" que, no Brasil, atende pelo nome infeliz de norma culta. No caso brasileiro, a coisa é ainda mais cruel porque, fruto de processo colonial, nosso padrão idiomático se inspira numa língua escrita do outro lado do Atlântico, em outro hemisfério, em meados do século XIX. Por isso, não podemos começar frase com pronome oblíquo, nem usar "ele" como objeto direto ("eu vi ele"), nem dizer "prefiro mais X do que Y", nem "o filme que eu gosto", embora tudo isso constitua a gramática de uma língua autônoma, o português brasileiro, com mais de 500 anos de idade e 200 milhões de falantes (a terceira mais falada no Ocidente)! Até quando, meu pai Oxóssi?</span></div>Caroline Valada Beckerhttp://www.blogger.com/profile/09443038235437520651noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-31694781759774004592010-03-24T10:10:00.000-07:002010-03-24T10:22:55.935-07:00O Leitor<div align="justify"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;">Seguindo as discussões da postagem anterior - o que é literatura -, podemos indagar: o que é o leitor? Quem é o leitor? Sabemos (ao menos eu acredito nisso!) que o texto só existe, realmente, se for lido. Sendo assim, esqueça as "redações" escolares, aquelas que iam do caderno para a gaveta do professor e tuinham seu fim no lixo! O texto precisa ser lido! Um salve, portanto, aos blogs, que disponibilizam, no mundo internet, inúmeros textos - os quais, talvez, não serão lidos, quem sabe como este que enuncio.</span></strong></div><br /><div align="justify"><strong><span style="font-family:Trebuchet MS;">Importante, ainda, diferenciar o leitor literário do leitor prosaico, isto é, o leitor de revistas e jornais do leitor de romances, contos e poesias. Quais construções de sentido estão em jogo? O imaginário, o conhecimento de mundo, a mudança do olhar... </span></strong></div><br /><div align="justify"><strong><span style="font-family:Trebuchet MS;">Para continuar a reflexão, convido Luis Antônio de Assis Brasil, um mestre, para dar sua opinião:</span></strong> </div><br /><div align="justify"><strong><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span></strong></div><br /><div align="center"><strong><span style="font-family:trebuchet ms;">O LEITOR</span></strong></div><em><br /><div align="right"><span style="font-family:trebuchet ms;">Luis Antônio de Assis Brasil</span></div><br /><div align="right"></em><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Antes, falava-se em “leitores”. Nesse contexto cultural, Stendhal, em Do Amor, afirmou que escrevia para 100 leitores. Machado de Assis também falava em seus “leitores”, e de maneira bem explícita. O que era designado sempre no plural passou, a partir de certo momento da cultura, a ser tratado como único (o Leitor). Com isso, a palavra ganhou conotações enormes. Já não tratávamos de entes identificáveis, mas de uma personalização: o Leitor é esse ente humano (pois se comporta como tal), porém de existência abstrata, que carrega a espada da justiça a decretar se um livro é bom ou mau. E é para o Leitor que os escritores escrevem, embora muitos possam dizer que o fazem para si mesmos.<br />O assunto conduz diretamente à ideia do Leitor Ideal, que é diferente do Leitor sem quaisquer adjetivos. O Leitor Ideal é mimoseado com atributos positivos: inteligente, culto, honrado, informado sobre ciências ocultas e sobre o pensamento iluminista. Em especial, ele entende tudo o que o escritor quis dizer, o que é um salvo-conduto em meio ao campo conflagrado das letras.<br />Já o Leitor Comum é um ente das qualidades mais modestas, mais pálidas; é um pouco inseguro, um pouco desinformado, um pouco difícil de entender as coisas. Muitos escrevem apenas para esse Leitor Comum e, de concessão em concessão, trivializam seus textos com platitudes inomináveis, mas asseguradoras de boas vendas. Não sei o que pensarão naquele último minuto da existência, quando a vida toda passa como um filme de cinema mudo.<br />Seja Leitor Comum ou Ideal, o fato é que o escritor depende deles. São para eles que o escritor escreve, por eles o escritor dá sua vida, o melhor de seu tempo, sua paixão mais verdadeira, sua saúde e sua paz. Se o Leitor soubesse o calafrio que provoca nos escritores, seria bem mais compassivo e generoso do que já é.<br />Ao abrirmos um livro, pensemos muito antes de saltar suas páginas ou jogá-lo ao pó do fundo da estante: pois se há vários Leitores, o escritor sempre será um só, sempre concreto, sempre feito de sensibilidade, sangue, músculos e nervos.</span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;">--> Para aqueles que querem conhecer um pouco mais sobre o autor, <a href="http://rascunho.rpc.com.br/index.php?ras=secao.php&modelo=2&secao=45&lista=0&subsecao=0&ordem=1036&semlimite=todos">indico uma entrevista</a>, realizada pelo pessoal do jornal Rascunho, e o <a href="http://www.laab.com.br/">site oficial</a>.</span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;">Pequeno trecho da entrevistas:</span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span></div><br /><div align="justify"><em><span style="font-size:85%;color:#ffffff;"><strong>Incentivo à leitura</strong></span></em></div><div align="justify"><em><span style="font-size:85%;color:#ffffff;">Eu acho que há um elemento absolutamente fundamental: o nível de vida das pessoas. No momento em que houver uma distribuição maior de renda vai se ler mais. Isso é natural. Todo país rico lê muito. A leitura ensina. Então isso tudo é um processo que deriva da condição de vida das pessoas. Claro, aqui no Paraná, no Rio Grande, em Santa Catarina, temos uma distribuição razoável de renda, temos a maior classe média do país, a que lê. Então me parece que esse dado é muito relevante. Mas há os atalhos. Eu acho que o caso do Rascunho é um exemplo típico do que forma o leitor. Isso claramente. Suplementos literários em jornais, tudo isso é muito importante. E nesse sentido as oficinas literárias constituem um dos mecanismos a mais na formação do leitor. Em 21 anos, passaram pela minha oficina 680 alunos. Eu fiz uma pesquisa, mas uma pesquisa realmente científica, tinha dois auxiliares de pesquisa. Dos alunos, 17% continuam escrevendo depois da oficina. Mesmo que não publiquem. E se a gente pensar que eu tenho, digamos, um número em torno de 60, 70, de ex-alunos que já publicaram livros, então são 10% que publicaram livros. Então a gente pensa assim: Bom, eu acho que é razoável. Acho bom, um nível muito bom. E os outros 90% se tornaram muito bons leitores. Então me parece que essas experiências de oficina de criação literária têm essa dupla face. Por um lado, podem formar escritores, mas sem dúvida, todos eles saem melhores leitores.</span></em></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;">Boa leitura!</span></div>Caroline Valada Beckerhttp://www.blogger.com/profile/09443038235437520651noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-69512753807699915812010-03-22T09:42:00.001-07:002010-03-22T10:01:07.703-07:00O que é LITERATURA?<div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#ffffff;">Calma, caro leitor, não pretendo, em uma simples postagem, resolver essa indagação que atormenta teóricos e preenche capítulos. Quero, apenas, socializar algumas reflexões e citar alguns trechos que podem auxiliar aqueles que se preocupam com essa discussão.<br />Uma das primeiras respostas refere-se ao USO da LINGUAGEM. A linguagem literária seria uma “violência organizada”, como disse um crítico, ou seja, prioriza o desvio do uso prosaico, cotidiano, para chegarmos ao estranhamento do leitor, isto é, o leitor é, inevitavelmente, levado a observar a linguagem disposta diante de seus olhos. A isso podemos das o nome de LITERARIEDADE.<br />Outro teórico afirmou que devemos modificar a pergunta: ao invés de “o que é literatura?”, poderíamos preencher “quando é literatura”, pois, assim, segundo ele, fugiríamos dos binarismos. De um jeito ou de outro, fato é que a literatura é uma disciplina curricular e que, infelizmente, muitas vezes, é apenas na escola que a conhecemos.<br />Quando a trajetória é essa, apresentam-nos, jovens adolescentes do Ensino Médio, a autores canônicos, os famosos nomes da HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA (modo que organizamos os períodos literários ao longo da linha histórica). Isso seria um problema? Muitas vezes, sim, visto que ler “Os Lusíadas” não é, de modo algum, uma tarefa fácil. Sendo assim, muitos futuros leitores sentem-se assustados e passam a odiar literatura – mesmo que ainda não a conheçam.<br />Literatura, portanto, não é apenas historiografia literária, conjunto de características somados ao período histórico; é, quem sabe acima de tudo, a experenciação da leitura, a FRUIÇÃO. É claro que para realizarmos esse ato de fruição, principalmente no âmbito escolar, é importante, sim, conhecermos estruturas de gênero (os gêneros literários) e constituições historiográficas. É pensando nessa realidade que um teórico afirmou: “literatura é aquilo que se ensina na escola”. No fim, a resposta à indagação inicial, o que é literatura, é quase esta – a escola determina o objeto literário.<br />Bom, a pretensão era iniciar reflexões e criar provocações. Nada de respostas! Para encerrar, cito dois trechos de Antonio Candido.</span> </div><div align="justify"></div><div align="justify"><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"><em>“Chamarei de literatura, de maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático, em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos folclore, lenda, até as formas mais complexas e difíceis das grandes civilizações. Vista desse modo, a Literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem encontrar em contato com alguma espécie de fabulação”.</em><br /></span></div><div align="right"><span style="font-family:trebuchet ms;">Excerto do texto O Direito à Literatura, de Antonio Candido.</span></div><div align="right"><span style="font-family:trebuchet ms;"><br /></div></span><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"><em>“A literatura tem uma função humanizadora, isto é, tem a capacidade de confirmar a humanidade do homem. (...) Um certo tipo de função psicológica é talvez a primeira coisa que nos ocorre quando pensamos no papel da literatura. A produção e fruição desta se baseiam numa espécie de necessidade universal de ficção e de fantasia, que decerto é coextensiva ao homem, pois aparece invariavelmente em sua vida, como indivíduo e como grupo, ao lado da satisfação das necessidades mais elementares. (...) Ela (a literatura) não corrompe nem edifica portanto; mas trazendo livremente em si o que chamamos o bem e o que chamamos o mal, humaniza em sentido profundo, porque faz viver”.<br /></em></span></div><div align="right"><span style="font-family:trebuchet ms;">Excerto do texto A Literatura e a Formação do Homem, de Antonio Candido.</span></div><div align="right"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span> </div><div align="center"><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:130%;"><strong>E pra ti, leitor, o que é literatura?</strong></span></div>Caroline Valada Beckerhttp://www.blogger.com/profile/09443038235437520651noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-19929077832976979712010-03-22T09:26:00.000-07:002010-03-22T09:35:51.381-07:00Leituras Obrigatórias UFRGS 2011<div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Neste ano a UFRGS liberou bem cedo a lista de <strong>leituras obrigatórias para o vestibular 2011</strong>. Pois bem, vamos à leitura! Minha sugestão é começarmos pelos autores contemporâneos - e deixarmos por último o Guimarães Rosa, pois é uma leitura de maior fôlego. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Sei que os alunos ainda não terão sido apresentados a toda a historiografia literária, mas não tem problema. Se começarmos com livros contemporâneos, leremos obras que possuem uma linguagem que dialoga conosco com maior facilidade.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Trebuchet MS;"><br>OBRAS:</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">1. Basílio da Gama - O Uraguai;<br />2. José de Alencar - Lucíola;<br />3. Poemas de Álvaro de Campos, de Fernando Pessoa </span></div><span style="font-family:trebuchet ms;">( 1. Mestre, Meu Mestre Querido!, 2. Ao Volante do Chevrolet pela Estrada de Sintra , 3. Grandes S ão os Desertos, e Tudo é Deserto, 4. Lisboa com suas Casas, 5. Todas as Cartas de Amor São, 6. Ode Triunfal, 7. Lisbon Revisited (1923), 8. Tabacaria, 9. Aniversário, 10. Poema em linha reta );<br />4. Machado de Assis - Memórias Póstumas de Brás Cubas;<br />5. Contos de Machado de Assis - O Caso da Vara, Pai contra Mãe, Capítulo dos Chapéus;<br />6. Eça de Queirós - O primo Basílio;<br />7. Manuel Bandeira - Estrela da vida inteira;<br />8. Cyro Martins - Porteira Fechada;<br />9. Guimarães Rosa - Manuelzão e Miguilim (Campo Geral e Uma estória de amor);<br />10. Dias Gomes - O Pagador de Promessas;<br />11. Rubens Fonseca - Feliz Ano Novo;<br />12. Cristóvão Tezza - O Filho Eterno.</span>Caroline Valada Beckerhttp://www.blogger.com/profile/09443038235437520651noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-6383692055065591372010-02-18T06:35:00.000-08:002010-02-18T06:52:29.779-08:00"Leitura, evento ou processo formador de leitores", de Walmor Santos<div style="text-align: justify;font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:trebuchet ms;">O escritor e editor Walmor Santos traz abaixo uma reflexão que pode soar até repetitiva, entretanto, temos a obrigação, como cidadãos, de exercermos nosso olhar crítico sobre eventos que, em princípio, incitam à leitura como processo transformador, mas que, em muitos casos, são apenas mais uma desculpa para promoções mercadológicas que tornam o livro apenas mais um objeto de consumo, constituindo, assim, por assim dizer, eventos; sim, eventos de fato - não "de letramento", porém eventos sociais, literalmente -, ou seja mais voltados à ideia de aglomeração e festa do que propriamente um estimulante à prática de leitura. Além disso, há sempre essa dura realidade do analfabetismo funcional no Brasil que deve ser seriamente combatida, ainda que esse discurso soe repetitivo.</span><br /></span></div><span style="font-size:100%;"><br /></span><div style="text-align: center;"><span style="font-size:100%;">*<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="font-family: times new roman; color: rgb(0, 0, 0); text-align: justify;"> </div><div style="font-family: times new roman; color: rgb(0, 0, 0); text-align: justify;"> </div><div style="font-family: times new roman; color: rgb(0, 0, 0); text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;font-family:times new roman;"><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:georgia;font-size:100%;" >A crise na Educação passa pela leitura. Por quê?</span><br /><br /><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:georgia;font-size:100%;" >Inegável, concordam todos, a leitura é ferramenta auxiliar para todas as matérias por trabalhar com a leitura, a interpretação e a escrita. E afirmam Prefeitos, Secretários de Educação e professores: é fundamental ensinar a ler.</span><br /><br /><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:georgia;font-size:100%;" >Igualmente inegáveis são os péssimos índices de avaliação da qualidade da leitura nas escolas, como também os das avaliações diversas efetuadas pelos governos federal e estaduais.</span><br /><br /><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:georgia;font-size:100%;" >Mas outra pergunta se impõe: Quando a Educação esteve melhor? O que ocorre, então, que justifique os índices deficientes?</span><br /><br /><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:georgia;font-size:100%;" >Os saudosistas continuam afirmando que o passado, em relação ao presente, era muito melhor. Agarram-se em axiomas que não resistem ao mínimo argumento. E justificam com exceções de leitores ou de professores daquela época... Esquecem a terrível verdade que a boa educação no passado estava nas mãos de uma minoria. Da elite, claro.</span><br /><br /><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:georgia;font-size:100%;" >Hoje, como nunca antes, os professores dispõem de ferramentas que antes jamais tiveram. Da Informática às oportunidades de qualificação propiciada por secretarias municipais, estaduais e pelo governo federal, presenciais ou à distância.</span><br /><br /><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:georgia;font-size:100%;" >Mas que crise, então, existe? É exatamente essa qualificação proporcionada aos envolvidos com a Educação que dá novos parâmetros.</span><br /><br /><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:georgia;font-size:100%;" >A crise está, pois, em se querer mais qualidade e acreditar que isso é possível. Porém, um dos calcanhares de Aquiles para uma Educação ideal passa pela leitura, ainda considerada como evento por grande parte do sistema educacional. </span><br /><br /><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:georgia;font-size:100%;" >Eventos... muitos ainda realizam feiras e encontros literários como atividade circense, de pouco resultado na formação do leitor. Gasta-se muito com shows para atrair público à feira, mas que não faz compradores de livros e menos ainda leitores. Porém, verba para adquirir livros e os distribuir para a comunidade leitora inexiste (com exceções, é claro!).</span><br /><br /><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:georgia;font-size:100%;" >E os autores se apresentam em eventos como ETs. Já que não foram lidos ninguém tem interesse em questioná-los ou em ouvi-los.</span><br /><br /><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:georgia;font-size:100%;" >Leitura é processo. Ler é muito mais do que uma atividade esporádica, mais do que uma atividade festiva, sazonal.</span><br /><br /><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:georgia;font-size:100%;" >Ler deve ser processo contínuo e permanente, que não dependa da vontade de poucos e heróicos professores, ou da caneta do prefeito. Ler é processo que exige o compromisso e o envolvimento de secretarias, direções, professores, pais e alunos.</span><br /><br /><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:georgia;font-size:100%;" >Ler, ainda que ler seja processo prazeroso de transformação social, é atividade recriativa, não recreativa; com leitura e interpretação livre, embora inspirada pelo bom professor; Leitura e recriação em outras artes, pois a falta de criatividade é característica da maioria dos alunos egressos do Ensino Médio e que não conseguem contextualizar: o leitor, o livro, a família, a sociedade e as diferentes mídias; ler é formar cidadãos críticos...</span><br /><br /><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:georgia;font-size:100%;" >Assim venceremos a realidade: este é um país com 3 analfabetos funcionais em cada 4 adultos... Muitos saíram da escola há pouco tempo.</span></div>Vinicius Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/10129842624675311469noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-30943158012696815202009-12-15T08:20:00.000-08:002010-02-18T06:33:25.988-08:00Modernismo Brasileiro<span style=";font-family:Trebuchet MS;font-size:85%;" ></span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWqd7JA6kmZKHdMODqc8q8ky7Yv2OArKCvYlli45YtzZfQfAIAYno5gAzc7GerhNVgJ_mgkdfuHwOXWFPwo2Phlb5E-gd82rFJ_CXi84Qf3dyaUewlpGpszDeyhgO3nsQmOdH9FdBMQSc/s1600-h/Modernismo.jpg"></a><div align="justify"><span style="font-size:100%;">Quando falamos em Modernismo, na Literatura, vale lembrar que, didaticamente, fazemos uma divisão: pensamos o movimento modernista como uma marca entre o Parnasianismo e a nossa modernidade literária. Ele surge como uma proposta em oposição aos ideais estéticos do Parnasianismo, ao mesmo tempo que anuncia pressupostos da poesia de 30 e do romance de 30. Devemos, portanto, observar que o Modernismo, em si, é a concretização, ou formalização, de ideais estéticos livres, ou seja, que priorizam a forma livre e o conteúdo prosaico. </span></div><div align="justify"><span style="font-size:100%;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:100%;"><br />A Semana de Arte Moderna, que, na verdade, resumiu-se a três dias, dá início a esse posicionamento literário e é chamada, muitas vezes, de <strong>Primeira Fase Modernista</strong>. Após ela, com as marcas essenciais, na literatura, de Oswald de Andrade e de Mário de Andrade, chegamos à maturidade literária.</span> <div align="justify"><span style="font-size:100%;"></span></div><span style="font-size:100%;"><br />Adentramos, pois, o que alguns manuais de literatura chamam de <strong>Segunda Fase Modernisa</strong>, momento em que temos uma forte produção de prosa e de poesia, sem, no entanto, haver uma unidade temática ou estética. Há, sem dúvida, um aspecto convergente: a busca da liberdade formal.</span></div><div align="justify"><span style="font-size:100%;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:100%;"><br />Na poesia, portanto, temos Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles (a primeira mulher a entrar no cânone), Vinicius de Moraes, Mário Quintana, Manuel Bandeira, Murilo Mendes. No romance, o denominado Romance de 30, busca marcas da verossimilhança e, por isso, é chamado, também, de neorealismo. Os autores são diversos e não possuem uma proposta unificada. Entre eles, temos Graciliano Ramos, Raquel de Queirós, Dyonélio Machado, Erico Verissimo, Jorge Amado...</span></div><div align="justify"><span style="font-size:100%;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:100%;"><br />Outro aspecto que vale lembrar são os manifestos, relacionados às propostas da Semana de Arte Moderna. Eles podem ser considerados um gênero textual, no qual os artistas, tanto na Europa (Vanguardas Européias), quanto no Brasil, usaram para anunciar seus ideais estéticos. Abaixo, temos alguns excertos:</span></div><div align="justify"><span style="font-size:100%;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:100%;"><span style="color: rgb(255, 255, 255);"><strong><br />MANIFESTO DA POESIA PAU-BRASIL, de Oswald de Andrade (1924)<br /></strong>“A poesia existe nos fatos. Os casebres de afetação e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos (...) Ágil o teatro, filho do saltimbanco. Ágil e ilógico. Ágil o romance, nascido da invenção. Ágil a poesia. A poesia Pau-Brasil. Ágil e Cândida. Como uma criança (...) A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos (..) Uma única luta – a luta pelo caminho. Dividamos: Poesia de importação. E a poesia Pau-Brasil, de exportação (...) O trabalho contra o detalhe naturalista – pela síntese, contra a morbidez romântica – pelo equilíbrio geômetra e pelo acabamento teórico, contra a cópia, pela invenção e pela surpresa. Uma nova perspectiva”.<br /><br /></span><span style="color: rgb(255, 255, 255);"><strong><br />MANIFESTO ANTROPOFÁGICO, de Oswald de Andrade (1928)<br /></strong>“Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente (...) Tupi or not tup that is the question (...) Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago (...) Contra todos os importadores de consciência enlata (...) Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade. Esse homem chamava-se Galli Mathias. Comi-o (...) Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade (...) Contra a memória fonte do costume. A experiência pessoal e renovada”.<br /><br /><strong><br />PREFÁCIO INTERESSANTÍSSIMO, de Mário de Andrade (1921)</strong><br />“Leitor, está fundado o Desvairismo. Este prefácio, apesar de interessante, inútil (...) Quando sinto a impulsão lírica escrevo sem pensar tudo o que meu insconsciente me grita. Penso depois: não só para corrigir, como para justificar o que escrevi. Daí a razão deste Prefácio (...) Um pouco de teoria? Acredito que o lirismo, nascido no subconsciente, acrisolado num pensamento claro ou confuso, cria frases que são versos inteiros, sem prejuízo de mdeir tantas sílabas, com acentuação determinada (...) Minhas reivindicações? Liberdade (...) Bilac representa uma fase destrutiva da poesia; porque toda perfeição em arte significa destruição (...) O nosso primitivismo representa uma nova fase construtiva”.</span><br /><br /></span></div><div align="center"><span style="font-size:100%;"><br /></span><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:100%;"><strong>O Modernismo</strong></span></div><span style=";font-family:trebuchet ms;font-size:100%;" ><br /><br /><br /><div align="right"><br /><strong>Rodrigo Gonçalves Beauclair</strong></div><div align="right">Doutorando em História Cultural pela UFRJ</div><div align="right"><span style=";font-family:trebuchet ms;" ><br /><br />“Só a antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos,de todos os coletivismos.De todas as religiões. De todos os tratados de paz.”</span></div></span><span style=";font-family:trebuchet ms;font-size:100%;" ><div align="right">Oswald de Andrade</div><span style=";font-family:trebuchet ms;" ><div align="justify"><br />As frases acima compõem o Manifesto Antropófago publicado na <a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/modantropofagia.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Revista de Antropofagia</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" > em maio de 1928. Nestas supracitadas frases reverberam a essência de um movimento que no Brasil, iniciado com a </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/modsemana.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Semana de Arte Moderna de 1922</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" >, representava uma centelha de expressão do que se chamava de Modernismo, movimento artístico-cultural que mobilizou intelectuais e artistas, tanto na Europa como na América Latina.<br />O contexto histórico de sua manifestação é marcado pelas transformações tecnológicas e científicas na Europa no correr das primeiras décadas do século XX. Essas mudanças impulsionadas pelo desenvolvimento do capitalismo que entra em crise, dando início à Primeira Guerra Mundial (1914-1918), encerram a belle époque. No seu lastro eclode a Segunda Guerra (1939-1945), que nos seus anos intermediários desperta o anseio de interpretar e expressar a realidade de forma diferente.<br />A pujança dessas transformações nas artes visuais era manifestada pelos diversos movimentos que emergiam e constituíam-se na Europa como as vanguardas- o fovismo, o expressionismo, o purismo e o construtivismo. Junto a esses surgiram três que são epítetos dessa atmosfera profícua de criatividade e originalidade estética: o futurismo, liderado pelo italiano Marinetti, exaltava a velocidade e a máquina; o cubismo, proveniente da pintura, buscava fracionar a realidade, remontando-a a seguir através de formas geométricas superpostas; o dadaísmo, liderado por Tristan Tzara, negava a lógica, a coerência e a cultura, como meio de oposição à guerra. O termo dada, que não significa nada, era aplicado à arte como afirmação do não reconhecimento de nenhuma teoria e declarava a morte da beleza; o surrealismo, lançado no ano de 1924, por André Breton, com o Manifesto do Surrealismo, pregava o apego à fantasia, ao sonho e à loucura. Utilizava também como meio de expressão, a escrita automática provocada pelo impulso do artista, que registra tudo o que lhe vem à mente, despreocupado com a lógica.<br />Na América Latina essa onda plural e multicromada representou uma vigorosa corrente de renovação cultural e estética. Os diferentes grupos, formados por intelectuais e artistas, muitos vindos da Europa, expressaram os conceitos e ideais do modernismo, que se constituía no conhecimento e debates das realidades nacionais através de manifestos, revistas, exposições e conferências. Entre as revistas, as mais significativas foram: </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/modklaxon.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Klaxon</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" > (1922) e a </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/modantropofagia.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Revista de Antropofagia</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" > (1928), em São Paulo; Actual e El Machete (1924), no México; Martín Fierro (1924), em Buenos Aires, e a Amauta (1926), no Peru. Esse caleidoscópio de manifestações produziu um intenso movimento de busca das raízes e representação dos elementos sociais, culturais e históricos constitutivos do material a ser empregado no desenvolvimento das manifestações estéticas de cunho nacionalista.<br />No Brasil o modernismo atravessou três fases distintas, caracterizadas por peculiaridades históricas e estéticas: a primeira fase (1922-1930), a segunda fase (1930-1945) e a terceira fase (pós 1945), refletindo os movimentos das conjunturas sociais, econômicas e políticas, tanto interna quanto externa.<br />A primeira manifestação pública dos modernistas brasileiros foi na </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/modsemana.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Semana de Arte Moderna de 1922</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" >, em São Paulo, onde foram realizadas exposições, recitais de poesia, concertos e conferências, que abarcavam temas que evocavam </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/modvillalobos.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Villa-Lobos</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" >, na música, </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/modbrecheret.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Brecheret</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" > na escultura e </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/moddicavalcanti.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Di Cavalcanti</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" >, </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/modmalfati.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Anita Malfatti</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" > e outros na pintura. O objetivo manifestado na Semana era o de se opor ao Naturalismo, Parnasianismo e Simbolismo que ainda estavam presente.<br />Alguns acontecimentos, anteriores a 1922, preparam a trajetória do Modernismo; fatos, especificamente, ligados à estética renovadora, se multiplicam. Em 1912, </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/bio-oswalddeandrade.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Oswald de Andrade</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" > traz da Europa a novidade futurista; em 1913, o pintor </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/modsegall.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Lasar Segall</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" > faz uma exposição negando a pintura acadêmica. Em 1917, a exposição dos quadros de </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/modmalfati.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Anita Malfatti</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" >, em São Paulo, destacando a pintura expressionista, assimilada na Europa coloca, de um lado, os que apóiam o novo e, de outro, os conservadores.<br />No ano de realização da Semana de Arte Moderna é fundada a </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/modklaxon.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Revista Klaxon</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" >, uma revista mensal de arte moderna, de perfil futurista e anunciadora de uma arte de caráter internacional e inspirada na industrialização. Posteriormente, é lançado o Manifesto da Poesia Pau-Brasil, de </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/bio-oswalddeandrade.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Oswald de Andrade</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" >, que usando a expressão “a selva e a escola”, abordava de maneira nova o Brasil a partir de sua cultura mulata e sua atmosfera tropical. Esses elementos evidenciavam o contraste existente com a indústria moderna. A consideração desses elementos culturais e estéticos representava uma mudança de consciência dos poetas e artistas ricos e bem-educados, itinerantes na atmosfera européia e nos seus modos e padrões. Contudo, essa consciência se alarga em 1928 com o Manifesto Antropófago, também de </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/bio-oswalddeandrade.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Oswald de Andrade</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" >, que nos convidava a devorar nosso colonizador, guardando em seu cerne as contradições do brasileiro: moderno∕primitivo, indústria∕indolência, centralismo∕regionalismo, etc.. É importante destacar o papel de </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/modtarsila.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Tarsila de Amaral</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" > na pintura neste momento, ilustrando no manifesto supracitado a figura do Abaporu, ícone de sua busca pela expressão das realidades que estavam contidas no que se estavam repensando como Brasil.<br />A segunda fase do movimento modernista no Brasil, estritamente ligado ao desenvolvimento da geração de 1922, apresenta com evidência o regionalismo, expressado fortemente por meio da poesia e da prosa, mas não desconectado com a conturbada conjuntura internacional. São representantes dessa fase: </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/bio-mariodeandrade.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Mário de Andrade</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" >, </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/bio-ceciliameireles.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Cecília Meireles</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" >, </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/bio-viniciusdemoraes.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Vinícius de Moraes</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" >, entre outros, na poesia; e </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/bio-joselinsdorego.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >José Lins do Rego</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" >, </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/bio-gracilianoramos.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Graciliano Ramos</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" >, </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/bio-racheldequeiroz.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Rachel de Queiroz</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" >, </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/bio-jorgeamado.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Jorge Amado</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" > e </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/bio-ericoverissimo.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Érico Veríssimo</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" >, na prosa.<br />Nos anos posteriores a 1945, no cenário cultural e artístico do Brasil, começa um contra-movimento aos ideais do modernismo disseminados pela geração de 1922, tanto na poesia quanto na prosa.<br />Na poesia, o concretismo, a poesia-práxis, o poema-processo, o poema-social, a poesia marginal e os músicos-poeta pregam o fim dos elementos da poesia tradicional, o verso e a rima, buscando a exploração dom espaço em branco com a decomposição e relação das palavras. Destacam-se nesse grupo </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/bio-joaocabral.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >João Cabral de Melo Neto</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" > e </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/bio-cassianoricardo.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Cassiano Ricardo</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" >. Na prosa, prioriza-se o realismo fantástico e o romance de reportagem, discutindo os conflitos entre o homem e a modernidade. No grupo, destaca-se </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/bio-clarisselispector.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Clarice Lispector</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" >, </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/bio-guimaraesrosa.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Guimarães Rosa</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" >, como também </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/bio-carlosdrummond.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Carlos Drummond de Andrade</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" >, </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/bio-fernandosabino.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Fernando Sabino</span></a><span style=";font-family:trebuchet ms;" >, </span><a href="http://catalogos.bn.br/redememoria/bio-rubembraga.html" target="_blank"><span style=";font-family:trebuchet ms;" >Rubem Braga</span></a><span style="font-family:trebuchet ms;">, entre outros.<br />O modernismo, como um movimento de longa duração de discussão, crítica e renovação cultural e artística, delineou e difundiu realidades brasileiras e seus personagens dispostos na imensa área geográfica que se denomina Brasil, não significando somente um projeto modernizador, mas construtor de uma possível identidade nacional brasileira. </span></div><span style="font-family:Trebuchet MS;"></span><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></div></span><img style="margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 200px; display: block; height: 164px;" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5415499545014463954" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8dHXBW-1JoRQfh91IsDYazoUoOHCOGis7XAFLNa5hT3Kx4_JlvGw1Zk2gUP9R7u-QBbZaAvBcfT_B4Ydn_s5PruHAXgIhB9w7QerDLOhUT3Z4vON6ImJPuxpdgsDCwMhDhcg1y02rK4w/s200/Modernismo1webpeq.jpg" border="0" /></span>Caroline Valada Beckerhttp://www.blogger.com/profile/09443038235437520651noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3993442186147634959.post-44782294275429013352009-12-15T07:38:00.001-08:002010-02-18T06:34:36.258-08:00Revisão!<div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:100%;"><span style="color: rgb(255, 255, 255);">Nosso ensino regular de literatura, principalmente no Ensino Médio, prioriza a historiografia. Para aqueles que lecionam em escolas ou em cursinhos, isso não é novidade - tampouco para os alunos, muitos dos quais, talvez, não saibam exatamente o significado de historiografia, mas sabem que foram "convidados" a ler <em>Os Lusíadas</em> e <em>O Guarani.</em></span></span></div><div align="justify"><span style="font-size:100%;"><em></em></span></div><div align="justify"><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:trebuchet ms;font-size:100%;" >Não sou contra esse sistema de ensino, pois sei que a noção cronológica é essencial. Entretanto, se nosso objetivo como professores é a formação de leitores, a famosa historiografia pode ser um problema. Quase intuitivamente, sabemos que no Ensino Fundamental, principalmente até a quinta série, a leitura tem um tom positivo - ir à biblioteca e assistir à contação de histórias é uma festa. Crescemos, chegamos ao intervalo entre a infância e a adolescência: sétima e oitava séries. Nesse momento, desfilam as adaptações e algumas obras autorais. Fato: nem sempre essa vivência é traumática.</span></div><div align="justify"><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:trebuchet ms;font-size:100%;" >No Ensino Médio, no entanto, o horzionte-de-expectativa-vestibular anuncia seus contornos e os períodos literários desfilam. Sei que no primeiro ano do Ensino Médio há um trabalho de maior fôlego com os gêneros. Infelizmente, ele não é suficiente para demonstrar aos alunos que literatura não é sinônimo de José de Alencar.</span></div><div align="justify"><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:trebuchet ms;font-size:100%;" >Sem dúvida, Alencarzinho e suas personagens são importantíssimos para pensarmos a contrução da nossa literatura. Essa reflexão é explícita para mim, aluna de LETRAS, e não para um aluno do Ensino Médio. Para os jovens que vão diariamente para a sala de aula colar os trasieros em cadeiras, a literatura deve, acredito, surgir como sinônimo de autores contemporâneos.</span></div><div align="justify"><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:trebuchet ms;font-size:100%;" >Há uma grande discussão transapassando essas palavras: letramento e letramento literário. Primeiramente, capacitar o estudante a ler e a escrever para, com isso (como diria o Professor Garcez) fazer a vida. O letramento literário (teoria para ser lida nestas férias!) indica que devemos ter a mesma preocupação com a leitura da literatura. Ler o jornal diariamente é diferente de ler um romance e um conjunto de poesias. Inevitavelmente, o processo de produção de sentidos será outro.</span></div><div align="justify"><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:trebuchet ms;font-size:100%;" >A escola, ambiente problemático, deve, nas disciplinas de português e de literatura, proporcionar essas vivências de leitura para que, posteriormente, o aluno decida se quer ser um leitor lietarário ou não.</span></div><div align="justify"><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:trebuchet ms;font-size:100%;" >Hoje, enquanto ministrava uma aula de redação, dicutíamos um texto maravilhoso, "Ladrões de Livros", de Ruy Tapioca, que trabalham, justamente, a presença, ou melhor, a ausência, da leitura no Brasil. Um dos meus alunos afirmou algo parecido com isto: o estudante deve ter a capacidade de leitura desenvolvidada para que, futuramente, ele possa refutar o objeto artístico literatura do mesmo modo que ele diria não a um filme ou a uma mostra de arte contemporânea.</span></div><div align="justify"><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:trebuchet ms;font-size:100%;" >A ideia é genial. Façamos o esforço para formar leitores, mas não venhamos a condenar aqueles que optam pela tv.</span></div><div align="justify"><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:trebuchet ms;font-size:100%;" ><strong></strong></span></div><div align="justify"><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:trebuchet ms;font-size:100%;" ><strong>Toda essa conversa, talvez chata, para dizer que aqui está um<span style="color: rgb(255, 255, 255);"> </span></strong></span><span style="font-size:100%;"><a href="http://http//www.4shared.com/file/173620111/3bf47c4a/Reviso_-_do_Parnasianismo_ao_M.html"><span style="color: rgb(255, 255, 255);font-family:trebuchet ms;" ><strong>arquivo historiográfico de revisão - do Parnasianimo ao Modernismo</strong></span></a></span><span style="font-size:100%;"><span style="color: rgb(255, 255, 255);"><span style=";font-family:trebuchet ms;" ><strong>.</strong></span> </span></span></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style=";font-family:trebuchet ms;font-size:100%;" ></span></div><div align="justify"><span style=";font-family:trebuchet ms;font-size:100%;" ></span></div><div align="justify"><span style=";font-family:trebuchet ms;font-size:100%;" ></span></div><div align="justify"><span style=";font-family:trebuchet ms;font-size:100%;" ><br /><br />Para aqueles que ficaram curiosos, o texto do Ruy Tapioca, retirado do Jornal Rascunho:</span></div><div align="justify"><span style=";font-family:trebuchet ms;font-size:100%;" ></span></div><div align="justify"><span style=";font-family:trebuchet ms;font-size:100%;" >LADRÕES DE LIVROS<br /><br />A discussão, intelectualizada, rolava animada na mesa de bar, sobre tema controverso - Por que os brasileiros leem tão pouco? - quando o aparelho de TV, preso à parede, anunciara: "Está chegando a hora de você espiar! Você vai poder novamente espiar!", convocava o âncora do reality show de maior audiência da televisão brasileira, do Pico da Neblina à Lagoa dos Patos.<br />Um dos frequentadores da mesa aproveitara a deixa da chamada da TV: "Eis aí um dos ladrões de livros no Brasil: esse pastiche orwelliano, campeão de audiência da mídia eletrônica tupiniquim, nada mais é que um simulacro do mais abjeto e pretenso neonaturalismo! Por que essa excrescência faz tanto sucesso aqui enquanto a literatura é um permanente e retumbante fracasso?", escarnecera vibrando um gesto grosseiro para a TV.<br />O programa televisivo exibia a intimidade de um grupo de participantes anônimos, confinados numa casa-estúdio, convidados a disputar gordo prêmio em dinheiro, com a única obrigação de trocarem livremente entre si, com cínica espontaneidade, toda sorte de abobrinhas, futilidades, neuras, delações, fuxicos, intrigas pessoais e vazios de espírito, além de filosofias existenciais - de profundidade equivalente à de um lago onde formiguinhas atravessariam com água pelas canelas, como escreveria o saudoso Nelson Rodrigues.<br />As câmaras de TV do programa - com serventia de buracos de fechadura eletrônicos - estimulavam o acampanar indiscreto dos telespectadores.<br />"Qual o valor cultural que um lixo como esse agrega?", insistira o crítico do programa.<br />O antropólogo da hora, sentado ao lado, antecipara-se na resposta: "O programa é um campeonato de perde-ganha, espécie de torneio mata-mata: visa a eliminar o concorrente e salvar a própria pele, por meio da votação dos telespectadores. Trata-se de torneio lúdico onde os participantes geralmente exibem indigência cultural e demonstram espontânea mediocridade, perfis e ingredientes que o cidadão médio brasileiro se compraz em observar e julgar".<br />O crítico do programa insistira: "Por que o brasileiro prefere esse tipo de lazer à leitura de um livro?"<br />O sociólogo de bar, do outro lado da mesa, interviera: "Simples: somos, em tese, um povo mais atraído por imagens que pela escrita, mais seduzido pelo barulho que pelo silêncio, mais devotado à galhofa que à sensatez, mais inclinado ao impulso que à reflexão. Nesse quadro, não há lugar para a literatura", arrematara.<br />O sociólogo de momento refutara: "Generalizações exageradas, ponderáveis como insights, mas desprovidas de constatação científica: o problema do baixo índice de leitura no Brasil, e da desconsideração do livro como instrumento de lazer, tem origem multidisciplinar!"<br />"Explique-se!", exigira o jurista do grupo.<br />"Existem fatores históricos, econômicos, sociais, culturais, mercadológicos, e até climatológicos, para justificá-los. Os colonizadores do país só permitiram a criação da primeira escola no Brasil, última nação sul-americana a criar estabelecimentos de ensino e bibliotecas públicas, após 300 anos de seu descobrimento, mesmo assim porque aqui aportou a família real, escorraçada pelas tropas de Napoleão, a quem os brasileiros deveriam erigir uma estátua, pelo providencial e humilhante passa-fora infligido à corte portuguesa! Por essa razão histórica, livro e literatura sempre tiveram por aqui ressaibo de coisa proibida, inacessível, inconveniente..."<br />O economista de plantão interviera: "Prefiro a explicação econômica: livro no Brasil é caro, o povo tem poder aquisitivo reduzido, existem dezenas de milhões de analfabetos broncos e funcionais no país, gente para quem a leitura desperta a mesma excitação que a experimentada por um eunuco quando assiste ao rebolado de uma odalisca", motejou.<br />"Razões climatológicas?", indagara o jurista, curioso.<br />"Sim, é razoável ponderar que os calores que aqui fazem não convidam à leitura, como acontece nos países de climas frios. Somos mais afeitos à prática de lazer ao ar livre, passeios em shoppings refrigerados, bate-papos em choperias, estádios, praias, piscinas e quejandos".<br />O economista recalcitrara: "Somos um país esquizofrênico: temos mais editoras que livrarias, mais editoras que bibliotecas! Não há nada que o brasileiro ache mais enfadonho que uma biblioteca: alega que lá não se pode conversar, tem que se suportar um incômodo silêncio, não se permite atender celular! Batucar nas mesas, nem pensar!"<br />O jurista resolvera meter a colher na discussão: "De fato, leitura exige isolamento, ausência de barulho, não se pode ter conversa em volta. Impossível manter a concentração na leitura comendo um pedaço de pizza ou assistindo TV. Espertamente, os donos de cinemas no Brasil, para se ajustar aos hábitos da população, adaptaram as poltronas das salas de exibição para funcionarem como mesinhas de lanchonete: durante a exibição do filme os espectadores consomem baldes de pipocas, a produzirem antropofágicos ruídos! Avisos nas telas pedem, debalde, que os espectadores desliguem seus celulares, sem êxito: durante a projeção ouve-se toda sorte de musiquetas de chamadas de celulares: La traviata, Mamãe eu quero, Hino do Flamengo, Tô nem aí, Levantou poeira, e quejandos. Já ouvi chamada de celular que imita o som da descarga de uma privada! Somos um país de pândegos, como pode haver lugar para literatura?".<br />O pedagogo da hora, até então em silêncio, resolvera intervir: "A falha está na escola, no sistema de ensino adotado: exige-se dos alunos leitura obrigatória de romances nacionais. São compelidos a ler Machado, Macedo, Raul Pompéia, José de Alencar. Resultado: tomam ojeriza pelo livro, não há quem não se revolte com tamanha tortura pedagógica: a literatura deve despertar prazer, não pode ser imposta como obrigação".<br />O crítico do reality show insistira: "Mas por que então o brasileiro gosta tanto de novela de TV? Aquilo também não é literatura?".<br />O antropólogo de roda de chope antecipara-se: "Novela de TV não dá trabalho para ser compreendida: a trama já vem prontinha, suavemente explicada com som e imagem, sem necessidade de leitura de legendas. Já vem dividida em suaves e preguiçosos capítulos diários, entremeados por intervalos comerciais de xampus, cervejas, eletrodomésticos e planos de saúde, que têm o condão de distrair despertando interesse de consumo. A novela de TV tem outras vantagens em relação ao livro: você pode assisti-la enroscado numa companhia. Se o capítulo estiver muito chato, pode dispensá-lo para fazer outra coisa, sem prejuízo do enredo, que é formado por tantas histórias paralelas que a eventual perda de um ou dois capítulos não representa problema, diferentemente de um romance: se você não entendeu, é obrigado a voltar, reler, isso dá trabalho...".<br />O jurista aduzira outra vantagem para as novelas televisivas: "O telespectador sabe que pode interferir no curso de uma novela, no destino dos personagens, porque o autor a escreve ao sabor das pesquisas de audiência: se o personagem não agradou, providencia sem embaraço a morte do infeliz; se a empregada doméstica está com dificuldades para conquistar o patrão rico, faz-se um pirlimpimpim tupiniquim, e pronto: o homem apaixona-se, sem detença, pela sedutora serviçal. Nas novelas de TV brasileiras tudo é permitido, nada é impossível: rico se apaixona por pobre, desemprego não existe, negro não sofre preconceito racial, mãe sempre encontra filho desaparecido, a justiça é ágil, a polícia é eficiente, o político é honesto, adolescente se apaixona por coroa, tem até argentino que sofre de complexo de inferioridade! Já com a literatura não se pode interferir na história: para ser compreendida, precisa ser lida, em recolhido silêncio, exigindo constantes reflexões para construção do imaginário".<br />Um dos participantes do grupo atacara de Sêneca, com ar de enfado e pedante latinório: "Otium sine litteris mors est et vivi hominis sepultura: o lazer sem as belas-letras é como a morte e a sepultura do homem vivo. As áreas mais nobres do cérebro humano só se expandem com a leitura: não há hipótese de alguém adquirir conhecimentos fundamentais, ou sólida formação educacional, sem interesse por literatura. Sêneca tinha razão: um homem que não lê é uma espécie de aleijão social, meio-cidadão, um deficiente cerebral".<br />O gozador do grupo olhara o relógio e disparara: "São horas, vamos pedir a conta. Razão tinha Bacon quando escreveu que os amigos são ladrões do tempo: roubam o tempo da gente! Poderíamos estar todos agora a desfrutar da leitura de um bom livro, em vez de ficar aqui destilando filosofias de botequim. Garçom! A saideira!".</span></div>Caroline Valada Beckerhttp://www.blogger.com/profile/09443038235437520651noreply@blogger.com0