quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Leituras mais que obrigatórias

No mês de Novembro, nos dias 12 e 13, rolou o seminário "Leituras mais que obrigatórias", rodadas de palestras em que as leituras obrigatórias do vestibular UFRGS 2012 puderam ser debatidas por vários professores - pessoal que "entende do assunto", como anunciava o slogan do evento. E eu, Vinicius Rodrigues, tive o prazer de estar lá também.
Paralela à Feira do Livro de Porto Alegre, a ocasião foi um sucesso: dois dias de auditório Bruno Kiefer (da Casa de Cultura Mário Quintana) lotados - em pleno Sábado e Domingo. As 12 leituras - entre romances, contos e poesia - foram comentados por 11 palestrantes. Sob minha responsabilidade, estava "O Centauro no Jardim", de Moacyr Scliar.
Junto à proposta do evento, foi cobrado como ingresso simbólico 1kg de alimento não perecível de cada vestibulando lá presente. A coleta foi encaminhada pelo professor Alessandro Castro, organizador do "Leituras mais que obrigatórias", para o instituto Pão dos Pobres.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Com o pé na porta!

Olá, leitor!

Estamos retomando com tudo as atividades aqui no Devaneio Literário. Em breve, postaremos comentários, textos, materiais didáticos, dicas, inquietações, besteiras, porcarias e tudo mais. Sempre com a literatura em foco... Ou não... Ou quase.


segunda-feira, 12 de abril de 2010

FESTIPOA - evento literário em Porto Alegre

 
 





Dia 20, terça, na Palavraria:
17h: Abertura: Cíntia Moscovich e Jacob Klintowitz conversam com Sergio Faraco sobre produção de contos e tradução.



18h30: Minimaratona Literária da CLL/SMC: leitura de contos do livro Dançar tango em Porto Alegre, de Sergio Faraco.



19h: Edgar Vasques conversa sobre literatura adaptada para HQ com o artista plástico e designer gráfico Fabriano Rocha e o escritor e artista gráfico Leandro Dóro



Dia 20, terça, no Café da Oca:
Das 20h30 às 23h30: Mostra artística Cabaré do verbo: Diego Petrarca, Lorenzo Ribas, Karine Capiotti, Petit Poa-RS, Rádio Putzgrila, Rodolfo Ribas, Rocartê, Projeto Floco.

Dia 21, quarta, na Letras & Cia:
14h: Edição especial do Papo de artista com Marcelo Spalding, Nanni Rios e Paulo Tedesco: “As artes e a literatura na era digital”. Na ocasião será lançada a revista online Expressões Digitais, coordenada por Nanni Rios, editora de arte digital do portal Artistas Gaúchos.



15h30: Leituras com Everton Behenck e Rodrigo Rosp.



16h: Debate com Simone Campos, Alexandre Rodrigues e Antonio Xerxenesky. Mediação: Luciana Thomé. Lançamento do livro Amostragem complexa, de Simone Campos (ed. 7Letras) e sessão de autógrafos com a autora.



18h: Pocket show com Bianca Obino.



18h30: Luis Paulo Faccioli, Luis Dill e Lima Trindade conversam sobre o conto na literatura brasileira contemporânea.




Dia 21, quarta, no Pé Palito Bar:
20h Lançamento da coletânea O melhor da festa volume dois.



21h: Baile das Artes: Samba Grego, Nelson Coelho de Castro, Petit Poa-RS, Guto Leite, Everton Behenck

Dia 22, quinta, no Espaço Cultural Casa dos Bancários:



17h: João Gilberto Noll lê trechos do livro Acenos e afagos.



18h: Nei Lopes lança Mandingas da mulata velha na Cidade Nova. E conversa com o professor Jefferson Tenório.

Dia 22, quinta, na Letras & Cia:
19h30: Lançamento do Campeonato Gaúcho de Literatura

Dia 22, quinta, na Sala Álvaro Moreira:



20h: Olhar de Ana Mariano sobre o mundo, a memória, o sexo e o amor: espetáculo com a atriz Sofia Salvatori, com direção de Margarida Leoni Peixoto



Dia 23, sexta, na Palavraria:
16h30: Marco Cena, Samir Machado de Machado e Clô Barcelos falam sobre a criação de capas para livro.



18h: Pocket show com Felipe Azevedo.



18h30: Jorge Furtado, Pena Cabreira e Juarez Fonseca conversam sobre letras de canções na música popular brasileira.

Dia 23, sexta, no Espaço Cultural Casa dos Bancários:
16h: Oficina de pintura de capas de papelão e confecção de livros com Lúcia Rosa (coletivo Dulcineia Catadora)



18h: Leitura Contos da vida breve, com Henrique Schneider.



18h30: Carlos André Moreira e Alcy Cheuiche discutem o romance histórico.

Dia 23, sexta, na Sala Álvaro Moreira:
20h: Leitura da peça Diálogos Espectrais, de Ivo Bender, com Luiz Paulo Vasconcellos, Júlio Conte, Giselle Cecchini e Diones Camargo

Dia 23, sexta, no Zelig:
20h30: Festa Sexta básica – dia do livro e do autor: Cristina Moreira, Leila Teixeira, Lima Trindade, Wladimir Cazé, Guilherme Darisbo, Duo HoffParú e Antonio Falcão e banda.

Dia 24, sábado, na Letras & Cia:
09h30: Grupo Nos Lemos (Manuel Estivalet, Bruno Brum Paiva, Janaína Quiroga, Nelson São Bento e Tina Gonçalves).



10h: Bárbara Lia, Wladimir Cazé e Laís Chaffe conversam sobre suas produções poéticas. Lançamento e sessão de autógrafo dos livros A última chuva, de Bárbara Lia e Macromundo, de Wladimir Cazé.

Dia 24, sábado, no Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano:
11h: Projeto Bate Boca Bom: Linhas de fuga e transmigrações da poesia de língua portuguesa: painel com Luis Serguilha e Ronald Augusto. Mediação: Liana Timm. Lançamento e sessão de autógrafo do livro Korso, com Luis Serguilha.



14h: Lúcia Rosa fala sobre o coletivo Dulcinéia Catadora. Lançamento e sessão de autógrafos dos livros Quatro quartos, de Monique Revillion e Duas palavras, de Altair Martins.



16h: Exibição de minimetragens do projeto Cidade Poema e leitura de poemas com autores convidados do projeto coordenado por Laís Chaffe.



16h30: A poética do mar: da poesia de Castro Alves à canção de Dorival Caymmi, poesia e música com Marlon de Almeida e Moisés Dornelles.



18h30: Vida e obra de Oliveira Silveira, com Jorge Fróes e recital de poesia com Vera Lopes e Grupo. Lançamento de antologia de poemas de Oliveira Silveira.

Dia 24, sábado, na Palavraria:
16h: Riobaldo e eu, a roça imigrante e o sertão mineiro: Luis Augusto Fischer conversa com José Hildebrando Dacanal.



17h30: Leitura Desacordo ortográfico, com Reginaldo Pujol Filho.



18h: Debate com Xico Sá, Cardoso e Cláudia Tajes. Lançamento e sessão de autógrafo de Chabadabadá – aventuras e desventuras do macho perdido e da fêmea que se acha, com Xico Sá

Dia 25, domingo, na Palavraria:
14h: Painel: Conto, imagem e construção do invisível, com Flávio Wild e Cássio Pantaleoni. Lançamento e sessão de autógrafo de Histórias para quem gosta de contar histórias, com Cássio Pantaleoni.



17h: Altair Martins conversa com Amilcar Bettega e Marcelino Freire.

Dia 25, domingo, no Ox/Ocidente:
20h: Festa de encerramento: Marcelino Freire, Altar Martins, Monique Revillion, bandas Bumblebee, Fapo e os humanóides e Suco Elétrico

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Contos Machadianos

Pessoal, aqui estão os três contos de Machado de Assis que são leitura obrigatória da UFRGS para 2011. É só clicar no link e baixar o texto.

Pai Contra Mãe
Capítulo dos Chapéus
Caso da Vara

Boa leitura.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Como falar? Como escrever?

É muito comum os alunos iniciarem o ano letivo - mais precisamento os alunos de cursos preparatórios para o vestibular - um pouco ansiosos. A gramática, normalmente, assusta a todos e eles gritam, sempre que possível: "Não sei nada de português". Descontruir essa ideia é muito difícil, mas necessário. Felizmente, a noção acerca dos conteúdos da disciplina "português" tem mudado e, possivelmente, os alunos, daqui a pouco, saberão que nem sempre dominar nomenclaturas gramaticais é sinônimo de "boa escrita".
Desde de cedo, vamos à escola e nos entopem de regras - ao menos foi assim comigo até o Ensino Médio, quando uma professora passou a priorizar a escrita, o desenvolvimento de ideias e de argumentos, bem como a expressividade artística-literária. Impossível? Acho que não. Ao menos deslocando a "ordem" do ensino de português, podemos criar mudanças. Se nas duas primeiras semanas de aula ditarmos regras e mais regras, os alunos odiarão ler e escrever. Acredito muito no ensino da grmática apartir do texto, a chamada linguística textual. Assim, parece-me, o educando fica mais seguro e tem oportunidade de ler e de criar sentidos.
Pois bem, deixando meus "achismos" de lado, dou voz a quem. de fato, tem autorização para falar: Marcos Bagno. O linguísta tem uma coluna na revista Caros Amigos e disponibiliza os textos no seu site - vale a pena!
Aí vai uma boa leitura:

A MALDIÇÃO DA NORMA CULTA
Marcos Bagno - Agosto de 2008
[A norma curta] não passa de uma súmula grosseira e rasteira de preceitos normativos saídos, em geral, do purismo exacerbado que, infelizmente, se alastrou entre nós desde o século XIX. A nomra curta é a miséria da gramática" - Carlos Alberto Faraco

Impossível calcular o estrago que o termo norma culta vem causando nos meios educacionais e, em geral, na cultura brasileira. Enquanto ele não for definitivamente jogado no lixo e incinerado, vai ser difícil examinar as relações entre linguagem e sociedade sob uma ótica serena e bem fundamentada. Por quanto tempo ainda teremos de viver sob a maldição da norma culta?
Embora alguns lingüistas usem esse termo com outros sentidos, a retumbante maioria das pessoas se refere à norma culta como um modelo idealizado de língua "certa", "bonita" e "elegante", que elas mesmas não sabem dizer onde, quando nem por quem foi estabelecido, mas que, apesar disso, merece toda a reverência do mundo, como se fosse uma doutrina sagrada, ditada pelo próprio Deus a seus profetas. Numa época em que se questiona tudo, em que se protesta contra toda forma de discriminação, contra qualquer prescrição no que diz respeito às relações sexuais, às crenças religiosas, aos modos de se vestir, de viver, de comer, de criar os filhos etc., em que a palavra diversidade impera, assim como a exigência de que ela seja respeitada e valorizada, é espantoso que só o uso da língua permaneça sujeito a uma regulação restritiva e tacanha. O dogma da infalibilidade papal virou piada, mas quase ninguém zomba dos dogmas gramaticais (mais velhos que a religião cristã). Por que os rótulos de "certo" e "errado" são abandonados, e até ridicularizados, em outras esferas da vida social, mas permanecem vivos e ativos quando o assunto é língua? Por que ninguém se dá conta de que a nebulosa norma culta é um produto humano e, portanto, imperfeito, falho e suscetível de contestação e reformulação? Impera na cultura ocidental uma concepção de língua tosca e burra, fixada trezentos anos antes de Cristo. Impregnados dos preconceitos da época, os primeiros gramáticos repudiaram todo e qualquer uso de língua que não fosse, primeiro, escrito (a fala, para eles, era um caos completo) e, não bastasse, escrito por meia dúzia de "grandes autores", todos mortos. Essa doença torpe se propagou nos últimos dois milênios e meio, a ponto de se tornar invisível para quase todo mundo. É com base nesse critério estúpido - a língua escrita dos "clássicos" - que se fixou, nas diversas nações, o modelo de "língua certa" que, no Brasil, atende pelo nome infeliz de norma culta. No caso brasileiro, a coisa é ainda mais cruel porque, fruto de processo colonial, nosso padrão idiomático se inspira numa língua escrita do outro lado do Atlântico, em outro hemisfério, em meados do século XIX. Por isso, não podemos começar frase com pronome oblíquo, nem usar "ele" como objeto direto ("eu vi ele"), nem dizer "prefiro mais X do que Y", nem "o filme que eu gosto", embora tudo isso constitua a gramática de uma língua autônoma, o português brasileiro, com mais de 500 anos de idade e 200 milhões de falantes (a terceira mais falada no Ocidente)! Até quando, meu pai Oxóssi?

quarta-feira, 24 de março de 2010

O Leitor

Seguindo as discussões da postagem anterior - o que é literatura -, podemos indagar: o que é o leitor? Quem é o leitor? Sabemos (ao menos eu acredito nisso!) que o texto só existe, realmente, se for lido. Sendo assim, esqueça as "redações" escolares, aquelas que iam do caderno para a gaveta do professor e tuinham seu fim no lixo! O texto precisa ser lido! Um salve, portanto, aos blogs, que disponibilizam, no mundo internet, inúmeros textos - os quais, talvez, não serão lidos, quem sabe como este que enuncio.

Importante, ainda, diferenciar o leitor literário do leitor prosaico, isto é, o leitor de revistas e jornais do leitor de romances, contos e poesias. Quais construções de sentido estão em jogo? O imaginário, o conhecimento de mundo, a mudança do olhar...

Para continuar a reflexão, convido Luis Antônio de Assis Brasil, um mestre, para dar sua opinião:


O LEITOR

Luis Antônio de Assis Brasil


Antes, falava-se em “leitores”. Nesse contexto cultural, Stendhal, em Do Amor, afirmou que escrevia para 100 leitores. Machado de Assis também falava em seus “leitores”, e de maneira bem explícita. O que era designado sempre no plural passou, a partir de certo momento da cultura, a ser tratado como único (o Leitor). Com isso, a palavra ganhou conotações enormes. Já não tratávamos de entes identificáveis, mas de uma personalização: o Leitor é esse ente humano (pois se comporta como tal), porém de existência abstrata, que carrega a espada da justiça a decretar se um livro é bom ou mau. E é para o Leitor que os escritores escrevem, embora muitos possam dizer que o fazem para si mesmos.
O assunto conduz diretamente à ideia do Leitor Ideal, que é diferente do Leitor sem quaisquer adjetivos. O Leitor Ideal é mimoseado com atributos positivos: inteligente, culto, honrado, informado sobre ciências ocultas e sobre o pensamento iluminista. Em especial, ele entende tudo o que o escritor quis dizer, o que é um salvo-conduto em meio ao campo conflagrado das letras.
Já o Leitor Comum é um ente das qualidades mais modestas, mais pálidas; é um pouco inseguro, um pouco desinformado, um pouco difícil de entender as coisas. Muitos escrevem apenas para esse Leitor Comum e, de concessão em concessão, trivializam seus textos com platitudes inomináveis, mas asseguradoras de boas vendas. Não sei o que pensarão naquele último minuto da existência, quando a vida toda passa como um filme de cinema mudo.
Seja Leitor Comum ou Ideal, o fato é que o escritor depende deles. São para eles que o escritor escreve, por eles o escritor dá sua vida, o melhor de seu tempo, sua paixão mais verdadeira, sua saúde e sua paz. Se o Leitor soubesse o calafrio que provoca nos escritores, seria bem mais compassivo e generoso do que já é.
Ao abrirmos um livro, pensemos muito antes de saltar suas páginas ou jogá-lo ao pó do fundo da estante: pois se há vários Leitores, o escritor sempre será um só, sempre concreto, sempre feito de sensibilidade, sangue, músculos e nervos.

--> Para aqueles que querem conhecer um pouco mais sobre o autor, indico uma entrevista, realizada pelo pessoal do jornal Rascunho, e o site oficial.

Pequeno trecho da entrevistas:

Incentivo à leitura
Eu acho que há um elemento absolutamente fundamental: o nível de vida das pessoas. No momento em que houver uma distribuição maior de renda vai se ler mais. Isso é natural. Todo país rico lê muito. A leitura ensina. Então isso tudo é um processo que deriva da condição de vida das pessoas. Claro, aqui no Paraná, no Rio Grande, em Santa Catarina, temos uma distribuição razoável de renda, temos a maior classe média do país, a que lê. Então me parece que esse dado é muito relevante. Mas há os atalhos. Eu acho que o caso do Rascunho é um exemplo típico do que forma o leitor. Isso claramente. Suplementos literários em jornais, tudo isso é muito importante. E nesse sentido as oficinas literárias constituem um dos mecanismos a mais na formação do leitor. Em 21 anos, passaram pela minha oficina 680 alunos. Eu fiz uma pesquisa, mas uma pesquisa realmente científica, tinha dois auxiliares de pesquisa. Dos alunos, 17% continuam escrevendo depois da oficina. Mesmo que não publiquem. E se a gente pensar que eu tenho, digamos, um número em torno de 60, 70, de ex-alunos que já publicaram livros, então são 10% que publicaram livros. Então a gente pensa assim: Bom, eu acho que é razoável. Acho bom, um nível muito bom. E os outros 90% se tornaram muito bons leitores. Então me parece que essas experiências de oficina de criação literária têm essa dupla face. Por um lado, podem formar escritores, mas sem dúvida, todos eles saem melhores leitores.

Boa leitura!

segunda-feira, 22 de março de 2010

O que é LITERATURA?

Calma, caro leitor, não pretendo, em uma simples postagem, resolver essa indagação que atormenta teóricos e preenche capítulos. Quero, apenas, socializar algumas reflexões e citar alguns trechos que podem auxiliar aqueles que se preocupam com essa discussão.
Uma das primeiras respostas refere-se ao USO da LINGUAGEM. A linguagem literária seria uma “violência organizada”, como disse um crítico, ou seja, prioriza o desvio do uso prosaico, cotidiano, para chegarmos ao estranhamento do leitor, isto é, o leitor é, inevitavelmente, levado a observar a linguagem disposta diante de seus olhos. A isso podemos das o nome de LITERARIEDADE.
Outro teórico afirmou que devemos modificar a pergunta: ao invés de “o que é literatura?”, poderíamos preencher “quando é literatura”, pois, assim, segundo ele, fugiríamos dos binarismos. De um jeito ou de outro, fato é que a literatura é uma disciplina curricular e que, infelizmente, muitas vezes, é apenas na escola que a conhecemos.
Quando a trajetória é essa, apresentam-nos, jovens adolescentes do Ensino Médio, a autores canônicos, os famosos nomes da HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA (modo que organizamos os períodos literários ao longo da linha histórica). Isso seria um problema? Muitas vezes, sim, visto que ler “Os Lusíadas” não é, de modo algum, uma tarefa fácil. Sendo assim, muitos futuros leitores sentem-se assustados e passam a odiar literatura – mesmo que ainda não a conheçam.
Literatura, portanto, não é apenas historiografia literária, conjunto de características somados ao período histórico; é, quem sabe acima de tudo, a experenciação da leitura, a FRUIÇÃO. É claro que para realizarmos esse ato de fruição, principalmente no âmbito escolar, é importante, sim, conhecermos estruturas de gênero (os gêneros literários) e constituições historiográficas. É pensando nessa realidade que um teórico afirmou: “literatura é aquilo que se ensina na escola”. No fim, a resposta à indagação inicial, o que é literatura, é quase esta – a escola determina o objeto literário.
Bom, a pretensão era iniciar reflexões e criar provocações. Nada de respostas! Para encerrar, cito dois trechos de Antonio Candido.

“Chamarei de literatura, de maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático, em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos folclore, lenda, até as formas mais complexas e difíceis das grandes civilizações. Vista desse modo, a Literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem encontrar em contato com alguma espécie de fabulação”.
Excerto do texto O Direito à Literatura, de Antonio Candido.

“A literatura tem uma função humanizadora, isto é, tem a capacidade de confirmar a humanidade do homem. (...) Um certo tipo de função psicológica é talvez a primeira coisa que nos ocorre quando pensamos no papel da literatura. A produção e fruição desta se baseiam numa espécie de necessidade universal de ficção e de fantasia, que decerto é coextensiva ao homem, pois aparece invariavelmente em sua vida, como indivíduo e como grupo, ao lado da satisfação das necessidades mais elementares. (...) Ela (a literatura) não corrompe nem edifica portanto; mas trazendo livremente em si o que chamamos o bem e o que chamamos o mal, humaniza em sentido profundo, porque faz viver”.
Excerto do texto A Literatura e a Formação do Homem, de Antonio Candido.
E pra ti, leitor, o que é literatura?

Leituras Obrigatórias UFRGS 2011

Neste ano a UFRGS liberou bem cedo a lista de leituras obrigatórias para o vestibular 2011. Pois bem, vamos à leitura! Minha sugestão é começarmos pelos autores contemporâneos - e deixarmos por último o Guimarães Rosa, pois é uma leitura de maior fôlego.
Sei que os alunos ainda não terão sido apresentados a toda a historiografia literária, mas não tem problema. Se começarmos com livros contemporâneos, leremos obras que possuem uma linguagem que dialoga conosco com maior facilidade.

OBRAS:

1. Basílio da Gama - O Uraguai;
2. José de Alencar - Lucíola;
3. Poemas de Álvaro de Campos, de Fernando Pessoa
( 1. Mestre, Meu Mestre Querido!, 2. Ao Volante do Chevrolet pela Estrada de Sintra , 3. Grandes S ão os Desertos, e Tudo é Deserto, 4. Lisboa com suas Casas, 5. Todas as Cartas de Amor São, 6. Ode Triunfal, 7. Lisbon Revisited (1923), 8. Tabacaria, 9. Aniversário, 10. Poema em linha reta );
4. Machado de Assis - Memórias Póstumas de Brás Cubas;
5. Contos de Machado de Assis - O Caso da Vara, Pai contra Mãe, Capítulo dos Chapéus;
6. Eça de Queirós - O primo Basílio;
7. Manuel Bandeira - Estrela da vida inteira;
8. Cyro Martins - Porteira Fechada;
9. Guimarães Rosa - Manuelzão e Miguilim (Campo Geral e Uma estória de amor);
10. Dias Gomes - O Pagador de Promessas;
11. Rubens Fonseca - Feliz Ano Novo;
12. Cristóvão Tezza - O Filho Eterno.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

"Leitura, evento ou processo formador de leitores", de Walmor Santos

O escritor e editor Walmor Santos traz abaixo uma reflexão que pode soar até repetitiva, entretanto, temos a obrigação, como cidadãos, de exercermos nosso olhar crítico sobre eventos que, em princípio, incitam à leitura como processo transformador, mas que, em muitos casos, são apenas mais uma desculpa para promoções mercadológicas que tornam o livro apenas mais um objeto de consumo, constituindo, assim, por assim dizer, eventos; sim, eventos de fato - não "de letramento", porém eventos sociais, literalmente -, ou seja mais voltados à ideia de aglomeração e festa do que propriamente um estimulante à prática de leitura. Além disso, há sempre essa dura realidade do analfabetismo funcional no Brasil que deve ser seriamente combatida, ainda que esse discurso soe repetitivo.

*

A crise na Educação passa pela leitura. Por quê?

Inegável, concordam todos, a leitura é ferramenta auxiliar para todas as matérias por trabalhar com a leitura, a interpretação e a escrita. E afirmam Prefeitos, Secretários de Educação e professores: é fundamental ensinar a ler.

Igualmente inegáveis são os péssimos índices de avaliação da qualidade da leitura nas escolas, como também os das avaliações diversas efetuadas pelos governos federal e estaduais.

Mas outra pergunta se impõe: Quando a Educação esteve melhor? O que ocorre, então, que justifique os índices deficientes?

Os saudosistas continuam afirmando que o passado, em relação ao presente, era muito melhor. Agarram-se em axiomas que não resistem ao mínimo argumento. E justificam com exceções de leitores ou de professores daquela época... Esquecem a terrível verdade que a boa educação no passado estava nas mãos de uma minoria. Da elite, claro.

Hoje, como nunca antes, os professores dispõem de ferramentas que antes jamais tiveram. Da Informática às oportunidades de qualificação propiciada por secretarias municipais, estaduais e pelo governo federal, presenciais ou à distância.

Mas que crise, então, existe? É exatamente essa qualificação proporcionada aos envolvidos com a Educação que dá novos parâmetros.

A crise está, pois, em se querer mais qualidade e acreditar que isso é possível. Porém, um dos calcanhares de Aquiles para uma Educação ideal passa pela leitura, ainda considerada como evento por grande parte do sistema educacional.

Eventos... muitos ainda realizam feiras e encontros literários como atividade circense, de pouco resultado na formação do leitor. Gasta-se muito com shows para atrair público à feira, mas que não faz compradores de livros e menos ainda leitores. Porém, verba para adquirir livros e os distribuir para a comunidade leitora inexiste (com exceções, é claro!).

E os autores se apresentam em eventos como ETs. Já que não foram lidos ninguém tem interesse em questioná-los ou em ouvi-los.

Leitura é processo. Ler é muito mais do que uma atividade esporádica, mais do que uma atividade festiva, sazonal.

Ler deve ser processo contínuo e permanente, que não dependa da vontade de poucos e heróicos professores, ou da caneta do prefeito. Ler é processo que exige o compromisso e o envolvimento de secretarias, direções, professores, pais e alunos.

Ler, ainda que ler seja processo prazeroso de transformação social, é atividade recriativa, não recreativa; com leitura e interpretação livre, embora inspirada pelo bom professor; Leitura e recriação em outras artes, pois a falta de criatividade é característica da maioria dos alunos egressos do Ensino Médio e que não conseguem contextualizar: o leitor, o livro, a família, a sociedade e as diferentes mídias; ler é formar cidadãos críticos...

Assim venceremos a realidade: este é um país com 3 analfabetos funcionais em cada 4 adultos... Muitos saíram da escola há pouco tempo.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Modernismo Brasileiro

Quando falamos em Modernismo, na Literatura, vale lembrar que, didaticamente, fazemos uma divisão: pensamos o movimento modernista como uma marca entre o Parnasianismo e a nossa modernidade literária. Ele surge como uma proposta em oposição aos ideais estéticos do Parnasianismo, ao mesmo tempo que anuncia pressupostos da poesia de 30 e do romance de 30. Devemos, portanto, observar que o Modernismo, em si, é a concretização, ou formalização, de ideais estéticos livres, ou seja, que priorizam a forma livre e o conteúdo prosaico.

A Semana de Arte Moderna, que, na verdade, resumiu-se a três dias, dá início a esse posicionamento literário e é chamada, muitas vezes, de Primeira Fase Modernista. Após ela, com as marcas essenciais, na literatura, de Oswald de Andrade e de Mário de Andrade, chegamos à maturidade literária.

Adentramos, pois, o que alguns manuais de literatura chamam de Segunda Fase Modernisa, momento em que temos uma forte produção de prosa e de poesia, sem, no entanto, haver uma unidade temática ou estética. Há, sem dúvida, um aspecto convergente: a busca da liberdade formal.

Na poesia, portanto, temos Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles (a primeira mulher a entrar no cânone), Vinicius de Moraes, Mário Quintana, Manuel Bandeira, Murilo Mendes. No romance, o denominado Romance de 30, busca marcas da verossimilhança e, por isso, é chamado, também, de neorealismo. Os autores são diversos e não possuem uma proposta unificada. Entre eles, temos Graciliano Ramos, Raquel de Queirós, Dyonélio Machado, Erico Verissimo, Jorge Amado...

Outro aspecto que vale lembrar são os manifestos, relacionados às propostas da Semana de Arte Moderna. Eles podem ser considerados um gênero textual, no qual os artistas, tanto na Europa (Vanguardas Européias), quanto no Brasil, usaram para anunciar seus ideais estéticos. Abaixo, temos alguns excertos:

MANIFESTO DA POESIA PAU-BRASIL, de Oswald de Andrade (1924)
“A poesia existe nos fatos. Os casebres de afetação e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos (...) Ágil o teatro, filho do saltimbanco. Ágil e ilógico. Ágil o romance, nascido da invenção. Ágil a poesia. A poesia Pau-Brasil. Ágil e Cândida. Como uma criança (...) A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos (..) Uma única luta – a luta pelo caminho. Dividamos: Poesia de importação. E a poesia Pau-Brasil, de exportação (...) O trabalho contra o detalhe naturalista – pela síntese, contra a morbidez romântica – pelo equilíbrio geômetra e pelo acabamento teórico, contra a cópia, pela invenção e pela surpresa. Uma nova perspectiva”.


MANIFESTO ANTROPOFÁGICO, de Oswald de Andrade (1928)
“Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente (...) Tupi or not tup that is the question (...) Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago (...) Contra todos os importadores de consciência enlata (...) Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade. Esse homem chamava-se Galli Mathias. Comi-o (...) Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade (...) Contra a memória fonte do costume. A experiência pessoal e renovada”.


PREFÁCIO INTERESSANTÍSSIMO, de Mário de Andrade (1921)

“Leitor, está fundado o Desvairismo. Este prefácio, apesar de interessante, inútil (...) Quando sinto a impulsão lírica escrevo sem pensar tudo o que meu insconsciente me grita. Penso depois: não só para corrigir, como para justificar o que escrevi. Daí a razão deste Prefácio (...) Um pouco de teoria? Acredito que o lirismo, nascido no subconsciente, acrisolado num pensamento claro ou confuso, cria frases que são versos inteiros, sem prejuízo de mdeir tantas sílabas, com acentuação determinada (...) Minhas reivindicações? Liberdade (...) Bilac representa uma fase destrutiva da poesia; porque toda perfeição em arte significa destruição (...) O nosso primitivismo representa uma nova fase construtiva”.



O Modernismo




Rodrigo Gonçalves Beauclair
Doutorando em História Cultural pela UFRJ


“Só a antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos,de todos os coletivismos.De todas as religiões. De todos os tratados de paz.”
Oswald de Andrade

As frases acima compõem o Manifesto Antropófago publicado na Revista de Antropofagia em maio de 1928. Nestas supracitadas frases reverberam a essência de um movimento que no Brasil, iniciado com a Semana de Arte Moderna de 1922, representava uma centelha de expressão do que se chamava de Modernismo, movimento artístico-cultural que mobilizou intelectuais e artistas, tanto na Europa como na América Latina.
O contexto histórico de sua manifestação é marcado pelas transformações tecnológicas e científicas na Europa no correr das primeiras décadas do século XX. Essas mudanças impulsionadas pelo desenvolvimento do capitalismo que entra em crise, dando início à Primeira Guerra Mundial (1914-1918), encerram a belle époque. No seu lastro eclode a Segunda Guerra (1939-1945), que nos seus anos intermediários desperta o anseio de interpretar e expressar a realidade de forma diferente.
A pujança dessas transformações nas artes visuais era manifestada pelos diversos movimentos que emergiam e constituíam-se na Europa como as vanguardas- o fovismo, o expressionismo, o purismo e o construtivismo. Junto a esses surgiram três que são epítetos dessa atmosfera profícua de criatividade e originalidade estética: o futurismo, liderado pelo italiano Marinetti, exaltava a velocidade e a máquina; o cubismo, proveniente da pintura, buscava fracionar a realidade, remontando-a a seguir através de formas geométricas superpostas; o dadaísmo, liderado por Tristan Tzara, negava a lógica, a coerência e a cultura, como meio de oposição à guerra. O termo dada, que não significa nada, era aplicado à arte como afirmação do não reconhecimento de nenhuma teoria e declarava a morte da beleza; o surrealismo, lançado no ano de 1924, por André Breton, com o Manifesto do Surrealismo, pregava o apego à fantasia, ao sonho e à loucura. Utilizava também como meio de expressão, a escrita automática provocada pelo impulso do artista, que registra tudo o que lhe vem à mente, despreocupado com a lógica.
Na América Latina essa onda plural e multicromada representou uma vigorosa corrente de renovação cultural e estética. Os diferentes grupos, formados por intelectuais e artistas, muitos vindos da Europa, expressaram os conceitos e ideais do modernismo, que se constituía no conhecimento e debates das realidades nacionais através de manifestos, revistas, exposições e conferências. Entre as revistas, as mais significativas foram:
Klaxon (1922) e a Revista de Antropofagia (1928), em São Paulo; Actual e El Machete (1924), no México; Martín Fierro (1924), em Buenos Aires, e a Amauta (1926), no Peru. Esse caleidoscópio de manifestações produziu um intenso movimento de busca das raízes e representação dos elementos sociais, culturais e históricos constitutivos do material a ser empregado no desenvolvimento das manifestações estéticas de cunho nacionalista.
No Brasil o modernismo atravessou três fases distintas, caracterizadas por peculiaridades históricas e estéticas: a primeira fase (1922-1930), a segunda fase (1930-1945) e a terceira fase (pós 1945), refletindo os movimentos das conjunturas sociais, econômicas e políticas, tanto interna quanto externa.
A primeira manifestação pública dos modernistas brasileiros foi na
Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo, onde foram realizadas exposições, recitais de poesia, concertos e conferências, que abarcavam temas que evocavam Villa-Lobos, na música, Brecheret na escultura e Di Cavalcanti, Anita Malfatti e outros na pintura. O objetivo manifestado na Semana era o de se opor ao Naturalismo, Parnasianismo e Simbolismo que ainda estavam presente.
Alguns acontecimentos, anteriores a 1922, preparam a trajetória do Modernismo; fatos, especificamente, ligados à estética renovadora, se multiplicam. Em 1912,
Oswald de Andrade traz da Europa a novidade futurista; em 1913, o pintor Lasar Segall faz uma exposição negando a pintura acadêmica. Em 1917, a exposição dos quadros de Anita Malfatti, em São Paulo, destacando a pintura expressionista, assimilada na Europa coloca, de um lado, os que apóiam o novo e, de outro, os conservadores.
No ano de realização da Semana de Arte Moderna é fundada a
Revista Klaxon, uma revista mensal de arte moderna, de perfil futurista e anunciadora de uma arte de caráter internacional e inspirada na industrialização. Posteriormente, é lançado o Manifesto da Poesia Pau-Brasil, de Oswald de Andrade, que usando a expressão “a selva e a escola”, abordava de maneira nova o Brasil a partir de sua cultura mulata e sua atmosfera tropical. Esses elementos evidenciavam o contraste existente com a indústria moderna. A consideração desses elementos culturais e estéticos representava uma mudança de consciência dos poetas e artistas ricos e bem-educados, itinerantes na atmosfera européia e nos seus modos e padrões. Contudo, essa consciência se alarga em 1928 com o Manifesto Antropófago, também de Oswald de Andrade, que nos convidava a devorar nosso colonizador, guardando em seu cerne as contradições do brasileiro: moderno∕primitivo, indústria∕indolência, centralismo∕regionalismo, etc.. É importante destacar o papel de Tarsila de Amaral na pintura neste momento, ilustrando no manifesto supracitado a figura do Abaporu, ícone de sua busca pela expressão das realidades que estavam contidas no que se estavam repensando como Brasil.
A segunda fase do movimento modernista no Brasil, estritamente ligado ao desenvolvimento da geração de 1922, apresenta com evidência o regionalismo, expressado fortemente por meio da poesia e da prosa, mas não desconectado com a conturbada conjuntura internacional. São representantes dessa fase:
Mário de Andrade, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes, entre outros, na poesia; e José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e Érico Veríssimo, na prosa.
Nos anos posteriores a 1945, no cenário cultural e artístico do Brasil, começa um contra-movimento aos ideais do modernismo disseminados pela geração de 1922, tanto na poesia quanto na prosa.
Na poesia, o concretismo, a poesia-práxis, o poema-processo, o poema-social, a poesia marginal e os músicos-poeta pregam o fim dos elementos da poesia tradicional, o verso e a rima, buscando a exploração dom espaço em branco com a decomposição e relação das palavras. Destacam-se nesse grupo
João Cabral de Melo Neto e Cassiano Ricardo. Na prosa, prioriza-se o realismo fantástico e o romance de reportagem, discutindo os conflitos entre o homem e a modernidade. No grupo, destaca-se Clarice Lispector, Guimarães Rosa, como também Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Rubem Braga, entre outros.
O modernismo, como um movimento de longa duração de discussão, crítica e renovação cultural e artística, delineou e difundiu realidades brasileiras e seus personagens dispostos na imensa área geográfica que se denomina Brasil, não significando somente um projeto modernizador, mas construtor de uma possível identidade nacional brasileira.

Revisão!

Nosso ensino regular de literatura, principalmente no Ensino Médio, prioriza a historiografia. Para aqueles que lecionam em escolas ou em cursinhos, isso não é novidade - tampouco para os alunos, muitos dos quais, talvez, não saibam exatamente o significado de historiografia, mas sabem que foram "convidados" a ler Os Lusíadas e O Guarani.
Não sou contra esse sistema de ensino, pois sei que a noção cronológica é essencial. Entretanto, se nosso objetivo como professores é a formação de leitores, a famosa historiografia pode ser um problema. Quase intuitivamente, sabemos que no Ensino Fundamental, principalmente até a quinta série, a leitura tem um tom positivo - ir à biblioteca e assistir à contação de histórias é uma festa. Crescemos, chegamos ao intervalo entre a infância e a adolescência: sétima e oitava séries. Nesse momento, desfilam as adaptações e algumas obras autorais. Fato: nem sempre essa vivência é traumática.
No Ensino Médio, no entanto, o horzionte-de-expectativa-vestibular anuncia seus contornos e os períodos literários desfilam. Sei que no primeiro ano do Ensino Médio há um trabalho de maior fôlego com os gêneros. Infelizmente, ele não é suficiente para demonstrar aos alunos que literatura não é sinônimo de José de Alencar.
Sem dúvida, Alencarzinho e suas personagens são importantíssimos para pensarmos a contrução da nossa literatura. Essa reflexão é explícita para mim, aluna de LETRAS, e não para um aluno do Ensino Médio. Para os jovens que vão diariamente para a sala de aula colar os trasieros em cadeiras, a literatura deve, acredito, surgir como sinônimo de autores contemporâneos.
Há uma grande discussão transapassando essas palavras: letramento e letramento literário. Primeiramente, capacitar o estudante a ler e a escrever para, com isso (como diria o Professor Garcez) fazer a vida. O letramento literário (teoria para ser lida nestas férias!) indica que devemos ter a mesma preocupação com a leitura da literatura. Ler o jornal diariamente é diferente de ler um romance e um conjunto de poesias. Inevitavelmente, o processo de produção de sentidos será outro.
A escola, ambiente problemático, deve, nas disciplinas de português e de literatura, proporcionar essas vivências de leitura para que, posteriormente, o aluno decida se quer ser um leitor lietarário ou não.
Hoje, enquanto ministrava uma aula de redação, dicutíamos um texto maravilhoso, "Ladrões de Livros", de Ruy Tapioca, que trabalham, justamente, a presença, ou melhor, a ausência, da leitura no Brasil. Um dos meus alunos afirmou algo parecido com isto: o estudante deve ter a capacidade de leitura desenvolvidada para que, futuramente, ele possa refutar o objeto artístico literatura do mesmo modo que ele diria não a um filme ou a uma mostra de arte contemporânea.
A ideia é genial. Façamos o esforço para formar leitores, mas não venhamos a condenar aqueles que optam pela tv.
Toda essa conversa, talvez chata, para dizer que aqui está um arquivo historiográfico de revisão - do Parnasianimo ao Modernismo.


Para aqueles que ficaram curiosos, o texto do Ruy Tapioca, retirado do Jornal Rascunho:
LADRÕES DE LIVROS

A discussão, intelectualizada, rolava animada na mesa de bar, sobre tema controverso - Por que os brasileiros leem tão pouco? - quando o aparelho de TV, preso à parede, anunciara: "Está chegando a hora de você espiar! Você vai poder novamente espiar!", convocava o âncora do reality show de maior audiência da televisão brasileira, do Pico da Neblina à Lagoa dos Patos.
Um dos frequentadores da mesa aproveitara a deixa da chamada da TV: "Eis aí um dos ladrões de livros no Brasil: esse pastiche orwelliano, campeão de audiência da mídia eletrônica tupiniquim, nada mais é que um simulacro do mais abjeto e pretenso neonaturalismo! Por que essa excrescência faz tanto sucesso aqui enquanto a literatura é um permanente e retumbante fracasso?", escarnecera vibrando um gesto grosseiro para a TV.
O programa televisivo exibia a intimidade de um grupo de participantes anônimos, confinados numa casa-estúdio, convidados a disputar gordo prêmio em dinheiro, com a única obrigação de trocarem livremente entre si, com cínica espontaneidade, toda sorte de abobrinhas, futilidades, neuras, delações, fuxicos, intrigas pessoais e vazios de espírito, além de filosofias existenciais - de profundidade equivalente à de um lago onde formiguinhas atravessariam com água pelas canelas, como escreveria o saudoso Nelson Rodrigues.
As câmaras de TV do programa - com serventia de buracos de fechadura eletrônicos - estimulavam o acampanar indiscreto dos telespectadores.
"Qual o valor cultural que um lixo como esse agrega?", insistira o crítico do programa.
O antropólogo da hora, sentado ao lado, antecipara-se na resposta: "O programa é um campeonato de perde-ganha, espécie de torneio mata-mata: visa a eliminar o concorrente e salvar a própria pele, por meio da votação dos telespectadores. Trata-se de torneio lúdico onde os participantes geralmente exibem indigência cultural e demonstram espontânea mediocridade, perfis e ingredientes que o cidadão médio brasileiro se compraz em observar e julgar".
O crítico do programa insistira: "Por que o brasileiro prefere esse tipo de lazer à leitura de um livro?"
O sociólogo de bar, do outro lado da mesa, interviera: "Simples: somos, em tese, um povo mais atraído por imagens que pela escrita, mais seduzido pelo barulho que pelo silêncio, mais devotado à galhofa que à sensatez, mais inclinado ao impulso que à reflexão. Nesse quadro, não há lugar para a literatura", arrematara.
O sociólogo de momento refutara: "Generalizações exageradas, ponderáveis como insights, mas desprovidas de constatação científica: o problema do baixo índice de leitura no Brasil, e da desconsideração do livro como instrumento de lazer, tem origem multidisciplinar!"
"Explique-se!", exigira o jurista do grupo.
"Existem fatores históricos, econômicos, sociais, culturais, mercadológicos, e até climatológicos, para justificá-los. Os colonizadores do país só permitiram a criação da primeira escola no Brasil, última nação sul-americana a criar estabelecimentos de ensino e bibliotecas públicas, após 300 anos de seu descobrimento, mesmo assim porque aqui aportou a família real, escorraçada pelas tropas de Napoleão, a quem os brasileiros deveriam erigir uma estátua, pelo providencial e humilhante passa-fora infligido à corte portuguesa! Por essa razão histórica, livro e literatura sempre tiveram por aqui ressaibo de coisa proibida, inacessível, inconveniente..."
O economista de plantão interviera: "Prefiro a explicação econômica: livro no Brasil é caro, o povo tem poder aquisitivo reduzido, existem dezenas de milhões de analfabetos broncos e funcionais no país, gente para quem a leitura desperta a mesma excitação que a experimentada por um eunuco quando assiste ao rebolado de uma odalisca", motejou.
"Razões climatológicas?", indagara o jurista, curioso.
"Sim, é razoável ponderar que os calores que aqui fazem não convidam à leitura, como acontece nos países de climas frios. Somos mais afeitos à prática de lazer ao ar livre, passeios em shoppings refrigerados, bate-papos em choperias, estádios, praias, piscinas e quejandos".
O economista recalcitrara: "Somos um país esquizofrênico: temos mais editoras que livrarias, mais editoras que bibliotecas! Não há nada que o brasileiro ache mais enfadonho que uma biblioteca: alega que lá não se pode conversar, tem que se suportar um incômodo silêncio, não se permite atender celular! Batucar nas mesas, nem pensar!"
O jurista resolvera meter a colher na discussão: "De fato, leitura exige isolamento, ausência de barulho, não se pode ter conversa em volta. Impossível manter a concentração na leitura comendo um pedaço de pizza ou assistindo TV. Espertamente, os donos de cinemas no Brasil, para se ajustar aos hábitos da população, adaptaram as poltronas das salas de exibição para funcionarem como mesinhas de lanchonete: durante a exibição do filme os espectadores consomem baldes de pipocas, a produzirem antropofágicos ruídos! Avisos nas telas pedem, debalde, que os espectadores desliguem seus celulares, sem êxito: durante a projeção ouve-se toda sorte de musiquetas de chamadas de celulares: La traviata, Mamãe eu quero, Hino do Flamengo, Tô nem aí, Levantou poeira, e quejandos. Já ouvi chamada de celular que imita o som da descarga de uma privada! Somos um país de pândegos, como pode haver lugar para literatura?".
O pedagogo da hora, até então em silêncio, resolvera intervir: "A falha está na escola, no sistema de ensino adotado: exige-se dos alunos leitura obrigatória de romances nacionais. São compelidos a ler Machado, Macedo, Raul Pompéia, José de Alencar. Resultado: tomam ojeriza pelo livro, não há quem não se revolte com tamanha tortura pedagógica: a literatura deve despertar prazer, não pode ser imposta como obrigação".
O crítico do reality show insistira: "Mas por que então o brasileiro gosta tanto de novela de TV? Aquilo também não é literatura?".
O antropólogo de roda de chope antecipara-se: "Novela de TV não dá trabalho para ser compreendida: a trama já vem prontinha, suavemente explicada com som e imagem, sem necessidade de leitura de legendas. Já vem dividida em suaves e preguiçosos capítulos diários, entremeados por intervalos comerciais de xampus, cervejas, eletrodomésticos e planos de saúde, que têm o condão de distrair despertando interesse de consumo. A novela de TV tem outras vantagens em relação ao livro: você pode assisti-la enroscado numa companhia. Se o capítulo estiver muito chato, pode dispensá-lo para fazer outra coisa, sem prejuízo do enredo, que é formado por tantas histórias paralelas que a eventual perda de um ou dois capítulos não representa problema, diferentemente de um romance: se você não entendeu, é obrigado a voltar, reler, isso dá trabalho...".
O jurista aduzira outra vantagem para as novelas televisivas: "O telespectador sabe que pode interferir no curso de uma novela, no destino dos personagens, porque o autor a escreve ao sabor das pesquisas de audiência: se o personagem não agradou, providencia sem embaraço a morte do infeliz; se a empregada doméstica está com dificuldades para conquistar o patrão rico, faz-se um pirlimpimpim tupiniquim, e pronto: o homem apaixona-se, sem detença, pela sedutora serviçal. Nas novelas de TV brasileiras tudo é permitido, nada é impossível: rico se apaixona por pobre, desemprego não existe, negro não sofre preconceito racial, mãe sempre encontra filho desaparecido, a justiça é ágil, a polícia é eficiente, o político é honesto, adolescente se apaixona por coroa, tem até argentino que sofre de complexo de inferioridade! Já com a literatura não se pode interferir na história: para ser compreendida, precisa ser lida, em recolhido silêncio, exigindo constantes reflexões para construção do imaginário".
Um dos participantes do grupo atacara de Sêneca, com ar de enfado e pedante latinório: "Otium sine litteris mors est et vivi hominis sepultura: o lazer sem as belas-letras é como a morte e a sepultura do homem vivo. As áreas mais nobres do cérebro humano só se expandem com a leitura: não há hipótese de alguém adquirir conhecimentos fundamentais, ou sólida formação educacional, sem interesse por literatura. Sêneca tinha razão: um homem que não lê é uma espécie de aleijão social, meio-cidadão, um deficiente cerebral".
O gozador do grupo olhara o relógio e disparara: "São horas, vamos pedir a conta. Razão tinha Bacon quando escreveu que os amigos são ladrões do tempo: roubam o tempo da gente! Poderíamos estar todos agora a desfrutar da leitura de um bom livro, em vez de ficar aqui destilando filosofias de botequim. Garçom! A saideira!".

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

TEATRO: A SERPERTE, de Nelson Rodrigues

O universo de Nelson Rodrigues está bem representado pelos atores, que estabelecem um clima tenso, utilizando voz e corpo, pouca luz e pouca música. A sexualidade exacerbada e a dúvida “afinal, quem é o desajustado” são o mote da peça.

Nesta montagem de ato único, Nelson apresenta duas irmãs e um homem – um triângulo sexual – e não amoroso! – suscitado graças à bondade de uma mulher e sua atitude diante da irmã – Guida e Lígia, respectivamente. O final, como sempre, é arrebatador e violento, é claro.

Pessoal, fica o convite:

Cia. Teatrofídico e a montagem A Serpente, de Nelson Rodrigues (última peça do autor, na década de 70).

Direção: Eduardo Kraemer
Elenco: Renato Del Campão, Rejane Meneghetti, Ágata Baú e Maiqul Klein.


ONDE? Sala 302 da Usina do Gasômetro (Av. João Goulart, 551).
QUNADO: sábado, 21 de novembro.
QUANTO: R$5,00 para estudantes.

Para aqueles que forem, nos vemos lá, 19:30!



http://teatropoa.blogspot.com/

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Dissertação: uma introdução.

O texto é meio de exprressão. É por meio dele que o sujeito organiza o seu discuro. É por meio da leitura que o leitor cria significados, os quais são, acredito, uma negociação entre a tríade (como o sistema literário autor/obra/público) escritor/texto/leitor.
Sabemos que no vestibular somos convidados a elaborar um texto, de caráter dissertativo, para demonstrarmos nossa capacidade expressiva por meio das palavras. Sendo assim, os materias aqui disponibilizados tentam auxiliar o criador de um texto - principalmente, o argumentativo/dissertativo.
Os trabalhos apresentados, portanto, objetivam, essencialmente, a leitura e a discussão de ideias.

Boa leitura!

Autores Conteporâneos

Sem dúvida, essa nomenclatura, autores contemporâneos, é muito abrangente, mas, acredito, é o suficiente para nos referirmos à produção literário no Brasil após a década de 30. É claro que, aqui, selecionei poucos autores, os mais clássicos-canônicos.

Essa "classificação", no entanto, indica uma característica literária: a partir de agora, colocar os autores e suas propostas estéticas em "caixinhas" é muito difícil! O mais importante é ler as obras. Os velhos quadros de características, adorados pelos livros didáticos, passam a ser, em certa mediada, inúteis.

Portanto, a partir dessas pequenas explanações teóricas, fica o convite: ler a obra, ao menos um conto, ao menos uma crônica, ao menos uma poesia e, quem sabe, um romance ou um teatro!

Aqui, então, fica o sobre o que chamamos de LITERATURA DE TOM REGIONAL - João Guimarães Rosa, João Ubaldo Ribeiro - e LITERATURA DE TOM URBANO, Clarice Lispector, Lya Luft e Lygia Fagundes Telles.


LEITURA OBRIGATÓRIA - UFRGS 2010
Antes do Baile Verde, de Lygia Fagundes Telles

Abaixo, segue uma ilustração de Gus Morais - ilustrador que encontrei na internet. A imagem refere-se ao conto que dá título ao livro.



Romance de 30

Neste período historiográfico denominado Romande de 30 temos diversos autores reunidos. De fato, não houve uma proposta estética unificada, ou seja, os autores não se organizam em grupos, como na Arcádia ou na Semana de Arte Moderna de 1922. Sendo, as características que organizamos como referentes a esse momento são observações posteriores à produção dos livros.
Ainda assim, podemos perceber pontos de convergência entre os autores: a observação da realidade brasileira, a observação do regional, principalmente do sertão nordestino.
MOMENTO HISTÓRICO: mundialmente, vivia-se uma crise. As projeções da década de 20, que anunciavam o progresso, foram retalhadas pela Primeira Guerra Mundial. Em seguida, veio, em 1929, a quebra da Bolsa de Nova Iorque e o fortalecimento dos ideais totalitários de governo (Nazi-fascismo). No Brasil, por sua vez, exprerenciávamos o declínio da República Velha (República “café-com-leite”, 1989-1930). Passamos pelo Movimento Tenentista (1922) e pela Coluna Prestes (1928) até a Revolução de 30, quando o acerto das eleições entre São Paulo e Minas Gerais foi quebrado, causando confusão política. O desfecho foi uma revolução da elite: Washington Luís foi deposto, Júlio Prestes, que havia ganho as eleições, teve a posse impedida, para, em seguida, Getúlio Vargas assumir a presidência. Trata-se, pois, de um momento de efervescência política. A literatura, manifestação cultural, não desvencilhou-se desse momento. Pelo contrário: observou-o! Os artistas sentiram-se convidados a criar obras que, de alguma forma, estivessem referenciadas na realidade.

PROPOSTA ESTÉTICA: os artistas intimados e interessados pela realidade, buscaram, mais uma vez, a verossimilhança como suporte para suas criações. Como esse era um traço do Realismo-Naturalismo, diz-se que o Romance de 30 é neorealista, pois cria romances, essencialmente, verossímeis. Seguindo a proposta de Euclides da Cunha, o regionalismo vigorará nas obras. Os autores brasileiros observarão diferentes ambientes nacionais, principalmente o universo rural, agrário, para sua criação estética. Diferentemente de José de Alencar regionalista, ou de Euclides da Cunha jornalista, o regionalismo da década de 30 trará tipos sociais, mas avançará na descoberta psicológica dessas personagens. A ênfase estará, sem dúvida, na denúncia social, na observação das mazelas do País – a proposta ideológica acima da proposta estética.
A produção será em prosa: os romances. A maior parte deles fugirá ao experimentalismo proposto por Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Teremos enredos lineares, que permitam o diálogo com o leitor, ou seja, a livre fruição da obra. Há, sem dúvida, uma unidade de proposta estética. Entretanto, os muitos autores desse período elaborarão diferentes estilos e observarão, inclusive, a região urbana.

Consciência Sociológica: teremos a publicação de obras que pretendem compreender o País. São elas: Casa-grande e Senzala, de Gilberto Freyre (1933); Evolução Política do Brasil, de Caio Prado Júnior (1933); Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda (1936). Essas produções demonstram que os nossos intelectuais estavam, de fato, a observar a realidade brasileira.

LEITURAS OBRIGATÓRIAS - UFRGS 2010
Fogo Morto, de José Lins do Rego
Porteira Fechada, de Cyro Martins

O site Domínio Público disponibiliza alguns arquivos bem interessantes. Principalmente a categoria vídeos de literatura. Lá há uma séria "Mestres da Literatura Brasileira" - pequenos documentários sobre os autores. Acesse o vídeo sobre
José Lins do Rego.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

João Cabral de Melo Neto

Os manuais de Literatura anunciam João Cabral de Melo Neto como um poeta da Geração de 45. Sem muitas definições historiográficas, o que nos interessa, aqui, é a observação da sua estética: por vezes antilírica, como alguns críticos o chamam; por vezes com tom de observação social - O Cão Sem Plumas e Morte e Vida Severina.

A imagem da pedra, dizem, é perfeita para entendermos Cabral: tudo que precisamos para mergulhar em sua poesia está ali, diante dos nossos olhos, facilmente apreensível, observável, tão concreto como uma pedra. De fato, suas comparações são claríssimas, principalmente nos poemas que tencionam o rio Capibaribe.

Alguns arquivos: apresentação sobre João Cabral de Melo Neto.

Promessa Antiga!

Sem dúvida, eu gostaria de escrever muito mais do que escrevo. No entanto, sempre falta tempo! - Quando eu crescer, espero aprender a me organizar.
Pois bem, o Devaneio tem ficado um pouco quietinho, mas, agora, pretendo usá-lo com mais frequência para disponibilizar alguns materiais - serão pequenos resumos referente às aulas de Literatura e de Redação que ministro. Muitos dos arquivos não irão com as devidas referências e, desde já, digo que não estou roubando a "fala" dos críticos, mas, de fato, o material é da ordem da simplicidade e da praticidade - nada de ensaios acadêmicos.
Espero que o "pequenino" material seja útil.